domingo, agosto 31, 2008

PARIS-B(R)EST-PARIS 2011


Tirado daqui

O que é Audax?
As principais provas mundiais de ciclismo realizadas são: Campeonato mundial de ciclismo, Tour de France, Giro D’Italia, Volta da Espanha, Paris-Roubaix, Milan-San Remo. Essas provas consistem, em sua maioria, de competições de velocidade.
As provas de Audax são disputas de altíssima resistência e orientação em estradas, geralmente pavimentadas, destinadas também para praticante iniciante e ciclista de final de semana, não necessitando ser um atleta com bom desempenho. Este fato justifica a participação de muitos ciclistas. As provas Audax exigem disciplina e superação dos limites.
Não é uma competição, embora possa acontecer uma disputa sadia entre os participantes: o maior desafio é superar os próprios limites, pedalando cada vez mais longe. Por não ser competição, possibilita ao participante pedalar longa distância, com um mínimo de segurança, em companhia de amigos e conhecendo novas pessoas.Pedalar longa distância representa a necessidade de enfrentar calor, frio, sono, vento contra, longos declives, aclives e estradas sem curvas, escuridão da noite, solidão (algumas vezes) e outras dificuldades e perigos das estradas brasileiras. Também representa ter autonomia, preparo psicológico, conhecimentos e vontade de superar desafios. Exige reservar um tempo na vida para realizá-la, pedalar como se vivesse desde sempre sobre uma bicicleta ou como se fosse a única coisa a ser realizada para sempre. De certa forma, é esquecer o mundo real e brutal do cotidiano, reduzindo o stress e tentando superar tudo por um objetivo, sobre uma bicicleta.
São poucas as restrições para participar desta modalidade. Esse fato, aliado às possibilidades de participação de ciclistas de diversas idades e com os mais variados modelos de veículos (a pedal), favorecem a participação de novatos, pessoas de todas as idades, casais, e outros que pouco praticam esse ou outro esporte.
Todo tipo de veículo propulsionado unicamente pela musculatura humana (HPV) é permitido: reclinadas, tandems, triciclos, mountain bikes, Down Hill, speeds, tourings, patins, patinetes ou bicicletas Audax (uma espécie de touring de cromo muito leve, com pára-lamas e dínamo, muito usada nos Audax francês e inglês). Não há restrições quanto a tamanho das mesmas ou dos pneus e aros.
Todo participante deve assinar um Termo de Responsabilidade, onde consta que respeitará as leis de trânsito e a Natureza, informará a Organização de qualquer perigo e usará equipamentos de segurança. Além disso, todo participante poderá apresentar atestado médico, informando que está em plenas condições físicas para participar da prova.
O equipamento obrigatório é levado muito a sério, por questões de segurança e pelo fato de se pedalar muito durante a noite, em alguns Audax. São necessários colete refletivo, capacete, luz traseira e luz frontal (com possíveis pilha, ou baterias extras). Não é permitido nenhum tipo de apoio móvel. Somente nos Postos de Controle (PC’s) o participante pode receber ajuda externa. Tais Postos de Controle estão localizados, geralmente, a cada 50 km, onde o ciclista é obrigado a parar, para carimbar o Passaporte que possui em mãos. (é como um rally paper).
A maioria dos participantes carrega uma certa bagagem: luvas, capa de chuva, casaco, câmeras reservas (no mínimo, duas), ferramentas, pilhas, kit farmácia, fitas anti-furos (como a “Mr. Tuffy”, por exemplo), bomba de ar, kit conserto, roupa adequada para ciclismo (de preferência, com cores claras), caramanholas (“squeezes”), alimentos energéticos, como barras de cereais, salgados (castanhas, nozes, amendoins, etc.), doces (“mariolas”, “Power Bar”, etc.), líquidos repositores isotônicos, ou mesmo água, já que o Audax é realizado em qualquer condição climática.
Para o apoio logístico e fiscalização no trajeto, há as concessionárias ao longo do trajeto, também com a autorização e presença essencial das Polícias Rodoviárias Estadual e Federal.


