PEDRO ALVES
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VERITAS FILIA TEMPORIS (Na verdade, oh filha, temos tempo)
Só a amizade e estima que os benfiquistas do Divor me incutem me levaria a editar um prato destes. De todo o modo aqui fica como manifestação de genuína amizade e fair-play. Não posso, porém, ignorar o que representa cultural e civicamente uma manifestação deste tipo. Mas, aí, cada qual faz as figuras que quer. E a única figura que não devemos deixar que os amigos façam é a de corno. Para todas as outras figuras, por mais trágicas e patéticas que sejam, os amigos estão cá é para dar apoio nos apertos.
O Joaquim Miguel, por razões filantrópicas, só se juntou a nós perto do Infantado. Acompanhou o Napoleão até Ferreira. Não sei exactamente a kilometragem que lhe coube. Vai ali de amarelo, numa roupinha escolhida a dedo para a ocasião. Nesta viagem calhou-me estar pouco tempo perto dele. Nem uma fotografia de jeito lhe fiz. Aqui para nós, fiz poucas que a disponibilidade física andou muito à justa. De Alcáçovas para lá, aquilo já funcionou quase num "cada um por si". Temos que repensar a alimentação para tantas horas.
Tirado daqui
Jornada épica. Pedalámos até haver luz. Uns ficaram na subida de Escoural pelos 130 Kapas, outros em Ferreira do Alentejo pelos 190 Kapas, dois deles - os com mais estilo ciclista - em Ervidel pelos 202/205 Kapas e o Ricardo prestes a chegar a Aljustrel pelos seus 208 Kapas. Atenção que a quilometragem acabou por não ser igual para os últimos resistentes, pois eu próprio na Gare do Oriente em Lisboa já tinha 6 Km à partida e o Piteira, que é o gregário, acaba por rodar mais do que os outros, pois vai lá á frente e volta atrás. O percurso do Ricardo acabou por ser o mais linear. Para lá dos pedalantes, salienta-se a colaboração paciente e eficaz do Motorista Carrajota, a disponibilidade do Maurício que levou a outra carrinha apesar de doente e febril - que nem vinho bebeu ao jantar, até parecia um padre daqueles -, o Torpedro do Ruuulaaateam (e mais 3 amigos dessa equipa, em especial a elegante Bibas escoltada, como é de lei, pelo Marido o NoFlat's, e o Artur) que nos acompanhou nos primeiro 30 Km e que me emprestou a pilha para o velocímetro, obrigando-me a ressetar ao Km 24 e a Maria Sulista que surpreendeu a caravana com cartazes de incitamento que distribuiu clandestinamente no percurso Alcáçovas- Ferreira do Alentejo. Numa viagem de mais de 9 horas a pedalar há muitas histórias de heroísmo. Não as vou esgotar agora. Nem a carga de água que levámos à saíde de Vendas Novas que me encharcou até às cuecas se fosse peça de vestuário que eu usasse habitualmente. Mas saúdo o Napoleão, que é daqueles que treinar é só para os outros e que, mesmo assim, atingiu os 190 Kapas em ciclismo e aguenta, segundo diz, assaltos de 3 minutos em karaté alentejano. Aliás, ele foi o móbil da operação. Tem uma óptima casa em Entradas - que afinal está a 232 Km de distância de Lisboa -, a Natália é uma simpatia, e levou-nos a jantar a uma Cavalariça que me surpreendeu com uma sopa de pão/açorda isotérica e mística e uma sandes de moela de fraca. Os lombinhos de porco preto foram roubados pelo Ricardo, que se lixou que aquilo eram lombinhos do lado do corno do porco. O Joaquim Miguel continua a partir a loiça toda, envergonhando os colegas que já pensam em levar pratos de papel do Noddy para evitar acidentes. O Ken, manhoso, anda no ciclismo só para os primeiros 50 Km e depois senta-se na carrinha à espera do jantar gritando à janela para nós pedalarmos mais depressa que se está a fazer tarde, o António Piteira, ainda mais manhoso, pois anda lá ao mesmo mas consegue não dar nas vistas assobiando para o lado, e o Mercks que quando toca a pedalar é um homem muito doente mas que sentado à mesa cura-se milagrosamente.
Afinal a actualização da previsão para amanhã, Sábado, já excluiu a ocorrência dos aguaceiros moderados e trovoadas para o Alentejo interior-sul. Pelos vistos, vamos ter bom tempo.

... que, se não for matriz, é rigorosamente igual ao litro. De Lisboa para lá passa-se a Alenquer, Cidade famosa pelo seu presépio.
Ademais, já apaguei os outros postes sobre Merceana. Se a falta de rigor matricial da sua Igreja incomoda tanto, então passa a incomodar nada, zero, népia. Menos que um traque de burro escutado na Abrigada do outro lado da serra ou o estalo do crâneo duma libelinha contra o para-brisas do pendular na Azambuja.
E quando for para o Montejunto até deixo de passar por lá. Contorno por Olhalvo que também vende bicas e garrafas de água. Na parte que me diz respeito, a Merceana nunca existiu.
É que acabei de doutrinar - exemplificando na prática - sobre a essência da blogosfera. Só divulgamos o que queremos e o que nos dá gosto. Cada qual com os meios que pode e consegue disponibilizar. Se alguém se sente fino demais para ser divulgado, não vale a pena criar stresses.
