sexta-feira, dezembro 29, 2006
DESEJO PARA 2007
Em época de mudança de calendário, todos nós, de uma forma ou de outra, com intenção mais ou menos egoísta, formulamos um desejo mais ou menos secreto para o próximo ano.
Eu desejo que em 2007 os carros fiquem mais pequenos e as bicicletas cada vez maiores.
O que isso representa em termos ambientais e de efeito-estufa, em termos económico-energéticos, em termos de saúde pública, em termos de saúde individual de cada um de nós, fica à consideração de cada leitor.
Se ainda não tem, compre uma bicicleta - por 50 € arranja uma. Pela sua saúde, comece a pedalar. De início não tenha vergonha de andar devagar. Ande sempre ao seu ritmo. A bicicleta permite que cada um adeque a intensidade do exercício à sua disponibilidade física. E, daqui a um ano, voltaremos a falar.
Em 2007 seja (ainda) mais inteligente.
DINASTIA QIN - HÁ 2200 ANOS
A Dinastia Qin reinou entre 221 e 207 a.c.. Foi a primeira vez que os Chineses se organizaram sob a forma de império. O mais proeminente dos imperadores dessa dinastia fez-se acompanhar por 8.000 guerreiros de terracota no seu túmulo, para que o pudessem servir no reino da morte. A área tumular tem cerca de 56 Km quadrados, e só uma ínfima parte está a descoberto. Por isso se admite a existência de muitos mais guerreiros.
De salientar que recentemente foi descoberta a secção ciclotransportada do exército, o que bem comprova que o ciclismo nos acompanha desde os tempos primordiais da civilização planetária.
Os arqueólogos chineses admitem que as próximas escavações possam revelar mais pelotões ciclotransportados, bem como variantes de tandem e de atrelados de tipo B.o.B. para mais rápida penetração nas linhas inimigas.
quarta-feira, dezembro 27, 2006
CORRIDA DOS CAMPEÕES II
Numa outra ocasião num Évora-Costa da Caparica com mais de 150 Km estava uma noroestada húmida daquelas típicas de Novembro. Viemos sempre contra o vento num sofrimento inglório. Quando cheguei a Montemor-o-Novo já tinha descolado do pelotão por não aguentar o ritmo. O Bernardo que levava uma das mercedes pôs-se à minha frente e, assim resguardado do vento e atingindo velocidades de 45-50 Km em plano, consegui recolar ao pelotão. Nunca tinha feito meio-fundo durante tantos quilómetros e não sabia que a eficácia era tanta. Mas pouco antes de Vendas Novas atrasei-me de novo. Então o Rui Pereira deixou-se ficar para trás e tentou rebocar-me. Colocou-se à minha frente, para cortar o vento, e mandou-me pôr a pedaleira grande - na altura usava 53 dentes. Eu ri-me. O Rui Pereira do alto da sua muita capacidade ciclística não percebia que um mortal como eu não aguentaria mais do que 500 metros na pedaleira grande naquelas condições concretas de estrada e de vento. Mesmo assim rebocou-me com andamentos mais leves e reentrei no pelotão. Foi uma das poucas vezes que andei com o Rui. Regra geral ele integra o grupo dos ex-pros que chega ao destino com uma hora de avanço em relação ao resto da equipa. Só o costumo ver à partida e quando lá chego.
MAU-GOSTO
A regra era simples. Cada um contribuía com uma prenda cujo valor não excedesse 5 €. No final do jantar tirava-se em sorteio uma prenda para cada um dos que tinham contribuído. Ninguém era obrigado, só participava quem queria.
Levei o meu Filho Miguel para que ele pudesse confraternizar com os amigos e colegas de ciclismo do pai. O moço contribuiu com uma prenda para o saco comum. E, por isso, foi-lhe sorteado um embrulho. Só que nestas coisas com muita gente, existe sempre um parvo que escolhe o mau-gosto e a boçalidade para se afirmar na cobardia do anonimato. Deste modo, saiu ao meu Filho Miguel um embrulho muito bem acondicionado em papel, fita-cola e laço e, no seu interior, um abridor de cápsulas - daqueles que se compram por 50 centimos. No meio de papéis apareceram ainda duas pedras da calçada. Se o abridor viesse sózinho, não se levava a mal, pois se presumia que aquele presente tinha sido de alguém que mais não podia dar.
