A GRAVAÇÃO
Alan Perkins: O que desencadeou a acção da polícia? A queixa era sobre corrupção...
Charles Smith: O primeiro-ministro, o ministro do Ambiente é corrupto.
Alan Perkins: Quando tudo estava a ser construído qual era a posição dele?
Charles Smith: Este tipo, Sócrates, no final de Fevereiro, Março de 2002, estava no Governo. Era ministro do Ambiente. Ele é o tipo que aprovou este projecto. Ele aprovou na última semana do mandato, dos quatro anos. Em primeiro lugar, foi suspeito que ele o tenha aprovado no último dia do cargo... E não foi por dinheiro na altura, entende?Isto foi mesmo ser estúpido...
Alan Perkins: Quando foram feitos os pagamentos? Como estava em posição de receber pagamentos se aprovou o projecto no último dia do cargo?
Charles Smith: Foram feitos depois. Ele pediu dinheiro a dada altura, mas não...
Charles Smith: João, foi aprovado e os pagamentos foram posteriormente?
João Cabral: Certamente... Houve um acordo em Janeiro. Eles tinham um acordo com o homem do Sócrates, penso que é em Janeiro.
Charles Smith: Sean (Collidge) reuniu-se com o tipo. Sean reuniu-se com funcionários dele, percebe? Sean e Gary (Russel) reuniram-se com eles.
Alan Perkins: Houve um acordo para pagar?
Charles Smith: Para pagar uma contribuição para o partido deles…..
Charles Smith: Nós fomos o correio. Apenas recebemos o dinheiro deles. Demos o dinheiro a um primo... a um homem...
Esta é parte de gravação que passou na TVI e que anda disseminada pela blogosfera.
Nesta como noutras situações análogas - de que os célebres 50 mil contos do aeroporto de Macau são o melhor exemplo - as empresas pagaram luvas, subornos, o que quer que seja. Mas não foi para benefício concreto do político interveniente. Foi para o partido respectivo. Para subsidiar as campanhas eleitorais. Esta é a minha crença, alicerçada em vestígios, inquéritos, processos que chegam ou não a julgamento ao longo destes anos todos de regime democrático e transparente. Nas autarquias acontecia o mesmo. Os promotores imobiliários tinham que subsidiar as campanhas, para os projectos serem aprovados. Houve casos, como o da Amadora, em que um promotor tinha que subsidiar as campanhas eleitorais dos 4 partidos mais representativos, para garantir a aprovação do projecto (este sistema como se compreende era, de longe, o mais democrático). E quando o dinheiro era muito, até se sustentava o clube de futebol lá do sítio. Porque julgam que clubes como o Felgueiras, o Portimonense e outros andaram pela Primeira Divisão ?É por isso que os políticos reclamam sempre inocência: é que eles sentem-se inocentes, pois não abicharam dinheiro. Mais, eles sentem que cumpriram o dever para com o partido respectivo. Faz parte da função partidária, quando se chega ao poder, criar dificuldades para vender facilidades. É por isso que no caso de Macau, os corruptores foram condenados e o corrompido foi absolvido. É que Melancia não recebeu o dinheiro para si. Foi para o partido.
Os únicos que do ponto de vista pesoal se orientaram, e muito, com este dinheiro sem rosto, sem rasto e sem odor, foram os cobradores. Aqueles funcionários dos partidos que fazem a volta a recolher as notas para depositar em contas bancárias dissimuladas. Cada partido tem um gajo destes que é intocável, pois se o incomodam e se ele põe a boca no trombone...
No Dia das Mentiras, entendi por bem lembrar a mentira em que assenta a III República.
1 Comments:
"Criar dificuldades para vender facilidades"
!!!!!!!!!!!!!
Enviar um comentário
<< Home