Brevets
Em cada etapa são distribuídas medalhas e um Certificado de Participação para os que completarem o tempo máximo exigido. Além disso, todos os atletas que completarem a prova recebem um “brevet”, que habilita o atleta a participar na etapa seguinte. As competições são organizadas da seguinte maneira: para o brevet de 200km, não há requisito prévio. Ele habilita à participação no brevet de 300km. Assim, conquista-se a participação na etapa de 400 km, chegando ao ponto final da série: 600 km. Depois disto tem 1.200 km, praticado fora do Brasil. Os brevets têm um tempo máximo para serem completados, da seguinte maneira:

DISTÂNCIA KM TEMPO MÁXIMO
200km 13h30min
300km 20 h
400km 27 h
600km 40 h
1.200km 90 h

Um pré-requisito para concluir a prova é a observância do tempo limite para chegada. Para tanto, é importante manter um bom ritmo de pedalada, saber dosar e economizar energia, alimentar-se corretamente, além de treinar, para manter o preparo físico. Quanto maior o percurso do Audax, maior a necessidade de planejamento e de bons equipamentos, como a bicicleta, os acessórios e o vestuário.Para a série de 2008, há 32 provas marcadas em várias cidades do Brasil.Praticamente todo ano há brevet de 1.200 km em alguma parte do mundo, sempre organizado pelo ACP (Audax Club Parisien). No entanto, a cada quatro anos, na França, é realizada a competição Audax PBP (Paris-Brest-Paris), o mais famoso dos brevets. Com 1.225 km de extensão, essa prova é "Copa do Mundo" dos ciclistas de longa distância e chega a reunir 4 mil ciclistas.Por todas essas características, o Audax não é prova para criança. Comprovação disso é a média de idade dos participantes nas provas. No PBP de 2003, por exemplo, a média de idade foi de 44 anos.

sábado, agosto 30, 2008

231 KAPAS

( Da Ponte Marechal Carmona em VFXira)

30.08.2008. Lisboa, Xira, Porto Alto, N118 até Chamusca, Ponte, Golegã, Pombalinho, Alcanhões, Santarém, Cartaxo, Azambuja, Carregado, Xira, Lisboa. 231 Km em 9:32 Horas, 24,24 média, 1938 pendente acumulado. Nos últimos dez Km parei em todos os semáforos que encontrei. Até nos que estavam verdes, certo de que mais tarde ou mais cedo o vermelho surgiria. Aos 200 Km o tempo líquido era de 8:06 Horas e o total, para "efeitos de controlo", era de 9:07 Horas. Média de 24,78 Km/hora. O primeiro brevet particular a caminho do PBP 2011 foi atingido.


Em homenagem ao Pedro Alves e ao Simões. E à Filó.

CICLO QUIZ

Pergunta: E como se consegue que um ciclista respeite os semáforos vermelhos ?
Resposta: Põe-se o gajo a fazer mais de 200 Km. A partir do Km 150 existe a elevada probabilidade de ele parar em todos os semáforos que encontre. Porventura até nos verdes.