Ademais, quem vem fazer um pé de vento e vituperar só porque se sente "indignada" pelo facto de a Igreja ser tratada como Matriz e exige que "se revele quem prestou tal informação", não bate bem do coco. Por isso, passar lá de bicicleta até pode ser perigoso. Na estrada já me basta o medo das dentadas dos cães quanto mais das dentadas dos loucos...

Fui colher uma romã,
O Pulanito já comprou a nova grade para o bidom. Para hidratar durante os 200 Km até Entradas. Vão ser 'rabanhos' de bidons.
A radioactividade em Mourão era tanta que o dia 19.08.2008 acabou por ser a ocasião em que bebi mais vinho num só dia nos últimos dez anos. E os espargos com ovos... e o cozido de grão... e o tomate biológico com sal... Ah Pulanito, ah Joaquim Miguel, seus bandidos ! A desviarem, assim, um atleta habitualmente tão sóbrio para maus caminhos....
O pretexto da viagem eram as barragens do Alentejo. Acabei por fazer umas fotos mixurucas às poucas que visitámos - à excepção do Alqueva - só para não dizer que não se tinha passado por lá. É que surgiu uma confusão semiótica nos conceitos de barragens e adegas. Já nem me lembro qual seja esta. A de Pedrogão ? Ou Adega Velha ?
Tirada em andamento a 40 Km/hora que o sentido de trânsito era alternado e eu queria mostrar aos carros que me seguiam que não era preciso esperarem por mim. Na volta para Lisboa é que foram elas. Fiz os primeiros 120 Km numa média superior a 27 Km/hora e a partir dos 170 foi só sofrer... Duas semanas depois passei lá com o grupo " Os Furiosos do Pedal" de Divor, mas quem ia na frente era o Joaquim Miguel que, nesta fase, estava com a força toda...
Amanhã, Quarta-Feira, a Tasca do Pereira retoma a programação de Outono-Inverno a pedido de várias famílias. A vernisage inclui o Cozido à Portuguesa da Sãozinha, essa cozinheira importada de S. Pedro do Sul, acolitada pela Gracinha de Castro d'Aire que é aquele terra que é sempre a subir ou a descer.
Na sequência de mais um assalto a um minimercado da região, o lider dos gangsters aplica explosivo militar C4 para abrir o garrafão, por não disporem de um saca-rolhas apropriado. Ao que se conseguiu apurar, o garrafão estava cheio de traçadinho, na proporção de 65%-35% de branco Vidigueira Casa dos Gamas e 7up.
Na Estrada nova que desce para Loriga bati o meu recorde de velocidade: 79,5 Km/hora. A descida impressiona, as dores nas mãos a travar são uma constante. As rampas enrolam-se em socalcos sobrepostos e não se pode deixar embalar a bicicleta. Foi numa rampa em linha recta que lá ao fundo subia que eu me aventurei a largar os travões. Certamente que poderia ter atingido velocidade maior, mas acreditem os amigos que é recorde que dificilmente voltarei a bater. É que tenho medo das descidas, caraças. Medo a sério. Até porque as mortes de ciclistas acontecem, quase em exclusivo, em quedas a descer.
13.08.2008. Terceiro dia na Serra, segunda chegada à Torre. Vindo directamente da Covilhã. Beneficiando do reconhecimento do caminho que fizera até às Penhas da Saúde 48 horas antes e da subida Nave-Torre feita na véspera. Esta segunda subida à Torre foi psicologicamente muito mais fácil. Do Largo da Câmara Municipal da Covilhã até à Torre são exactamente 21 Km, dos quais um apenas (Nave) é a descer. Fiz a média de 7 Km/hora e o batimento cardíaco ficou na média de 135 ppm, revelando duas coisas: a boa forma física em que eu estava e a correcta gestão do esforço que permitiu chegar ao cimo da Torre em conforto físico e psicológico. Nesse dia fiz-me à Serra com arrogância. Não esteve apenas em causa conseguir atingir o topo. Lá chegado, hidratei, alimentei, tirei fotografias e passei a Serra para o outro lado. A Torre já não era apenas o ponto de uma chegada dolorosa, dramática, heróica. Passou a ser um ponto de passagem. Difícil de atingir, mas não mais do que isso. E desci em direcção à Lagoa Comprida. Creio que foi neste trajecto que um amigo do Ruuulaaa Team me viu passar. Antes da Lagoa, virei à esquerda para a Estrada Nova que segue para Loriga. Subi e desci para o Alvoco da Serra - que o Francis tão bem fotografou -, passei pelos Vascos Esteves, o de Baixo e o de Cima - terra de onde é originário o Miguel Antunes -, a subir em direcção às Pedras Lavradas e virei à esquerda a descer para Unhais da Serra. Vinte quilómetros de borla, na talega com as mãos nos drops, na vertigem dos 40 e da paisagem avassaladora. E daí até Refúgio e Covilhã onde tive o prazer de conhecer pessoalmente esse lobo da Serra, o amigo Cavaca. Ao todo foram 103 Km em pouco mais de 6 horas, numa média de 16,67 Km/hora, em pendente acumulada de 2204 metros. A média final do pulso foi de 126 ppm. 
"Ramalho Eanes prescindiu dos retroactivos a que tinha direito - e que um Tribunal lhe reconheceu - relativos à reforma como general, que nunca recebeu. O ex-Presidente não aceitou essa quantia (a qual ascenderia a mais de um milhão de euros). A reforma só começou a ser paga em Julho. E poderia acumular com a reforma de Presidente da República."