quinta-feira, abril 28, 2011

SUBSÍDIO DE DESEMPREGO

Perder o emprego é dramático e a generalização do Subsídio de Desemprego é um progresso social de inquestionável valor. Mas já não é razoável ou moral (nem nunca foi) que se recuse um novo emprego por € 600 só porque se está a receber um subsídio no valor de € 700. Nestes casos, digo eu, passa a receber subsídio apenas na diferença dos 600 do novo emprego para os 700 do subsídio. Agora, se trabalha ou não para receber os 600 é problema do desempregado voluntário (sim, nesta caso, passa a ser voluntário o seu desemprego).
É que, quem trabalha, muitas vezes tem que meter a mão na merda para desentupir a sanita e garantir o emprego, mas quem está desempregado já tem o direito a reclamar com o cheiro e a negar-se a sujar as unhas.
Coisa diferente é incluir-se nesta ponderação o eventual aumento dos custos de transporte para se ir trabalhar no novo emprego. Mas com custos iguais, o desempregado só passará a ter direito a receber € 100 por mês. Se quer os outros € 600 vá trabalhar no novo emprego. Ah, mas o novo emprego é funcionalmente menos qualificado do que aquele que gerou o desemprego. Melhor ainda, respondemos nós. Desse modo, com qualificações a mais, a qualidade do desempenho só pode subir, aumentando a produtividade. Ah, mas eu tenho vergonha de, sendo engenheiro, ir despejar os contentores do lixo por € 600. Olhe, Senhor Engº, dizemos nós, o Senhor deveria é ter vergonha de estar sem fazer nada a receber da comunidade € 700 por mês, em vez de estar a trabalhar sendo útil à sociedade. Ah, mas despejar contentores do lixo não é digno da minha formação profissional, não esqueça que andei 5 anos na faculdade. Pois, está bem, respondemos nós, eu também andei por lá seis anos mais uma pós-graduação e ando aqui a tratar de assuntos da classe média e dos pobres em vez de estar a administrar a Fundação Gulbenkian conforme mereceria e estava escrito nas estrelas.
Azar o nosso. Todos merecemos muito mais, mas a cabra da vida dá-nos muito menos. Só nos resta, mesmo, é tentar fazê-lo bem, com dignidade e com competência. E não nos pendurarmos a tentar viver à custa do trabalho dos outros.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Mais um texto muito pertinente!!! O Xiclista não perdoa!

Abraço!

Carlos Augusto

09:47  

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