Mas as pedras da calçada ilustram que chegue o espírito retorcido da besta que se deu a um trabalho daqueles só para se afirmar mais esperto que os outros, mais engraçado que os outros, enfim, diferente dos outros. Não era obrigado a participar - outros houve que, ou por não saberem, ou por não terem tido tempo, não participaram. Mas se queria participar, então incorria no dever de cumprir as regras mínimas da civilidade. O meu Filho ficou desapontado. Aproveitei para lhe explicar que na vida há sempre umas cavalgaduras à solta com quem devemos contar.
Ainda não sei quem foi, mas terei certamente muita dificuldade em tratar como amigo e colega de estrada um parvo destes.
E já chega de Natal. Voltemos às bicicletas que têm muito mais interesse.
DOPING
Numa reunião de ciclistas, não podia faltar o doping. Na imagem está o Costa, que tem treinado pouco, a meter duas linhas de cristais de sacarose a ver se recupera a forma. Utilizou um vidro que tinha servido para dar umas porradas nas sapateiras. O comum dos ciclistas presentes optou por se dopar com tinto de Borba e cerveja Sagres. Eu utilizei coca-cola light. E um ou três tintos...
PRESENTES III
Pela ordem das fotografias, recebem as suas prendas o Sousa que passou das btt para a estrada e tem a particularidade de ser um ciclista que prefere os andamentos com carretos muito pesados ou na pedaleira grande, o Agostinho que costuma ser o meu colega de quarto quando saímos e que garanto que não ressona para ver se alguém quer ficar com ele e o Carlos que é um moço cheio de qualidades para a modalidade, meticuloso e rigoroso nas questões técnicas e que dá muito jeito ter atrás de nós em andamento para nos indicar, com conhecimento de causa, os erros de postura física no acto de pedalar. Um perfeccionista e um autodidacta do ciclismo. A conversa técnica com ele é sempre enriquecedora.
PRESENTES II
Todos os que contribuiram para o saco do Pai Natal tiveram direito a uma prenda sorteada. Nas fotos vê-se o Pedro Almeida a tentar beijar o pai natal. O Pedro está muito mais magro. Andou connosco nas bicicletas, mas agora está na equipa de Futebol de Salão. Um traidor, portanto. Só perdoamos por ser filho do sponsor.
Na foto do meio está o incansável Beicinha a receber o presente, enquanto o nosso patrocinador, alheio ao trabalho do repórter fotográfico, se atravessa no ângulo.
Na ultima foto está o Paulo "das Tintas" a tentar relacionar-se com o pai natal mesmo por cima da roupa.
terça-feira, dezembro 26, 2006
IGOR
O Igor é funcionário da empresa. Foi ele quem garantiu metade das linguiças, entremeada, febras e tigres. Muitas vezes é um dos motoristas dos nossos carros de apoio. Tem muita paciência para aqueles que andam a gozar enquanto ele trabalha. Aqui fica a homenagem, apesar do cheiro a grelhados que todos levaram entranhado na roupa.
NATAL 2006 - LA-ALUMÍNIOS SPORT
No passado dia 22 de Dezembro realizou-se a confraternização de natal da nossa equipa de cicloturismo. Estiveram presentes alguns dos cicloturistas e ciclodesportistas, bem como os elementos da jovem equipa de Futebol de Salão e alguns dos funcionários da empresa-mãe, para lá de outros convidados. Na foto está Luis Almeida a receber um presente do Pai Natal.
