"Armando Vara vai ter de pagar uma caução de 25 mil euros para evitar a prisão preventiva. Além da caução o Juiz de Instrução Criminal de Aveiro indiciou Vara por um crime de tráfico de influências" -
tirado daqui.
Um dos problemas da nossa Justiça é a dificuldade que alguns Juízes de Direito - cada vez mais - têm em interpretar devidamente a Vida. E do legislador, então, nem se fala, pois este reage apenas à estupidez profunda emanada dos Prós e Contras e de manifestações jornalísticas quejandas.
O crime de tráfico de influências é o maior contra-senso que podia ter sido consignado em forma de lei. Pois que o exercício de influências, por definição, nunca pode ser criminoso. É uma imanência, decorrência, diria, jorrência do poder.
Só exerce influências quem exerce uma qualquer forma de poder. E se chegou a esse cargo com poder é porque ou foi eleito ou foi lá colocado por quem foi eleito. Por isso, na génese do poder - de qualquer poder - está sempre o voto democrático.
E para que serve o poder, se não for para ser exercido ? E a melhor forma de exercer o poder não é exercer influência ? Até houve para aí um tipo que lhe deu o nome de "magistratura de influência" para exercer "poderes" que nem estavam consignados na Constituição e que, obviamente e por isso, lhe estavam vedados...
Todos nós conhecemos Presidentes de Junta que deram emprego à filha ou à sobrinha, Presidentes de Câmara que passaram a efectivos os "recibos verdes" da sua campanha, Presidentes da República que arranjaram empregos chorudos para os filhos e Fundações para as Mulheres, Partidos que fizeram eleger Deputadas só porque são viúvas de um Homem-Político qualquer.
O poder existe, conquista-se em lutas encarniçadas exactamente para que o detentor do poder possa exercer influências, favorecer amigos, ajudar compadres e garantir rendimentos públicos para si e para a sua família. Para "os seus".
O exercício da influência é a decorrência óbvia da "cunha". Mas a "cunha" é a coisa mais natural à cultura portuguesa. Quase todos nós num qualquer momento da nossa vida metemos uma "cunha" a Nossa Senhora para interceder por nós junto do Filho. E os outros, os agnósticos ou os descrentes, nunca deixaram de, pelo menos, bajular o chefe na esperança, cínica, da recompensa.
Os nossos Juízes não comprendem isto, porque o Poder deles é puro. Foi por mérito científico e académico que entraram no CEJ e integraram uma elite de Poder. Mas este Carneiro que tem o cu calejado por muitos Kapas de bicicleta, faz a seguinte pergunta tão melindrosa: E é sempre pelo mérito que se entra no CEJ ?
Agora, o Vara ? Deixem o Homem em paz, porra. Para que servem os partidos políticos, as eleições, o regime, enfim, a Constituição de 1976, se não fôr para fazer o que o Homem-Vara e tantos outros como ele fazem e têm feito ?
Criaram e alimentaram um regime sem ética e agora queixam-se ?
E não me venhas tu, JM, com a treta de que esta democracia, apesar de tudo, é o regime menos imperfeito. O princípio "Um Homem um Voto" pressupõe a boa fé e o sentido ético de cada Homem. Não se garantindo essa qualidade originária do voto individual, o sistema não pode funcionar e colapsa necessariamente. Logo, o Princípio "Um Homem um Voto" está errado simplesmente porque é impraticável.
E se cada um de nós que paga impostos e tem filhos na Escola e paga a natação e paga a casa ao Banco, etc., pensar que o seu voto na urna vale tanto como o voto do cigano com trinta anos de idade que nunca trabalhou, que nunca pagou um tostão de impostos, mas que vive numa casa camarária - paga pelos nossos impostos -, com uma renda simbólica - que nem sempre está em dia -, que recebe rendimento mínimo garantido para sustentar a mulher e os seus 4 ou 5 filhos - em montantes per capita muitas vezes superiores ao rendimento de uma família equivalente que trabalhe -, que está isento nos Hospitais das taxas moderadoras - que nós pagamos -, que nos tribunais está isento de taxas de Justiça - que nós pagamos -, e quando se conclui que tudo aquilo que o cigano recebe e não paga somos nós que pagamos por ele, percebe -se facilmente que cada um dos nossos votos não pode valer tanto como o voto desse cigano.
Até porque a nossa Lei proibe os sócios de industria e os sócios apenas para os lucros. O princípio essencial do Código das Sociedades é que cada sócio tem que entrar com capital, um mínimo que seja, e os respectivos direitos e deveres são exercidos na exacta proporção do capital que cada um investiu. E, no entretanto, trabalha-se, claro. Em prol do bem comum, no caso, do bem da sociedade.
Actualização: Ademais, a prova provada da tese supra apresentada foi ilustrada pelo Mel Brooks no seu Imortal Filme Uma Louca História do Mundo em que ele, fazendo de Luis XV, apalpava as mamas a todas as gajas que lhe passavam à frente e exclamava fitando a câmara com marotice no olhar: "is good to be a King". De que serve ser Rei se um gajo não puder apalpar as mamas que lhe apeteçam ?
Os nossos políticos foram eleitos para do seu alto critério escolherem aqueles que passam a ter o direito de apalpar o cu aos outros. Só que na parte que me diz respeito, não gosto e reclamo. Não gosto desta democracia que me quer obrigar a que certos gajos tenham o direito de me apalpar o cu. Percebes, JM ? Chamar Estado de Direito Democrático a um regime em que alguns, poucos, fazem de Mel Brooks e o resto da malta faz de gajas mamalhudas ou de gajos cuzudos... Percebes o meu problema ? Eu acho que sim, tu é que tens que disfarçar porque ainda queres concorrer a Governador Civil...ou ao Preço Certo ou lá o que é...