quinta-feira, agosto 28, 2008

PENHAS DA SAÚDE


Nunca fizera a subida por esta vertente da montanha. E confesso que estava assustado pelo que vira de carro. Dia 11.08.2008, chegado no comboio das 11.30 Horas, procurei a residencial, suei até ela, instalei-me, comi duas tostas mistas e fui reconhecer o terreno. Parti do largo da Camara Municipal, com Pero da Covilhã a dominar o ambiente. Dentro da cidade existem inclinações que nada devem às da Serra. O coração ainda não estava em velocidade de cruzeiro, o calor era muito e os primeiros 1000 metros levaram-me a considerar o adiamento da aventura para o dia seguinte, mais pela fresca. Mas o primeiro Km é o preço que se paga pela adaptação à subida. Até ao Km 2,5 não dá para respirar com leveza. Concentrado no ritmo cardíaco, respirava tudo para me manter abaixo dos 150 ppm. De repente surge um plano de 200 metros. Dá para normalizar a respiração, para trincar qualquer coisa e para beber sem a sensação de estar a engasgar. O ritmo cardíaco baixa para 130 ppm. E a partir daqui é que a verdadeira subida acontece. Seguem-se uns "esses" muito duros até um restaurante pintado de vermelho escuro - Km 5 - e continuam as rampas brutais pelo Sanatório até uma curva à direita ao Km 6,9 onde surge, como um oásis num deserto, um falso plano de 500 metros. Ao longe já se vislumbram as Penhas da Saúde, mas há que preencher um contraforte com mais de 3 Km. O pulso baixa para os 120 e depois para os 110 e sabe bem sentir que o coração corresponde, que se adapta à estrada. Mas neste vale-planalto, antes de se subir a encosta que conduz às Penhas, a temperatura baixa repentinamente. É que, antes, a estrada estava protegida do vento pela sua própria inclinação. Mas este planalto é desabrigado. E parei para vestir o colete. Passei a placa dos 1300 metros de altitude e cada vez sentia mais frio. Nas Penhas o vento frio fazia-se sentir. Vesti as perneiras e o impermeável. Hesitei se deveria continuar até à Nave, mas umas nuvens que se aproximavam engolindo o horizonte visual deram-me a desculpa de que precisava para voltar para trás. Desci com cuidado, nunca deixando embalar acima dos 40 Km/hora. De repente dei por mim a pensar "e se o sacana do cabo do travão se parte...". Enfim, cheguei a Covilhã outra vez com muito calor e apenas com 10,5 Km de subida completados. Mas o objectivo principal - reconhecer a subida - tinha sido alcançado. Mentalmente, estabeleci duas etapas: até ao miradouro do restaurante encarnado ao Km 5 - que tinha uma bica de água potável - e daí para a frente sem necessidade de parar, pois contava com o alívio ao Km 6,9. E das Penhas para cima logo se via. Aliás, tinham-me dito que essa parte não era tão dura. Achei que fazer uma paragem no meio das rampas mais difíceis seria uma atitude inteligente. Até para fazer o reset cardíaco. Não me enganei, como comprovei dois dias mais tarde.

quarta-feira, agosto 27, 2008

ELIMINADOS DA LIGA DOS CAMPEÕES

Quem escolhe jogar rasteirinho, com oportunismo, agredindo quem nenhum mal lhes fez e quem os tratava como amigos preferenciais, não pode aspirar à solidariedade daqueles que pretenderam lixar em traição alarve e descarada. Agora, que não vão nunca mais beneficiar de empréstimos de jogadores, nem para a taça UEFA se vão qualificar. É a vida. Cada qual escolhe o seu caminho e as suas companhias.
Mas como parece que as arbitragens os prejudicaram, ainda podem ir até ao Tribunal Arbitral do Desporto. Já sabem o caminho e pelos vistos, têm-se dado bem.

terça-feira, agosto 26, 2008

PORTAS DO RODÃO

Rio Tejo.

TATOO

Um joelhito alternativo adormecido a caminho do Boom Festival.

SENHORA DONA KIKA

Quando cheguei a Divor já se falava dos "farinheiras" e das "conservas". "Conservas" para aqui, "conservas" para ali. Era um frenesim de "conservas" e de invejas e de desejos declarados. E as "conservas" eram boas. E eu já não percebia que conservas é que se almejavam degustar. Enfim, uma confusão de conservas e de confessados desejos em que, prudentemente, não me meti. Reparei que o Joaquim Miguel, cavalheiro, também não se descosia. Só no último dia percebi, afinal, que a Senhora Dona Kika era uma simpática Senhora que, na qualidade de patrocinadora, tinha oferecido aos aventureiros do "Passeio das Barragens" umas conservas e que, por inerência, me cabia uma caixa de meia-dúzia de latas, ao contrário de outros que, por não participarem no Passeio, obviamente que a elas não tinham direito, apesar de tanto por elas berrarem. Não obstante tanta gentileza, só trouxe comigo a latinha de spice tuna da foto, já que o conjunto de seis seria prejudicial à desejável ligeireza da viagem de bicicleta até Lisboa. Agradeço a gentileza e espero poder expressá-lo pessoalmente em condições mais serenas e menos especulativas.