O PAI TOJINHA NATAL
O pai natal foi encarnado - incarnado e encarnado - pelo Tojinha, alentejano de Mértola, ciclista compulsivo. É capaz de ser aquele da nossa equipa que mais quilómetros faz por ano: à volta de 14.000 Km. Na segunda foto aparece abraçado pelo Bernardo, enquanto no primeiro plano temos o Pestana com um magnífico penteado de caracóis, já que estava convencido que no jantar havia gajas, e o Beicinha que é uma espécie de pronto-socorro na estrada e na logística. Este foi um raro momento em que ele esteve sentado.
TORTAS DE AZEITÃO
As Tortas de Azeitão são um produto regional de reconhecidos méritos. A fotografia não faz justiça à aparência, ainda menos, ao sabor. Só mesmo provando. Um dos seus mais proeminentes industriais é António Martins, um betetista que tarda em pedalar na nossa equipa. Apaixonado pelo ciclismo, patrocina com generosidade variados eventos ciclísticos. Na segunda foto recebe um presente de Natal e na última posa entre o Bernardo e Luis Almeida, figurando ainda o Madeira, "o Alentejano" como é conhecido este ex-profissional sempre sorridente e bem penteado.
O MARQUES
O Marques é um ciclista com uma força inesgotável. Bom colega, falador. Às vezes em demasia, pois quando vamos à rasca a subir temos lá fôlego para conversar com ele... É Marinheiro e está prestes a embarcar numa missão de defesa da Pátria. Vai passar uns meses na Costa Africana no controlo das pirogas cheias de infelizes candidatos a imigrantes ilegais. Por essa razão de patriotismo - e também porque ele merece - tem direito a um destaque com 4 fotos.
Na primeira foto, o Marques está a tentar domar um Tigre. Na segunda recebe o presente de Natal. Na terceira conversa com Raul Matias - um dos ex-profissionais de ciclismo que nos honra com a sua amizade e convívio - enquanto o Agostinho posa no seu melhor ângulo. Na última, o Marques posa conjuntamente com as glórias do ciclismo Raul Matias e Joquim Gomes. Para a posteridade.
O JOSÉ
Pois é. A nossa equipa é como o Chelsea, também tem um "José". É o José Augusto e é o Director Desportivo. Quando o SLB perde ao Sábado à noite, fica intratável ao Domingo de manhã. Até fica amarelo e com espuma ao canto da boca. Já lhe dediquei um post, por isso, não vou acrescentar agora mais nada, que a malta começa logo a dizer que ando a engraxar o chefe...
Nas fotos vê-se a receber a prenda do Pai Natal e a petiscar ao lado do Sousa que também é um ciclista de méritos reconhecidos.
sexta-feira, dezembro 22, 2006
TRÊS DIAS
Vão ser 3 dias em Lisboa sem trânsito e sem confusões. Em especial, Domingo e Segunda-Feira. O dia de Natal, aliás, é o melhor do ano para circular ou passear em Lisboa de bicicleta. Nestes dias não saio da cidade. Ou utilizo a estrada do Porto de Lisboa entre Santa Apolónia e a Expo ou a ciclovia da estrada do Panorâmico em Monsanto. Num caso ou no outro, a fazer "piscinas". Para trás e para a frente, ou para cima e para baixo, durante 4 horas. É que para termos a hipótese de passar por locais como os da foto no Verão, temos que massacrar um pouco o corpinho na altura das filhós.
quinta-feira, dezembro 21, 2006
CORRIDA DOS CAMPEÕES I
Ora aqui está o meu amigo Bernardo a fazer as honras da equipa LA-Alumínios a dois "monstros" do ciclismo português. Foi na Corrida dos Campeões. Não fui escalado para a prova, pois queriam dar hipóteses a outros corredores, todos eles velhas glórias do ciclismo profissional. Por isso a minha equipa não ganhou. Amanhã no jantar de Natal da equipa vou pedir satisfações a quem de direito. Obviamente que eu se lá tivesse ido...
CITYBIKE
Este modelo foi concebido para utilizadores de cidade. É confortável na postura, leve no sistema de mudanças, prático na utilização. Nós portugueses é que temos a mania que só podemos utilizar modelos de corrida em fibra de carbono. Vá lá, tenha a coragem de neste Natal ser diferente. Ofereça uma bicicleta. Nos hipermercados há modelos a partir de 50 €. Não há desculpa para não se andar de bicicleta.
