Entre as misérias que o salazarismo nos legou, uma das piores foi o mito de que o PCP combateu a ditadura em nome da liberdade. No mundo real, o PCP lutava por uma ditadura mais repressiva, da qual aliás se espreitou o grotesco rosto em 1975. Em 2015, é ridículo – e sobretudo triste – ter de o lembrar. Mas a lenda da “generosidade” comunista resistiu ao 25 de Novembro, à queda do Muro e à enésima divulgação das carnificinas pedagógicas inspiradas por Marx. Em países sem tradição autocrática recente, o comunismo, em qualquer das sangrentas variantes, é o tique nervoso de uns poucos excêntricos, geralmente confinados à universidade ou ao manicómio. Graças ao Estado Novo, os comunistas nativos chegam a 20% no Parlamento. E, em estimativa moderada, a uns 50% nos media.
Uma comédia vermelha - Por Alberto Gonçalves
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2 Comments:
Excelente prosa. Tudo sem medo das palavras.
Vale a pena ler semanalmente na última página da "Sábado" as crónicas do Alberto Gonçalves. Demolidor nas ideias e nas apreciações e ainda por cima a saber escrever, coisa que nos dias de hoje não abunda por cá na imprensa escrita...
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