HOTEL DE MOURA


Escadaria principal. Traça mourisca. Viagem no tempo. Compensa pela surpresa da arquitectura do edifício os quartos ao estilo dos anos 70. Mereceu os 35 € da pernoita. Até porque a recepcionista enchia o olho - contou-me o Napoleão, que eu nem dei por isso. Por falar em encher o olho, aquela senhora da pastelaria....moura encantada, hein, Napoleão ? Não fosse eu e o Joaquim Miguel a arrastar-te à força e ainda lá estarias a tomar bicas, uma atrás das outras, como um condenado à morte. E a moura, descarada, a ensaboar-se no nosso olhar húmido e guloso...
(Nota: como se percebe, o Napoleão funciona como alter-ego do autor na composição literária das cenas. É que ele nem olhava para elas. Está completamente inocente desse pecado de gula.)

PASTEL DE FEIJOCA

Em Manteigas provei os Pastéis de Feijoca (em amaricano, binóca pástels). Comi um e levei 3 comigo. Consumidos, sucessivamente ao Km 5 do Vale Glaciar, na ferradura de Cântaros e no primeiro Miradouro entre a Nave de Santo António e o tunel de pedra, locais onde parei para comer e fotografar a paisagem. No meu ciclismo em solitário não uso muito as barras energéticas. Eu cá é mais material regional e biológico...(Por falar nisso, está na hora de descer ao Pereira e ver que material biológico tem ele hoje para o almocito.)

VELOLUSO


Veloluso é um blogue - linkado ali ao lado - da autoria de um profissional da Comunicação Social, José Manuel Madeira, que muito aprecio e cujos vastos conhecimentos de ciclismo o distinguem do comum do jornalismo português.
Por curiosidade, é natural de Serpa que foi o destino de uma das minhas mais arrojadas, até ao momento, viagens cicloturísticas.
Porque a "minha" blogosfera tende a misturar os meus afectos, o ciclismo que pratico e as paisagens que visito, nada melhor do que uma fotografia por mim tirada ao Aqueduto após chegar a Serpa à força do meu pedaleio como mero pretexto para salientar a importância daquele blogue no ciclismo português.

FERRADURA DE CANTAROS

A linha que se vê na vertente da serra é a estrada que já subira desde Manteigas. A inclinação pelo vale glaciar não é tão acentuada como a dos restantes acessos ao topo. Mas os 11 Km feitos em mais de uma hora e ver sempre ao longe a estrada que ainda falta percorrer obrigam a grande esforço psicológico. Curiosamente, a parte restante da subida, cerca de 3 Km, até à Nave de Stº António, apesar de mais inclinada, foi percorrida com maior facilidade. Vá lá a gente entender estas coisas da mente.

OBSTETRA


Andar a pedalar pelo Alentejo com um obstetra de profissão é uma experiência desconcertante. Em especial quando ele teve intervenção directa em cerca dum terço dos nascimentos na região nos últimos 30 anos. O Napoleão é minha testemunha.
Chegamos à tasca de uma aldeia recôndita ou ao restaurante movimentado da cidade e elas saltam de alegria quando o vêem. Novas, semi-novas e velhas. E exclamam frenéticas "Por aqui, senhor Dr.?", "Então a dar a sua voltinha de bicicleta ?", "Tenho que o visitar, há muito tempo que não vou à consulta". E todas dão pulinhos e saltinhos de alegria, e dão-lhe beijinhos em bicos de pés - que o Sr. Dr. é alto e bonito que nem um estrangeiro, nem parece alentejano. E coram. E esfregam as mãos nervosas. E olham para mim e para o Napoleão desconfiadas por cima do ombro com aquele ar "Que é que estão para aí a olhar ? Também queriam ? Vocês nem enfermeiros são..."

