SERPA
15.08.2008. Lisboa-Serpa na companhia do Pedro e do Simões. Afinal, foram só 191 km. Ainda não foi desta que este ano atingi a barreira psicológica dos 200. Andar com ultra-ciclistas dá para aprender uns truques. É só vantagens. À excepção do vício de olhar para o relógio a controlar o plano de viagem. Cada vez que o Pedro olhava para o relógio, pronto...a coisa aquecia. Agora, fora de brincadeiras: o Pedro, com o rigor de um cientista fundamentalista, abria o vento na frente e marcava os andamentos com uma competência extrema. Mantinha o ritmo, abrandava nas subidas, não deixava que o meu ritmo cardíaco ultrapassasse os 150 ppm. Em mais de 7 horas só por 3 vezes o alertei para a necessidade de abrandar o ritmo. O Simões, gigante de afectos e de disponibilidade física, fez a viagem em terceiro, na angústia de não ser atingido pelo meu ziguezaguiar. Eu explico: ao contrário de algumas centenas de ciclistas de cuja roda já beneficiei e que permitem que se perceba o que está na estrada à frente deles, o Pedro é tão compacto no gesto, tão 'aerodinâmico', que se torna opaco. Logo, eu tinha que espreitar ao lado dele para ver a estrada e daí a irregularidade do meu trajecto. Nas rectas de Baleizão fiquei isolado na frente, pois o Simões avariou e eles pararam. Mandaram-me seguir, mas eu parei numa sombrinha para me alimentar com queijadas de amendoa e ovos oportunamente adquiridas em Canal Caveira. (Deixei lá o cheque para o Sporting- Porto de hoje). Foi o que me valeu na ultima subida. Não cheguei estoirado, fruto da cuidada gestão do esforço. Mas também não me apeteceu fazer mais 9 Km para completar a marca. O meu ex-Bastonário e Colega de turma, de passagem ocasional por Serpa a caminho da Super Taça, foi uma surpreendida testemunha do meu feito ciclístico. Para que conste, o registo: 191 Km, em 7:13 Horas, 26,60 Km/h, vel.máx.59,62, pendente acumulado 1477 m (pois, está bem, eu sei que o Alentejo é plano...), média de ppm 131 (espectacular), ppm máx. 156 (o Pedro descuidou-se).
A Filó é a prova provada que por detrás de um grande ciclista está sempre uma grande mulher. Por isso é que o Pedro é tão bom. A Ana fez as honras à terra e foi um prazer tê-la conhecido.
Obrigado Pedro e Simões pelo convite e pela companhia. Prometo evoluir no meu ciclismo para evitar aquela sensação de estarem dois gajos durante sete horas a não abanar muito a cesta para não partir nenhum ovo.
Vocês, pobres mortais, arranhem-se de inveja. Eu, repito, eu, o Xiclista, fiz um brevet de quase-200 com os dois ultras do Portugal Vertical. Que tal, hein ? Categoria...
7 Comments:
Sim Senhor...quase 200km num dia...e logo a seguir à prova esforço da Torre...é preciso muita pedalada.
Renovo os Parabêns pelos feitos!
Olá amigo Carneiro,
Para nós fui um grande prazer ter feito esta viagem consigo... por todas as razões e mais alguma.
Costumo dizer que há sempre quem seja mais rápido, mais forte, mais competente do que nós... independentemente do nosso nível individual (seja ele qual for). O importante é estarmos em harmonia com o que conseguimos fazer e com aquilo o que queremos fazer no futuro.
Esta viagem foi interessante por muitos motivos, o mais interessante para aventuras futuras seja exactamente a gestão do esforço. A sua e a nossa.
O ritmo certinho que levámos permitiu que chegássemos a Serpa em muito bom estado. Sempre que pedalo 200 kms e chego confortável e bem-disposto há sempre umas reflexões a fazer… O “bom estado” é um equilíbrio muito fino e acabo sempre por concluir que andar de bicicleta não é só “dar à perna”, especialmente quando pedalamos em condições pouco simpáticas como vento contrário, uns 38º, em autonomia e com poucos pontos de abastecimento de água.
O “abanar a cesta e partir ovos” só acontece quando a cabeça deixa de pensar… Ontem o objectivo era chegar a Serpa sensação de que tínhamos feito só metade do percurso. Tínhamos um objectivo e um plano para uma duração entre 6:45 e 7:45… e assim foi. Aliás, atrevo-me a dizer que ontem o “Xiclista” teria feito mais uns 100 kms sem grande stress!
Claro que a desculpa, não oficial, para esta nossa volta foi chegar a Serpa e comer umas amêijoas à “bolhão-Duck” … galões e sandes de queijo para outros.
Boas pedaladas para si no alto Alentejo
Doutor! (é só pra chatear), o meu amigo sabe a alegria que acaba de me dar?
Eu digo: uma foto linda, do lindo castelo da linda terra onde eu nasci...
Não sei se a seguir houve direito a jantar... o Café Alentejano é bom, e há a famosa Cervejaria Lebrinha... se me tivesse perguntado eu aconselhava a Adega Molh'ó Bico, ali, numa das travessas perpendiculares ao edifício da Câmara Municipal.
Espero que tenha gostado.
Não tenho inveja mas apreço por tais feitos ciclísticos.
Quem gosta de dar umas pedaladas e por vezes ultrapassa os 100/120 km. sabe como isso dói...AIKEDOI!
olha..e eu a pensar que ja tavas na kapital...tás como a mim :-) só me apetece tar no campo :O
Boas pedaladas!
Bem, Pedro, o amigo anda a deixar esta gente toda "viciada" nisso. A continuar assim, vamos ter um Portugal na Vertical daqui a uns anos com uns 30 Ciclistas e mais um XICLISTA.
Acima de tudo, que os pedais vos proporcionem um bem estar e sentido de camaradagem.
Xiclista... Estou contente, depois da Torre (vi-o passar), agora isto, cuidado, vira vício!!!
Forte abraço e um grande bem haja para si amigo!
Eh, lá, tenho uma testemunha que me viu passar na Torre...
Espero que não seja aquele povoação "Torre" a seguir à Comporta...ehehe
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