MAU-GOSTO
A regra era simples. Cada um contribuía com uma prenda cujo valor não excedesse 5 €. No final do jantar tirava-se em sorteio uma prenda para cada um dos que tinham contribuído. Ninguém era obrigado, só participava quem queria.
Levei o meu Filho Miguel para que ele pudesse confraternizar com os amigos e colegas de ciclismo do pai. O moço contribuiu com uma prenda para o saco comum. E, por isso, foi-lhe sorteado um embrulho. Só que nestas coisas com muita gente, existe sempre um parvo que escolhe o mau-gosto e a boçalidade para se afirmar na cobardia do anonimato. Deste modo, saiu ao meu Filho Miguel um embrulho muito bem acondicionado em papel, fita-cola e laço e, no seu interior, um abridor de cápsulas - daqueles que se compram por 50 centimos. No meio de papéis apareceram ainda duas pedras da calçada. Se o abridor viesse sózinho, não se levava a mal, pois se presumia que aquele presente tinha sido de alguém que mais não podia dar.
Mas as pedras da calçada ilustram que chegue o espírito retorcido da besta que se deu a um trabalho daqueles só para se afirmar mais esperto que os outros, mais engraçado que os outros, enfim, diferente dos outros. Não era obrigado a participar - outros houve que, ou por não saberem, ou por não terem tido tempo, não participaram. Mas se queria participar, então incorria no dever de cumprir as regras mínimas da civilidade. O meu Filho ficou desapontado. Aproveitei para lhe explicar que na vida há sempre umas cavalgaduras à solta com quem devemos contar.
Ainda não sei quem foi, mas terei certamente muita dificuldade em tratar como amigo e colega de estrada um parvo destes.
E já chega de Natal. Voltemos às bicicletas que têm muito mais interesse.
3 Comments:
Boa noite!
Cheguei aqui vindo da sulista.
Li o relato dessa história e só tenho um comentário a fazer:
"Mas que grande e refinada BESTA!"
Um abraço.
Jorge G - "O Sino da Aldeia" porque avisar é preciso
Ó pá, então não vês que era só para dar "corpo" ao embrulho? Se não tivesse peso...
Carneiro, a uma besta dessas só apetece fazer cumprir o seguinte provérbio: "Quando lhe atirarem uma pedra não desanime! Pegue na pedra e faça um degrau; suba-o e posto isso e uma vez num plano superior, pegue de novo na pedra aponte-a e atire-a aos cornos do fdp que lha atirou". O puto que guarde as pedras... Nunca se sabe!
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