MOMENTO ZEN

À vez, cada um de nós teve o seu momento de isolamento. Clicando na imagem dá para vislumbrar o Napoleão lá à frente, absorto na sua solidão. O Alentejo convida a estes estados de alma. Em especial ao fim da tarde, com a sol a baixar no horizonte e o corpo a pedir tréguas.

SERPA 15 DE AGOSTO


Perto de Ferreira do Alentejo. Foi aqui, pelos 140 Km, que comecei a desconfiar que as dores nos quadríceps que me acompanhavam desde Cacilhas teriam mais a ver com as três subidas à Serra dos dias anteriores do que com o aquecimento muscular.
O Pedro e o Simões praticamente levaram-me ao colo. Aquela coisa do "Chefe de Fila" funciona mesmo. Quando temos alguém a fazer com competência a gestão do nosso esforço, a proteger-nos do vento frontal e a dar-nos a sensação de que está tudo controlado, pedalar é muito, mas muito, mais fácil.
Eles acabaram por fazer um vistaço. Não é toda a gente que consegue levar um barrigudo até Serpa em pouco mais de 7 horas.

GRANDES COMPANHEIROS

Joaquim Miguel, Napoleão Mira, Joaquim Piteira e o Xiclista. Quase 500 Km pelas estradas do Alentejo acompanhado pela generosidade, gentileza, criatividade e boa disposição. "Eles", por lá, é que gozam a vida. Aqui, por Lisboa, andamos a perder o nosso tempo.

(Foto tirada no Monte onde se reuniram os Capitães em 1973 para conspirar contra o regime de Caetano.)

NÃO SE BRINCA


Com a Serra não se brinca. As condições climáticas podem mudar com a rapidez com o que vento nos atira para cima cúmulos e estratos. Tive sempre o cuidado de usar um blusão N2S (next to skin) da gorotex com mangas amovíveis e levei no malote luvas compridas e perneiras, just in case. Também tinha comigo uma "manta de sobrevivência" em alumínio ultra-leve, barras energéticas de reserva e luzes para a bike. O impermeável foi imprescindível nas descidas e para manter a temperatura constante à chegada ao alto. Só com a água confiei na generosidade da Serra e bebi-a de muitas bicas à beira da estrada.
É também na inconstância da atmosfera e nem sequer na manifestação das suas expressões extremas que contextualizamos devidamente a nossa insignificância em cima de duas rodas Serra acima. A Serra de bicicleta não é apenas um desafio físico. É também uma experiência mística. E uma aventura no sentido imprevisível do termo.

BOOM FESTIVAL

Linha da Beira Baixa, a caminho de Castelo Branco. O puro-sangue em carbono do Xiclista em serena irmandade - como convinha aos objectivos do festival - com o onagro alternativo.

EU ESTIVE LÁ


Como sabemos, muita gente menorizou, riu agarrada à barriga, zurziu, rosnou, ladrou ou simplesmente zurrou a propósito dos projectos de engenheiro do nosso querido Presidente do Conselho - levantemos o cú em sinal de respeito -.
O Xiclista, homem de acção, não faz coros. Ainda menos de maldicência. O Xiclista foi lá. A pedalar. E viu a Obra com os olhos que a terra há-de comer e registou com a sua Olympus de bolso. Implantada nos limites de Valhelhas, numa estrada secundária que segue para Famalicão da Serra. Vão por mim: aqueles azulejos ainda hão-de ser vendidos no e-bay por muito dinheiro.

sábado, agosto 23, 2008

SENHORA DA GRAÇA


Etapa espectacular. Na sequência das anteriores. A Liberty e o Tavira a fazerem ciclismo. O Benfica a fazer barulho.

