PENHAS DA SAÚDE
Nunca fizera a subida por esta vertente da montanha. E confesso que estava assustado pelo que vira de carro. Dia 11.08.2008, chegado no comboio das 11.30 Horas, procurei a residencial, suei até ela, instalei-me, comi duas tostas mistas e fui reconhecer o terreno. Parti do largo da Camara Municipal, com Pero da Covilhã a dominar o ambiente. Dentro da cidade existem inclinações que nada devem às da Serra. O coração ainda não estava em velocidade de cruzeiro, o calor era muito e os primeiros 1000 metros levaram-me a considerar o adiamento da aventura para o dia seguinte, mais pela fresca. Mas o primeiro Km é o preço que se paga pela adaptação à subida. Até ao Km 2,5 não dá para respirar com leveza. Concentrado no ritmo cardíaco, respirava tudo para me manter abaixo dos 150 ppm. De repente surge um plano de 200 metros. Dá para normalizar a respiração, para trincar qualquer coisa e para beber sem a sensação de estar a engasgar. O ritmo cardíaco baixa para 130 ppm. E a partir daqui é que a verdadeira subida acontece. Seguem-se uns "esses" muito duros até um restaurante pintado de vermelho escuro - Km 5 - e continuam as rampas brutais pelo Sanatório até uma curva à direita ao Km 6,9 onde surge, como um oásis num deserto, um falso plano de 500 metros. Ao longe já se vislumbram as Penhas da Saúde, mas há que preencher um contraforte com mais de 3 Km. O pulso baixa para os 120 e depois para os 110 e sabe bem sentir que o coração corresponde, que se adapta à estrada. Mas neste vale-planalto, antes de se subir a encosta que conduz às Penhas, a temperatura baixa repentinamente. É que, antes, a estrada estava protegida do vento pela sua própria inclinação. Mas este planalto é desabrigado. E parei para vestir o colete. Passei a placa dos 1300 metros de altitude e cada vez sentia mais frio. Nas Penhas o vento frio fazia-se sentir. Vesti as perneiras e o impermeável. Hesitei se deveria continuar até à Nave, mas umas nuvens que se aproximavam engolindo o horizonte visual deram-me a desculpa de que precisava para voltar para trás. Desci com cuidado, nunca deixando embalar acima dos 40 Km/hora. De repente dei por mim a pensar "e se o sacana do cabo do travão se parte...". Enfim, cheguei a Covilhã outra vez com muito calor e apenas com 10,5 Km de subida completados. Mas o objectivo principal - reconhecer a subida - tinha sido alcançado. Mentalmente, estabeleci duas etapas: até ao miradouro do restaurante encarnado ao Km 5 - que tinha uma bica de água potável - e daí para a frente sem necessidade de parar, pois contava com o alívio ao Km 6,9. E das Penhas para cima logo se via. Aliás, tinham-me dito que essa parte não era tão dura. Achei que fazer uma paragem no meio das rampas mais difíceis seria uma atitude inteligente. Até para fazer o reset cardíaco. Não me enganei, como comprovei dois dias mais tarde.
15 Comments:
amigo,
na proxima vou contigo..Já "mamei" a da Ossa, posso sofrer mais um pedaço e tentar enganar a da Estrela um destes dias...entretanto vou treinando na Foia...
Não me quero armar, mas olha que a Serra da Estrela são 7 Ossas seguidas (antes da recta).
A Foiá é muito difícil nos primeiros 600 metros ainda dentro de Monchique. è preciso negociar muito bem o ritmo. Caso contrário, estoira-se e é preciso por o pé no chão. Aconteceu-me a primeira vez.
Mas depois vai suavizando. No ritmo certo até sabe bem, pois vai admitindo que se carregue o andamento com mais dois ou tres carretos. Os dois ultimos Km são chatos, porque estão expostos ao vento e nunca mais se chega lá cima. Cada curva á direita, faz descobrir mais um bocado da subida.
Mas se a fizeres a Foia uma vez por dia durante uma semana, nem o Piteira te consegue agarrar...
..sempre te achei um rapaz ajuizado e quem sabe, sabe.
Carneiro e Napoleão,
meios cotas.Por aí ...nem a subir e muito menos a descer.
Mas irei como carro de apoio.
FOIA!!!ESTRELA!!!
"NÃO HÁ NECESSIDADE".
Aqui há uns anos quando um amigo de cá(Évora),o Lourenço, me desafiou a fazer a Estrela disse-lhe que o que ele merecia ,seria:a meio da serra devia encontrar uns ciganos e que estes lhe deviam dar uma sova e lhe roubar a bicicleta.
Telefonou-me quando ia com "os bofes à boca".Estava parado junto a um acampamento de ciganos que lhe deram água e se oferecerem para ele se agarrar à carrinha-Ford Transit.
Aí desistiu e voltou para a Covilhã,morto de cansaço e perdido de riso.
