quarta-feira, abril 27, 2011

MEDITAÇÕES ELEITORAIS



Não chega que Passos Coelho diga apenas isto. Passos Coelho tem que descer do pedestal da urbanidade contida e chamar os bois pelos nomes. Passos Coelho tem que afirmar que não faz acordos com Sócrates porque Socrates é trafulha e mentiroso, não merecendo que nele se confie. Passos Coelho tem que assumir a sua inexperiência, óbvia, como Primeiro Ministro e dar a escolher ao Povo entre um Primeiro-Ministro sério, honesto e inexperiente, e um Primeiro-Ministro experiente, mas vigarista e mentiroso. Enquanto Passos Coelho não falar a linguagem que o Povo entende, o afastamento de Sócrates do timão da Nação será cada vez mais remoto.



2. Voto útil

Nunca votei PSD, até porque na época própria fui muito crítico do cavaquismo e da aura de bons alunos e de videntes iluminados do reino europeu do bem-estar e do progresso, da carruagem da frente do comboio europeu , do sector terciário para dar emprego e produzir riqueza, como se as pessoas tivessem passado a comer telemóveis e apólices de seguros em vez de batatas e feijão, o que tudo junto conduziu ao aniquilamento da agricultura e das pescas. Em especial da agricultura do Oeste onde tinha e tenho interesses familiares. Votar em 2011 no PSD seria, assim, um dramático e violento exercício de cidadania pelo meu lado, já que teria que engolir todos os sapos agrícolas da gestão Cavaco. Ainda me lembro duns célebres 104 milhões de contos que foram recebidos com o pretexto de compensar a antecipação em 4 anos da integração plena na PAC que os Engºs Amarais da época entregaram ao betão e às auto-estradas que actualmente estão vazias de utilizadores, como seja a alentejana e outras que bem conhecemos. Ainda recordo que as ajudas de pré-adesão para a agricultura totalizaram cerca de 300 milhões de contos, sendo que o sector agrícola na mesma época pagou só em juros dos investimentos que efectuou para se modernizar a soma de 380 milhões de contos. Ou seja, na época do cavaquismo, como agora, os subsídios europeus rapidamente engrossavam as tesourarias das grandes empresas e dos Bancos. Por isto e por muito mais, votar PSD em Lisboa seria "a derradeira última" (na imortal expressão de Paulo Martins na Eurosport) oportunidade que eu concederia ao regime antes de passar à clandestinidade. De repente o meu dilema foi ultrapassado porque votar PSD em Lisboa é votar em Fernando Nobre e o meu voto não pode fugir para o bolso de outro megalómano espertalhaço. Em Viana do Castelo votaria PSD. Ou em Bragança. Em Lisboa é uma questão de higiene mental não votar PSD. Deste modo, tenho como hipóteses votar CDS, PCP ou BE. E a clandestinidade, claro. Ou emigrar para a Nova Zelândia. Ou encabeçar um Golpe de Estado. Não está fácil.