É a função cardíaca que melhora, é o controlo do peso, é a prevenção da obesidade e da diabetes, é o ataque natural ao colesterol e aos entupimentos cardíacos. Até a função sexual melhora. Neste natal, ofereça uma bicicleta a quem ama. E não esqueça o capacete e um par de luvas.
E daqui a um ano pode vir aqui agradecer o conselho.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
FOLDING
Estes modelos dobráveis são muito úteis em especial para aqueles que gostam de invocar não ter espaço em casa ou no carro para guardar ou transportar uma bicicleta.
Ainda me lembro de ver o malogrado Fernando Pessa a utilizar uma bicicleta destas muito acima dos noventa anos de idade.
Aliás, o Jardim Fernando Pessa - que ocupa a zona traseira do Forum Lisboa/Assembleia Municipal (antigo Cine Roma e primeira instalação do embrionário Registo Nacional de Pessoas Colectivas) - recebeu a toponímia em memória e homenagem ao ciclista mais famoso que por ali pedalou em busca de saúde e longevidade.
Logo que deixei de fumar, foi o perímetro de tal jardim que eu utilizei para as minhas primeiras pedaladas. Com 600 metros de extensão, aquele circuito permitia com relativa segurança fazer as primeiras dezenas de quilómetros. Com o meu filho Miguel - na altura com 8 anos - fazia 20 voltas ou 12 Km e íamos comer um pastel de nata para compensar o desgaste calórico. Agora 12 Km não me chegam para completar o aquecimento muscular. Mas tudo tem um início. E convém ter a humildade de recordar cada um dos momentos da nossa história ciclística. Até para sermos mais condescendentes com aqueles que só agora começam.
ANÓNIMO IV
Isto parece uma noite de eleições, com tanta informação a chegar em catadupa. Esclareceu-me mesmo agora o meu amigo Celestino, Fotógrafo, que os anónimos I e II afinal são primos entre si. Enviou-me a fotografia do casamento dos avós para ilustrar o parentesco.
Saliento que os fotografos da terra prestam um serviço inigualável na reconstituição histórica das famílias, pois organizam o único arquivo fotográfico de muitos concelhos.
A todos os amigos que se preocuparam em ajudar na identificação dos anónimos, o meu obrigado.
ANÓNIMO III
Afinal, isto está a complicar-se. Recebi informações complementares de fonte idónea no sentido de que existe um segundo anónimo que se aproveitou do anónimo inicial, para mandar também uns bitates anónimos. Segundo me garantem, este segundo anónimo é um jovem progressista com dificuldades de relacionamento com miúdas. Parece que passou a noite de núpcias em coma alcoólico só para não ter que cumprir o débito conjugal, pois que se assusta com gajas nuas. Actualmente é um solitário dedicado compulsivamente à sua arte.
COAST-TO-COAST AMÉRICA
Nos EEUU existem várias organizações que promovem a transamérica em bicicleta. A mítica travessia do continente do Atlântico ao Pacífico ou da Califórnia à Flórida. Há vários percursos, num sentido ou no outro e atravessando mais ao sul ou mais ao norte. Há empresas de viagens que se pagam bem e que incluem acompanhamento motorizado, hotelaria pré-marcada, refeições quentes e apoio médico on road. Há grupos de amigos que partem em completo espírito de aventura, sem qualquer outro apoio que não seja a solidariedade do grupo. E há os solitários, os derradeiros guerreiros da estrada. Demoram cerca de 6 semanas. Os percursos variam em função das montanhas que se contornam ou não. Mas são quase 5 mil Km garantidos. É fácil adivinhar que este é outro sonho deste ciclista. Porventura o mais improvável de ser concretizado.
