segunda-feira, abril 18, 2011

O BENFIQUISMO DO GUARDA ABEL


O conjunto de atitudes de Luis Filipe Vieira está a incendiar o futebol. E está a pôr em causa a segurança das pessoas. De todas as pessoas. Os benfiquistas sempre que foram apanhados com as calças na mão, usaram a justificação: "Ah, mas vocês há 25 anos também lá tinham o Guarda Abel". É verdade que o Guarda Abel existiu e que deixou memória de um comportamento no qual não me revejo e do qual não tenho qualquer tipo de orgulho. Porém, a comunicação social ao longo dos anos tem conseguido amenizar a cor do disparate vermelho e carregar no azul. Veja-se como as claques são tratadas. Liminarmente devo reafirmar que as claques deveriam ser extintas, todas elas, ponto final. Mas recordo a apreensão de armas ilegais e de armas de guerra bem como de quantidades de droga dentro das instalações do Estádio da Luz. Essa notícia há muito que foi abafada. Mas em contrapartida um homicida condenado foi amplamente relacionado com o FCPorto, porque há dez atrás pertenceu a uma claque dos dragões. Há dez anos atrás.

Os apedrejamentos são recíprocos e sempre censuráveis. Mas os jornais dão destaque aos sofridos pelos cores vermelhas, enquanto que os outros já não são notícia. Os últimos actos de anti-desportivismo praticados no Estádio da Luz deveriam envergonhar qualquer pessoa bem formada. Mas não, a esmagadora maioria dos benfiquistas que eu conheço, à excepção de uma única situação, não se demarcou. Antes tendo utilizado saloias justificações do tempo do Guarda Abel.

Estou a escrever directamente para os Benfiquistas que eu conheço. Porque cidadania activa é interagir com o meio que nos rodeia, com as pessoas que eu conheço. Não é querer mudar o mundo em afirmações abstractas de "deveria ser assim ou assado". Por favor, percebam a gravidade do momento e deixem-se de ambivalências. Percebam que a vossa atitude desculpabilizante do comportamento da actual Direcção do Benfica está a criar um ambiente explosivo. Com consequências imprevisíveis. Atenção, que estamos todos sentados num barril de pólvora. Os sinais estão à vista. A qualquer momento vai acontecer uma desgraça. Com a cumplicidade de todos aqueles que, podendo agora levantar a voz contra a violência, preferem estar calados a remoer a lembrança do Guarda Abel.

Percebam que quem queimou um autocarro dos adversários não foi o Guarda Abel. Percebam que quem pôs em coma um jogador de Hóquei em Patins com uma traumatismo craneano não foi o Guarda Abel. Percebam que quem preparou e executou emboscadas em túneis não foi o Guarda Abel. Percebam que quem matou um adepto adversário num estádio de futebol não foi o Guarda Abel. Percebam que quem faz apelos na televisão à violência, transmite falsas notícias da morte de um adepto e deseja a morte aos adversários não é o Guarda Abel. Por favor, percebam que quem instalou o actual clima de confronto para justificar a falta de resultados desportivos e de gestão financeira não foi o Guarda Abel. Porque só incendeia o ambiente aqueles que, em alternância, reconheço, necessitam desse ambiente para camuflar perante os consócios o seu fraco desempenho como dirigentes.

Bem sei que para cada uma daquelas situações, vocês arranjam outra para tentar empatar o resultado da parvoíce. Mas a questão não é ver quem ganha o campeonato da parvoíce. A questão é cada um de nós criticar as parvoíces que acontecem dentro da nossa casa.

Por favor, demarquem-se. Tenham a coragem de Bagão Felix e de Marques Mendes que criticaram publicamente os últimos comportamentos no Estádio da Luz.

Por favor tenham a inteligência de perceber que isto já nada tem a ver com futebol. Tem a ver com a cidadania, com a liberdade e com a vida dos nossos filhos.


Porque é que depois de expressamente me manter afastados destes "futebóis", agora retomo o tema ?

Porque ao contrário do que alguns pensam, esta matéria não é assunto de brincadeira. Não podemos brincar com a violência porque a vulgarizamos e banalizamos. Brincar com a falta de fair-play é o mais longe que podemos ir. Brincar com a questão da violência, nunca.

Mas volto a esta matéria de forma mais incisiva porque a Escola de Futebol onde ia inscrever um filho meu foi queimada e vandalizada por benfiquistas. Não me venham com a história de criminosos infiltrados. Esses existem nas drogas e nas armas. Mas queimar uma Escola de Futebol a começar pelo emblema foi obra de benfiquistas. De benfiquistas que praticam os ditames da violência incentivada por Luis Filipe Vieira e pelo perigoso instrumento que ele tem ao seu dispôr que é a Benfica TV.

E quando uma sociedade chega ao triste ponto de as suas escolas serem queimadas, está na altura de pôr os pontos nos iis. Já não há mais guardas abeis para justificar o que quer que seja. As pessoas íntegras deste país só têm que condenar a violência, qualquer que ela seja. Quem o não fizer, porque não tem coragem de ver o cotão acumulado no seu umbigo benfiquista, não merece que eu o trate como amigo. Porque os meus amigos só conhecem o certo e o errado. Com a Ética não há compromissos nem desculpas.

Depois de queimarem uma Escola, haja alguém com vergonha na puta da cara.

3 Comments:

Blogger aamorim said...

Claro que assino por baixo, fazendo também meu o texto.
Porque vai de encontro ao que sinto, como adepto de futebol.
Já é altura de acabar com toda esta palhaçada que se vive no futebol, no Sul, no Centro e no Norte...
E acreditem, já que os políticos não têm tomates para resolver esta triste situação, a solução está nas nossas mãos. Basta uma recusa geral das pessoas de bem em comparecerem nos estádios (em todos eles), durante algum tempo, deixando o espaço todo livre para as "claques" (salvo raras e boas excepções, um bando de arruaceiros violentos, pagos para isso) para todos eles perceberem que já atingimos o limite. Acabava o velho poder instituído, dos velhos bafientos, acomodados aos seus "cargos", o que infelizmente nunca irá acontecer (alguns, muitos, arriscavam a serem presos...), pois a grande maioria do adeptos não passam de uns carneirinhos (passe a expressão, com todo o respeito) sempre ansiosos pela última boca enviada para incendiar ainda mais esta triste realidade.
Basta de violência parva e gratuíta (ainda ontem assisti pessoalmente a isso no estádio do FCP... infelizmente ninguém admite que a derrota faz parte do desporto, mesmo com algumas falhas pelo meio...).
Eu continuo a acreditar que os erros acontecem naturalmente, da própria natureza humana.
O jogo de ontem, a que assisti, acabou com troca de abraços e camisolas pelos jogadores... Atítude bonita e louvável!
Será isto possível na próxima quarta-feira? Não acredito, eles, os que mandam, não deixam...

17:27  
Anonymous NC said...

Assino por baixo. Infelizmente as claques dos chamados grandes reflectem a generalidade do país, o charco, mas como poderemos esperar medidas sérias da gente que está à frente disto?...

12:16  
Blogger Agnelo Figueiredo said...

Olha que são poucos os que percebem isto.

20:59  

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