sábado, agosto 16, 2008

SERPA

15.08.2008. Lisboa-Serpa na companhia do Pedro e do Simões. Afinal, foram só 191 km. Ainda não foi desta que este ano atingi a barreira psicológica dos 200. Andar com ultra-ciclistas dá para aprender uns truques. É só vantagens. À excepção do vício de olhar para o relógio a controlar o plano de viagem. Cada vez que o Pedro olhava para o relógio, pronto...a coisa aquecia. Agora, fora de brincadeiras: o Pedro, com o rigor de um cientista fundamentalista, abria o vento na frente e marcava os andamentos com uma competência extrema. Mantinha o ritmo, abrandava nas subidas, não deixava que o meu ritmo cardíaco ultrapassasse os 150 ppm. Em mais de 7 horas só por 3 vezes o alertei para a necessidade de abrandar o ritmo. O Simões, gigante de afectos e de disponibilidade física, fez a viagem em terceiro, na angústia de não ser atingido pelo meu ziguezaguiar. Eu explico: ao contrário de algumas centenas de ciclistas de cuja roda já beneficiei e que permitem que se perceba o que está na estrada à frente deles, o Pedro é tão compacto no gesto, tão 'aerodinâmico', que se torna opaco. Logo, eu tinha que espreitar ao lado dele para ver a estrada e daí a irregularidade do meu trajecto. Nas rectas de Baleizão fiquei isolado na frente, pois o Simões avariou e eles pararam. Mandaram-me seguir, mas eu parei numa sombrinha para me alimentar com queijadas de amendoa e ovos oportunamente adquiridas em Canal Caveira. (Deixei lá o cheque para o Sporting- Porto de hoje). Foi o que me valeu na ultima subida. Não cheguei estoirado, fruto da cuidada gestão do esforço. Mas também não me apeteceu fazer mais 9 Km para completar a marca. O meu ex-Bastonário e Colega de turma, de passagem ocasional por Serpa a caminho da Super Taça, foi uma surpreendida testemunha do meu feito ciclístico. Para que conste, o registo: 191 Km, em 7:13 Horas, 26,60 Km/h, vel.máx.59,62, pendente acumulado 1477 m (pois, está bem, eu sei que o Alentejo é plano...), média de ppm 131 (espectacular), ppm máx. 156 (o Pedro descuidou-se).
A Filó é a prova provada que por detrás de um grande ciclista está sempre uma grande mulher. Por isso é que o Pedro é tão bom. A Ana fez as honras à terra e foi um prazer tê-la conhecido.
Obrigado Pedro e Simões pelo convite e pela companhia. Prometo evoluir no meu ciclismo para evitar aquela sensação de estarem dois gajos durante sete horas a não abanar muito a cesta para não partir nenhum ovo.
Vocês, pobres mortais, arranhem-se de inveja. Eu, repito, eu, o Xiclista, fiz um brevet de quase-200 com os dois ultras do Portugal Vertical. Que tal, hein ? Categoria...

CABAZADA

A Liberty Seguros colocou 4 ciclistas nos primeiros 5 lugares na Chegada à Torre.
O Benfica fez uma figura desportiva digna da cabazada de 7-1 que levou em Vigo ou dos 5-0 que levou na Luz. E das duas, uma: ou vão buscar aquele antigo capitão - o tal que nascera tão benfiquista que até penhorou o autocarro - para pedir outra vez desculpa aos sócios ou então alguém que se queixe à PJ , acusando a Liberty de doping. Ou melhor, já que o organizador da competição é o patrocinador do Benfica, o melhor é não admitir a inscrição da Liberty ou do Tavira a ver se o Benfica ganha alguma coisa.
Entretanto, o Pedro Lopes e o Candido Barbosa mostraram a raça e a fibra de que são feitos. Que já era deles antes de chegarem à equipa actual.
Como se percebe, este é um post rancoroso. Se há coisa que me tira do sério é o mau-instinto e a jogada rasteira. E, nas re-voltas da vida, tenho o prazer pérfido de salientar as ironias do destino. E sei que há por aí muitos adeptos que estão indignados com a actual situação no ciclismo profissional e com quem a criou. Na ganância da vitória imediata, há quem esteja a transformar o ciclismo numa coisa sectária, idêntica ao futebol. E, objectivamente, antes da equipa do Benfica ter aparecido, as coisas não eram como estão a ser.
Mas o que interessa é os campeões. Por isso, um abraço de parabéns ao Rui Sousa. Que categoria de subida ! É que quem já fez aquelas rampas a 7 Km/hora percebe com conhecimento de causa a dificuldade de as fazer a 16 e a 17 Km/h.
Hoje lembrei-me dos dois últimos heróis (para mim) da Serra: O Vitorino e o Cabreira. O Sousa está acrescentado à lista.