terça-feira, dezembro 19, 2006
ANÓNIMO I
Há quase dois anos envolvi-me numa discussão sobre questões económicas. Um blogger, para me chamar ao blog dele, dedicou-me um post com chamada de "Carneiro" ao título, onde pretendia explicar o seu ponto de vista, invocando que eu "estava cheio de sorte, que ele era economista, que tinha tirado o curso em Évora". E do alto desta cátedra, verteu o maior conjunto de parvoíces económicas que alguma vez foram lidas. Eu respondi-lhe que era impossível que ele fosse economista, atenta a completa falta de domínio de conceitos essenciais como preço, salário, despesa corrente, balança de pagamentos, etc. E desafiei-o a indicar o ano da formatura. Em resposta a isto, o tal blogger apagou o post e editou um outro onde me acusava de o ter injuriado e de lhe ter chamado nomes à mãe, etc, etc. De imediato surgiu o coro das meninas a dizerem "parece mentira, terem-te chamado nomes, Luis, etc.", mesmo sem terem assistido ao início da história e sem saberem do que estavam a falar. Em resposta, apenas o desafiei a republicar o post que ele tinha apagado para que dos comentários fosse possível ver que eu não lhe tinha chamado nome algum para lá do título de "não-economista". E esqueci-me do gajo em absoluto. Cerca de um ano depois, um outro blogger que assistiu em directo a isto tudo deu-me a dica de passar por lá, pois o fulano estava de novo a afirmar-se economista enquanto editava mais uns disparates pseudo-economistas, desta vez a atacar Socrates, com quem se tinha entretanto zangado. Não resisti à tentação e recordei-lhe que ele deveria indicar o ano da formatura, para que ficássemos sem dúvidas sobre o título académico que ele invocava ter tirado em economia na Universidade de Évora antes do 25 de Abril. Nunca mais lá voltei. E esqueci-me de tal aventesma. Pois devemos evitar o lixo da net.
Na última semana, o gajo apareceu no Oxiclista sob indicação de uma Senhora do Norte, que pensa ter menos idade do que a que tem, com a qual nunca troquei qualquer tipo de comentário mas que a não impediu de me ter dirigido uns mimos noutros locais, escondida no anonimato, eventualmente porque desistiu de esperar que eu comente no blog dela e então resolveu que eu passava a "inimigo". Mas, insisto, nunca abordei esta Senhora, com a mania de ser mais nova, por isso não entendo o ódio de estimação que ela me dirige.
Ora aquele blogger tem sido o autor da maior parte dos comentários anónimos que surgiram no Oxiclista. Num dia tinha 27 e noutro 19. Pelo que ele escreve percebe-se o nível cultural da aventesma. Não tem sentido de humor, utiliza referências racistas, nem português sabe escrever, só emite grunhos e roncos intelectuais. Enfim, é lê-lo para se perceber o idiota que está em causa.
A blogosfera vai sendo uma aldeia e antes dele ter emitido o primeiro comentário, já me tinham avisado que a tal Senhora estava de conluio com ele e que me iriam atacar. Pois bem, que ataquem. Pois há malta que só tem mesmo jeito para andar no ataque.
Entretanto, vamos todos tentar tirar proveito dos comentários que ele vai deixando a esmo. Digam lá quem é que consegue ter um comentador destes, a um nível tão baixito ?
Ah, já esquecia: obviamente que o atrasadito mental não sabe andar de bicicleta.