Mas os meus meios cotas são de outra fibra.E vão Por aí..
então é daí que vem a história da bicicleta e do cigano...
Cotas, pois claro. Eu uso uma Kuota.
na Fóia há uns operadores turísticos que levam os turistas num minibus e as bicicletas num atrelado. Chegados lá acima é só descer. E mesmo assim, há quem chegue cá abaixo cansado...
Bom dia Sr.Carneiro,sendo eu um "viciado" no seu blogg,pela qual fico roido de "inveja" de não dispor de tanto tempo livre para andar de bicicleta.Li num post que estava interessado nos pneus michelin prorace 3,estando eu a precissar de comprar pneus gostava de saber a sua opinião caso já os tenha usado.dia 9 setembro vou de Tondela até á Torre subindo por Seia.Já vi que agora anda por perto.Boas pedaladas.
E com dores terríveis nas mãos,devido a espasmos dos músculos e ligamentos do carpo...e muito perigoso.
caro trek,
devido a férias do meu fornecedor em Barcelona, acabei por não receber em tempo útil uma encomenda que incluía os Prorace3. Ainda não os experimentei.
Mas uso os prorace2 e, em média, faço 3.000 Km entre furoscom 8/9 bares de pressão. As minhas camaras de ar estragam-se mais pelas valvulas a encher do que furadas.
A publicidade diz que os Prorace3 aumentam a aderência em 27%.
Atenção ao preço: em Espanha, os novos, custam 32€. Por cá os Prorace2 custam 40€ e mais.
Para mandar vir meia dúzia, já vale a pena suportar o preço do transporte (10 €).
Boa tarde,novamente...encontrei na Decathlon da Amadora os pro race 3 a 35,90€,ainda não comprei porque gosto mais de falar com quem anda do que na publicidade.
http://www.decathlon.pt/PT/ts-pro-3-race-700-x-23-preto-36102487/
Obrigado na mesma pela atenção.
Olá Amigo Carneiro !
Tenho lido e ouvido coisas de que só o amigo faz como ninguem ,só tenho pena de não ter mais tempo livre (para pedalar) como voçê faz !continue amigo !
Apesar dos meus 53 anos , já dou umas voltas por aí mas , acompanhado ! mais 3/4 "maduros" vai-se fazendo o que se pode !
Agora quanto á subida da serra , qualquer dia , gostava de experimentar ? para vêr como é !
Se val de alguma coisa , agradecia a sua opinião acerca da minha ultima "brincadeira" . Saì da Amadora ás 7:00 para chegar a Minde ás 16:00 , e já não fuí capaz de ir de bikla até Fatima , o que voçê acha da minha prestação Amigo . abraço vitor
companheiro Victor,
Amadora-Minde (por Santarém - Pernes- Alcanena) devem ser uns bons 110 Km. Já é uma distancia considerável. Em especial para iniciantes. mas se insistir no treino, daqui a 2 anos já não é capaz de voltar a casa sem fazer pelo menos 110 Km. O corpinho é assim. Habitua-se até a levar porrada.
Percebo porque ficou em Minde. A subida de Moitas Vendas já desgasta um bom bocado e depois as rampas do Covão do Coelho... A primeira vez que lá fui parei 3 ou 4 vezes para chegar a Boleiros. Mas depois é sempre a descer até Fátima. São 10/12 Km de borla...
Nas subidas tem que cuidar dos andamentos. Deve ter uma pedaleira abaixo dos 39 dentes. Nós que só andamnos por prazer não temos capacidade para utilizar em subida o mesmo material que os profissionais. E devagar se vai ao longe.
Quando vier para este lado - Lxª - diga alguma coisa. Costumno treinar em Monsanto...
Abraço e força no pedal.
Outyra coisa amigo Victor,
concerteza que você usa o pulsómetro e que já foi ao cardiologista...
è que nós, na casa do meio século, temos que vigiar a máquina central. O coração é que nos diz a que velocidade andamnos e que serras subimos.
Atenção, hein?
Trek, a subida pelo Sabugueiro tem duas partes terriveis. Logo de início até ao Casal da Serra ou Aldeira da Serra ou lá como se chama, e a seguir ao Sabugueiro. da lagoa para lá faz-se mais ou menos. Ainda me lembro o que sofri. Boa sorte para si.
...está-me a dar muita satisfação constatar que, após tanto esforço individual, quase numa travessia de deserto, te estás a tornar num rumo, num exemplo com conhecimento de causa, para tds estes teus companheiros das guerras xiclísticas :-)
Fico muito contente por ti!
:-)
Ufa!
Depois de ler isto estou totalmente estoirado. Completamente!
Também teho que reconhecer que parte deste cansaço se fica a dever a uma pontinha de, digamos, de inveja. Sim, isso mesmo.
De qualquer forma, fico satisfeito por te ver, e aos outros, feliz.
Boas pedaladas, Carneiro.
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