(foto do Torpedro)
Até Vila Franca de Xira, aconteceu isto: eu à frente a tentar meter o ritmo nuns miseráveis 22/23 Km/H e a malta a preguiçar lá atrás. Fiz cerimónia e não berrei chamando-lhes mariazinhas, maricas e assim. Mas atrasámos meia hora até Porto Alto. Depois, até Pegões, o ritmo espicaçou. Até demais. A junção do Joaquim Miguel aconteceu numa situação em que alternados, eu e o António Piteira, puxámos garantindo a média de 25. Isto depois de uma fase em que a malta quis andar a 30 e a mais, com o Nap e o Kim Piteira em plano de destaque... Mas a caminho da Vendas Novas, passámos por zonas de turismo sexual e, atingidos pelas feromonas que pairavam no ar, alguns ciclistas arreganharam o beiço, expondo o orgão de jacobson (não, não é isso que estão a pensar; eu depois explico), descompensaram, tornando a média ainda menos consistente. Nesta fase, a orografia começa a ondular e eu tirei o cavalinha do chuva - apesar de pouco depois termos sido atingidos pelo dilúvio. Eu explico-me: conforme aqueles que me acompanham bem sabem, a descer não há pai para o Xiclista. É a rigidez do quadro, é a fluidez das rodas campagnolo e, em especial, é a magnífica e esmerada técnica ciclística apoiada pela lastro barrigal. Mas, razões técnicas à parte, desço bem e gosto de aproveitar as descidas. Aliás, custa tanto subir que não aproveitar uma descida é uma estupidez, um pecado venial até. E quem trava numa descida, então, comete pecado mortal. Devia ser irradiado do ciclismo. Travar, só nas serras, nunca na estrada normal. E no nosso grupo há alguns pecadores sem redenção. Assim, quando a orografia começa a ondular, fujo uma centena de metros ao pelotão para evitar andar a travar atrás daqueles que não têm a minha velocidade a descer. Acresce que é mais seguro, pois escolho com segurança as trajectórias de curva descansado por saber que o Nap está a articular lá atrás. Obtenho, ainda, a pequena vantagem de começar as subidas no meu ritmo e regra geral acabo apanhado pela malta, ou pelo menos pelo Kim Piteira e pelo Ricardo, pois eu subo mais devagar. E gosto de começar a subir sózinho, pois o ritmo que escolho não fica influenciado pelo dos que me acompanham. E assim poupo-me muito mais. Finalmente, tento chegar aos topos com alguma margem de energia para poder aplicar 4 ou 5 pedaladas mais vigorosas já na pedaleira 50 para imprimir maior velocidade logo no início da descida seguinte. E, depois, vou por ali abaixo entregue à minha extraordinária técnica ciclística, respirando bem, bebendo, comendo, mas sem pedalar. Para mim, esta é a melhor forma de aproveitar a estrada e poupar energias, recuperando o ritmo cardíaco para níveis de conforto. Recapitulando: subindo devagar, pedalando com força no início da descida e descendo sózinho sem pedalar - e sem travar. A média da viagem garante-se nos troços planos, acertando o ritmo cardíaco e mantendo-o abaixo do limiar. Não é a subir ou a descer. Foi esta a razão pela qual fui lá para a frente desde Vendas Novas.
Para a próxima temos que fazer uma sessão sobre a organização do nosso pelotão para o tornar mais eficaz. É melhor marcar um jantar para isso e garantir a presença do Presidente que só os afazeres públicos impediram, desta vez, que ele completasse os 200 kapas.
Por falar nisso, não percebo que me tivessem avisado do churrasco já vinha eu nas rotundas de Beja com transporte à minha espera em Montemor... Se não queriam convidar, não convidavam. Agora convidar desta maneira, só para dizer que convidaram...