segunda-feira, dezembro 18, 2006
O "ALMOÇO"
Enquanto preparei o meu raide de verão, fiz cerca de mil Km com o reboque, inicialmente para me habituar à "condução" e depois para ensaiar médias e estratégias de progressão em subida, em descida, com meia-carga, com carga-inteira, etc. Aos sábados e domingos fazia uma volta nunca inferior a 100 Km, visando a média de 110 Km/dia que pretendia obter durante a viagem. Nesses percursos era muitas vezes ultrapassado por pequenos grupos de ciclistas. Nunca deixavam de se meter comigo. "Então, amigo, leva aí o almoço ?"- referiam-se eles ao meu reboque, instrumento completamente estranho para a maioria. E a interpelação não era ingénua. Pretendiam frisar, do alto da respectiva arrogância ciclística, que era um disparate completo andar a puxar um reboque em vez de os imitar nos tiques de profissionais domingueiros. Mesmo percebendo onde queriam chegar, respondia com o sorriso amarelo da humildade: " Se é servido, acenda a fogueira aí à frente..." ou outra palermice que me ocorria dizer só para não estar calado. Mas ao fim de ouvir a mesma coisa vinte vezes seguidas, qualquer homem começa a cansar-se de ser simpático. E numa ocasião em que um grupo de uns 10 passou por mim no seu melhor estilo aligeirado de peso supérfluo, imitando todos os tiques dos ciclistas profissionais, falaram no "almoço" e um deles até se permitiu comentar "é pouco parvo, é...", decidi que não mais responderia a ditotes. Mais à frente estavam parados com um furo e perguntaram-me se eu por acaso não teria uma câmara de ar a mais. Respondi cinicamente que não, "eu só levo aqui o almoço", disse em voz alta e "puta que os pariu", pensei para os meus botões. Por acaso, andava com a caixa da ferramenta no reboque a fazer lastro e devia ter, talvez, umas 6 camaras de ar. Foi a única vez que na estrada não dei a assistência possível a um ciclista avariado. Para esse grupo de dez ciclistas, aqui fica a foto de um cesto de almoço, cujo modelo vou mandar copiar para fazer pic-nics no verão.
Estranha mania esta que os portugueses têm de menorizar e inferiorizar tudo aquilo que os surpreende ou interpela. Basta imaginar a cara dos meus vizinhos quando eu passar a ir à praça com aquele cesto de verga no meu reboque.
SHAMAL ULTRA
O leitor e futuro companheiro de estrada Rui Ferreira alertou para a existência do modelo Shamal Ultra como o topo de gama em alumínio na família Campagnolo, completando e corrigindo uma informação que eu tinha publicado sobre a matéria. Aqui está ela, a Shamal Ultra, em cor dourada, com o peso total de 1395 gramas, com aplicações de carbono e de cerâmica no eixo e rolamentos. Desconheço o preço, pois só a encontrei no site da Campagnolo.
Entretanto, ontem parti um raio na roda traseira das minhas Zonda. Em frente a Santa Apolónia, com o alcatrão completamente liso, ouvi um estampido que parecia o ladrar de uma 6,35. Foi pura fadiga de material, pois nenhum obstáculo perturbou naquele momento a fluidez do movimento. Eram novas desde Fevereiro e tinham pouco mais de de 8.000 Km. O que me deixa algo preocupado quanto à qualidade genérica do material. Se bem que estas rodas não tenham sido criadas para andar a puxar reboques. De todo o modo, e apesar do número reduzido de raios, a roda não empenou e permitiu chegar a casa - mais 10 Km - sem qualquer outro cuidado que não fosse evitar os buracos para não quadrar a jante.
Já substituí pela Scirocco, algo mais pesada e dotada do clássico sistema de eixo Campagnolo que lhe dá aquele cantar característico da marca quando vai em roda livre. O pinhão desta é um pouco mais pesado, pois agora vou andar em 12-26, enquanto a Zonda tinha 13-29 - que em Abril me permitiu fazer algumas escaladas especiais.
Ainda não sei como vou mudar o raio, pois o sistema de fixação é diferente do tradicional, dado as jantes não serem perfuradas para que se introduza o raio pelo lado de dentro. Vou telefonar ao Chico Portugal (reparem na forma subtil, mas exibicionista, com que introduzi o Chico na conversa). Para quem não se lembra, o Chico foi profissional de ciclismo, sprinter de reconhecidos méritos, e agora é um dos mecânicos da equipa continental LA-Alumínios. E, quando tem tempo - o que nem sempre acontece -, faz-me o favor de prestar assistencia técnica à bicicleta. Ou seja, posso dizer que eu e o Candido Barbosa partilhamos o mesmo mecânico. É quase como ter um Renault e ser assistido por um mecânico da Williams. Se esta coisa do ciclismo dependesse apenas do material e da assistencia técnica...