Ressalvo que não sou Bombeiro. Mas tenho uma opinião.
1. Como se vê no filme, o ataque aéreo de fogos florestais só é eficaz se forem utilizados vários aviões em vaga sucessiva. A nossa técnica do helicóptero isolado com um balde de cerca de mil litros de água é ridícula. Quando volta para a segunda rega, o fogo já reacendeu. Aqueles mil litros poderão ser preciosos para salvar uma casa ou uma equipa de bombeiros no terreno numa emergência localizada. Mas para apagar fogos florestais é um mero dispêndio de dinheiro.
2. Em vez de F-16 para as guerras imaginárias dos nossos valorosos generais que nunca foram à guerra, - sendo que os mais velhos até se renderam na última guerra que Portugal travou -, o País necessita de comprar duas dúzias de Canadairs. Até porque fica mais barato do que andar a alugá-los pela Europa todos os anos. E os nossos pilotos da Força Aérea só poderiam ir para a TAP depois de fazer 10 anos de comissão de serviço no ataque a incêndios. Pois que é essa a única guerra em que Portugal está envolvido. E é só para isso que os pilotos da Força Aérea fazem falta ao País. Quem quer tirar o brevet de piloto à custa dos nossos impostos, tem que dar alguma coisa em troca.
3. O pessoal da Protecção Civil, cujo emprego é garantido pelos fogos florestais - ou seja, sem fogos anuais estaria no desemprego -, deveria passar o ano a projectar, concelho a concelho, planos de ataque a incêndios florestais, segundo as variáveis de clima, em especial, padrões do vento e orografia dos locais. Na Informática desenvolvem-se modelos para esse fim. E, depois, cada mancha florestal teria que obedecer a um plano concelhio de prevenção, com a desmatação obrigatório de zonas neutras que servissem em simultâneo de local para estacionar os meios terrestres de ataque ao incêndio e de barreira natural à progressão do fogo. Ou seja, o território deveria ser quadriculado e mantidas limpas as linhas de cada quadrícula.
4. O pessoal de ataque terrestre, em especial, os Bombeiros Voluntários, só deveria actuar em zonas devidamente seguras, as tais linhas das quadrículas e sempre apoiados por meios aéreos. A ideia vai sempre bater ao mesmo: a tactica do quadrado.
5. Eventualmente terei escrito para aqui alguns disparates, mas prefiro arriscar uma ideia para ajudar a pensar o problema do que nada fazer. É a minha forma de homenagear os Bombeiros Voluntários que têm servido de carne para o canhão da incompetência duns generais do país das maravilhas que os mandam para a frente de fogo de forma leviana.
6. Cada vez que se ouve um alto responsável da Protecção Civil ou Associação de Bombeiros falar no fogo posto isso só representa o alijar de responsabilidades por mais um bombeiro morto. Arranjando-se um culpado criminoso é mais fácil encarar a própria incompetência. Os Bombeiros têm andado a morrer porque as Chefias - que não são voluntárias e estão a ganhar dinheiro - são incompetentes.
7. O fogo posto é outro problema que se resolveria facilmente internando compulsivamente todos os anos entre Abril e Outubro todos os incendiários reincidentes. Quem é perigoso para a sociedade passa a ser obrigado a umas férias forçadas seis meses por ano.