sábado, agosto 16, 2008

SERPA

15.08.2008. Lisboa-Serpa na companhia do Pedro e do Simões. Afinal, foram só 191 km. Ainda não foi desta que este ano atingi a barreira psicológica dos 200. Andar com ultra-ciclistas dá para aprender uns truques. É só vantagens. À excepção do vício de olhar para o relógio a controlar o plano de viagem. Cada vez que o Pedro olhava para o relógio, pronto...a coisa aquecia. Agora, fora de brincadeiras: o Pedro, com o rigor de um cientista fundamentalista, abria o vento na frente e marcava os andamentos com uma competência extrema. Mantinha o ritmo, abrandava nas subidas, não deixava que o meu ritmo cardíaco ultrapassasse os 150 ppm. Em mais de 7 horas só por 3 vezes o alertei para a necessidade de abrandar o ritmo. O Simões, gigante de afectos e de disponibilidade física, fez a viagem em terceiro, na angústia de não ser atingido pelo meu ziguezaguiar. Eu explico: ao contrário de algumas centenas de ciclistas de cuja roda já beneficiei e que permitem que se perceba o que está na estrada à frente deles, o Pedro é tão compacto no gesto, tão 'aerodinâmico', que se torna opaco. Logo, eu tinha que espreitar ao lado dele para ver a estrada e daí a irregularidade do meu trajecto. Nas rectas de Baleizão fiquei isolado na frente, pois o Simões avariou e eles pararam. Mandaram-me seguir, mas eu parei numa sombrinha para me alimentar com queijadas de amendoa e ovos oportunamente adquiridas em Canal Caveira. (Deixei lá o cheque para o Sporting- Porto de hoje). Foi o que me valeu na ultima subida. Não cheguei estoirado, fruto da cuidada gestão do esforço. Mas também não me apeteceu fazer mais 9 Km para completar a marca. O meu ex-Bastonário e Colega de turma, de passagem ocasional por Serpa a caminho da Super Taça, foi uma surpreendida testemunha do meu feito ciclístico. Para que conste, o registo: 191 Km, em 7:13 Horas, 26,60 Km/h, vel.máx.59,62, pendente acumulado 1477 m (pois, está bem, eu sei que o Alentejo é plano...), média de ppm 131 (espectacular), ppm máx. 156 (o Pedro descuidou-se).
A Filó é a prova provada que por detrás de um grande ciclista está sempre uma grande mulher. Por isso é que o Pedro é tão bom. A Ana fez as honras à terra e foi um prazer tê-la conhecido.
Obrigado Pedro e Simões pelo convite e pela companhia. Prometo evoluir no meu ciclismo para evitar aquela sensação de estarem dois gajos durante sete horas a não abanar muito a cesta para não partir nenhum ovo.
Vocês, pobres mortais, arranhem-se de inveja. Eu, repito, eu, o Xiclista, fiz um brevet de quase-200 com os dois ultras do Portugal Vertical. Que tal, hein ? Categoria...

7 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Sim Senhor...quase 200km num dia...e logo a seguir à prova esforço da Torre...é preciso muita pedalada.

Renovo os Parabêns pelos feitos!

23:45  
Blogger Pedro Alves said...

Olá amigo Carneiro,
Para nós fui um grande prazer ter feito esta viagem consigo... por todas as razões e mais alguma.
Costumo dizer que há sempre quem seja mais rápido, mais forte, mais competente do que nós... independentemente do nosso nível individual (seja ele qual for). O importante é estarmos em harmonia com o que conseguimos fazer e com aquilo o que queremos fazer no futuro.
Esta viagem foi interessante por muitos motivos, o mais interessante para aventuras futuras seja exactamente a gestão do esforço. A sua e a nossa.
O ritmo certinho que levámos permitiu que chegássemos a Serpa em muito bom estado. Sempre que pedalo 200 kms e chego confortável e bem-disposto há sempre umas reflexões a fazer… O “bom estado” é um equilíbrio muito fino e acabo sempre por concluir que andar de bicicleta não é só “dar à perna”, especialmente quando pedalamos em condições pouco simpáticas como vento contrário, uns 38º, em autonomia e com poucos pontos de abastecimento de água.
O “abanar a cesta e partir ovos” só acontece quando a cabeça deixa de pensar… Ontem o objectivo era chegar a Serpa sensação de que tínhamos feito só metade do percurso. Tínhamos um objectivo e um plano para uma duração entre 6:45 e 7:45… e assim foi. Aliás, atrevo-me a dizer que ontem o “Xiclista” teria feito mais uns 100 kms sem grande stress!
Claro que a desculpa, não oficial, para esta nossa volta foi chegar a Serpa e comer umas amêijoas à “bolhão-Duck” … galões e sandes de queijo para outros.
Boas pedaladas para si no alto Alentejo

01:20  
Blogger mzmadeira said...

Doutor! (é só pra chatear), o meu amigo sabe a alegria que acaba de me dar?

Eu digo: uma foto linda, do lindo castelo da linda terra onde eu nasci...

Não sei se a seguir houve direito a jantar... o Café Alentejano é bom, e há a famosa Cervejaria Lebrinha... se me tivesse perguntado eu aconselhava a Adega Molh'ó Bico, ali, numa das travessas perpendiculares ao edifício da Câmara Municipal.

Espero que tenha gostado.

03:13  
Anonymous Anónimo said...

Não tenho inveja mas apreço por tais feitos ciclísticos.
Quem gosta de dar umas pedaladas e por vezes ultrapassa os 100/120 km. sabe como isso dói...AIKEDOI!

08:46  
Anonymous Anónimo said...

olha..e eu a pensar que ja tavas na kapital...tás como a mim :-) só me apetece tar no campo :O

Boas pedaladas!

14:46  
Blogger RUUULAAA TEAM said...

Bem, Pedro, o amigo anda a deixar esta gente toda "viciada" nisso. A continuar assim, vamos ter um Portugal na Vertical daqui a uns anos com uns 30 Ciclistas e mais um XICLISTA.

Acima de tudo, que os pedais vos proporcionem um bem estar e sentido de camaradagem.

Xiclista... Estou contente, depois da Torre (vi-o passar), agora isto, cuidado, vira vício!!!

Forte abraço e um grande bem haja para si amigo!

09:38  
Blogger carneiro said...

Eh, lá, tenho uma testemunha que me viu passar na Torre...
Espero que não seja aquele povoação "Torre" a seguir à Comporta...ehehe

15:00  

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