quinta-feira, agosto 14, 2008

DE PASSAGEM

Estou a passar por casa para lavar a roupa. Subi à Torre duas vezes. Por Manteigas e por Covilhã. À custa de pasteis de feijoca e de feijão. Desci a estrada nova de Loriga. Espectáculo. Conheci pessoalmente o Cavaca. Cavalheiro. Em Tortosendo descobri o que é um "fogo luminoso". Cultura geral. Visitei Valhelhas. Viva o Primeiro-Ministro. Hoje à tarde vi os Napoleão, Joaquim Miguel, Piteira e Casaca com quem vou passear pelo Alentejo na próxima semana.Viva Sam, the Kid. Estavam no programa da RTP apresentado pela Isabel Figueiras. Ai, ai... A Isabel Figueiras, a Isabelinha Figueiras... Mas a Isabel Figueiras... Viva a Isabel Figueiras !

Amanhã ás 6:20 Horas vou partir com o Pedro e o Simões, os ciclistas do Portugal Vertical. Até Serpa. Viva a Filó. Seguido, só fiz até Ferreira do Alentejo e a "coisa" apontou para uns 155 Km. Com mais 30 até Beja (que conheço) e mais 30 até Serpa (que nunca fiz) vou ultrapassar os 200 Km. Não podia ter melhores padrinhos na estrada para uma barreira psicológica destas.

Entretanto na RTP está a passar o final da etapa de hoje da Volta. Ontem ouvi o João Lagos a explicar "que isto é um desporto de verdade" para justificar porque é que ele, na qualidade de Organizador da Volta, excluiu a equipa que costumava ganhar ao Benfica, que ele próprio patrocina. Ou seja, um "arbitro" que também é "jogador". E por acaso o mesmo Organizador da Volta convidou a equipa Saunier Duval, agora Scott, que passou por aquele vergonha da EPO do Ricco e dos outros no Tour.
Enfim, a tristeza do costume. Isto quando toca ao Benfica a ética fica sempre relativizada. É a chamada puta da ética. Só é exigível aos outros.

Fotos das aventuras recentes tenho muitas, mas postes novos só para a semana que vem.

Abraço a todos.

domingo, agosto 10, 2008

SERRA

A previsão do tempo não é famosa. Vou ter que levar mais roupa, mas vou mesmo. Quando chegar à Covilhã peço conselhos ao Cavaca, que conhece a Serra e que até a costuma fazer com neve na estrada.

sábado, agosto 09, 2008

ASSIM QUE CHEGOU

"O Benfica podia jogar na Liga Espanhola"
"O Benfica é o maior clube português"
Mais outro que já nasceu benfiquista. Atenta a classificação relativa que a Playstation lhe atribui, por momentos receei que fosse alguém com o sentido da realidade. Mas assim que abriu a boca deu para perceber que é só mais do mesmo.
Lagartões e Dragões, podemos ficar descansados. Aquilo é só para consumo interno, para garantir os lugares pagos na estrutura da SAD. Não tem nada a ver connosco.

sexta-feira, agosto 08, 2008

SERRA

Por poucos dias, vou até à Serra fazer um "estágio de altitude" e fazer prova de vida. A foto é do Cavaca, linkado ali ao lado. Aliás, os percursos e as fotos do Cavaca - cuja visita aconselho vivamente - são a prova provada de que quem vive em Lisboa está a deixar a vida passar ao lado.
Tenho um desafio alentejano para fazer com os Verticais Pedro e Simões e vou avaliar o meu actual estado de forma. Para não ficar mal visto. E para aumentar o hematócrito. ( Eheheh, quem não me conheça e leia estas coisas até pensa que eu perceb0 alguma coisa disto...Mas como o criminalogista Moita Flores exemplifica, o que é preciso é fingirmos que sabemos do que estamos a falar).
E na outra semana tenho um roteiro gastronómico alentejano com o JM e o NAP por 3 ou 4 dias e convém ir treinado.

quinta-feira, agosto 07, 2008

MAIS UM

Obrigado a todos os amigos que antecipadamente, atrasadamente ou tendo, até, acertado na data me deram os parabéns.
O pasteleiro é o mesmo do ano passado.

RODA PECUÁRIA


segunda-feira, agosto 04, 2008

SOLJENITSIN

Morreu o Homem-Coragem. Foi nos livros dele que percebi a verdadeira dimensão do delírio comunista. Enquanto o mundo livre o homenageava, celebrando o Nobel de 1970, por cá era tratado como um reaccionário. O Partido Comunista Português, em especial Alvaro Cunhal, até se engasgava quando ouvia falar dele.
Os escritos de Soljenitsin são a prova provada da ineficácia de qualquer regime comunista. E são um testemunho da ineficácia social, económica e política do regime, bem como dos hediondos crimes contra a humanidade, de guerra, de genocídio e ambientais cometidos em escala monumental pelo Comunismo só para se manter no poder.
Ele bem revelou a incompatibilidade intelectual insuperável entre os comunistas e quem acredita nos direitos humanos, na utilização sustentável do planeta, na liberdade do Ser Humano e na intocabilidade da liberdade do Pensamento.
Foi pelos livros dele e pela experiencia de 1974/75 em Portugal que descobri a liberdade. E foi por causa dos livros dele que, ainda hoje, me é tão intelectualmente desprezível quem se atreva no sec. XXI a defender comunismos, comunistas e seus arautos em geral. É que "aquilo" estava tudo errado. Duma ponta à outra. É tudo uma questão de inteligência mediana.
Na hora da sua morte, Honra a quem arriscou a vida para denunciar os crimes mais hediondos cometidos por homens contra outros homens.

HAPPY M'IRTHDAY




ALENTEJO PROFUNDO


No regresso de Alvito, perdi-me e passei nesta estação abandonada da CP. Completamente perdido que eu andava...

domingo, agosto 03, 2008

AGOSTO

Agosto, mês de casamentos. Ultimamente tenho passado por uma fase boa, sem muitos casórios. Mas a coisa está a complicar-se pois os filhos dos colegas de escola já estão na faculdade e a acabar. Não tarda nada vai ser outra revoada. Tanto calorzinho com a gravata em Agosto...
Aos noivos da foto, deseja-se naturalmente felicidades.

Nota da redacção: este é um poste para encher chouriços que o calor não convida a muita actividade blogosférica. É como nos telejornais: a notícia de um não-facto.

sexta-feira, agosto 01, 2008

ZÉ DO PEDAU*


"O Brasileiro Zé do Pedal no Alentejo.Mundialmente conhecido pelos seus feitos cicloturisticos em torno da nobre causa da luta contra a cegueira congénita - glaucoma congénito, o brasileiro Zé do Pedal atravessa hoje o Alentejo. Iniciou esta nova fase da luta em Paris em Maio de este ano e prevê terminar na capital da África do Sul em 2010.Encontrámo-lo entre Montemor e Arraiolos, com ele confraternizamos um pouco e com ele bebemos um pouco da sua exemplar existência.Este homem já deu a volta ao Mundo em bicicleta. Prepara-se depois desta odisseia na Europa e África em 2011 fazer a travessia do Brasil empurrando um deficiente motor em cadeira de rodas.Sorte nossa termos conhecido pessoalmente este Homem de todo O Mundo."

Texto e imagem enviados gentilmente pelo Joaquim Miguel - Oh para ele ali em cima!...

O Título original era "Zé do Pedal", mas a redacção decidiu dar-lhe a pronúncia devida.