Estreia-se hoje a colaboração regular de um jovem que, provavelmente daqui a 20 anos, será o treinador principal do FCPorto.
FCPORTO 2 - MARÍTIMO 0
"Apenas com o
espanhol Oliver Torres no onze inicial, Lopetegui demonstra que não valoriza os
jogadores por nacionalidade, nomeadamente por serem espanhóis. Na baliza optou
pelo Fabiano apesar de alguns erros na pré-época a jogar com os pés, capacidade importante para o estilo de jogo do
treinador. Na defesa, sem surpresa,
escolheu os 4 jogadores que mais garantias davam: Danilo, Maicon, o reforço
Martins Indi e Alex Sandro. No meio campo estreou Ruben Neves de 17 anos
formando triângulo com Herrera e Oliver. E no ataque o mais experiente,
Quaresma, juntamente com Brahimi e
Jackson.
Na extrema
esquerda, Brahimi tinha tendência para
descair para o meio, abrindo a ala para as subidas de Alex Sandro ou também para
possibilitar combinações com Oliver, fortalecendo
o jogo interior que supostamente caracteriza o estilo de jogo do Lopetegui.
Supostamente, porque todos os comentadores assim o dizem, mas nós nunca o vimos treinar outra equipa, para podermos
formular uma opinião mais clara.
Este jogo dividiu-se em 4 fases. Nos primeiros 35
minutos o Porto dominou completa e
praticamente sem erros. Tirando um desequilíbrio na direita da defesa, o Porto
não cometeu erros e saiu a jogar com
fluidez e velocidade. Na primeira fase de construção de jogo destaca-se Ruben
Neves que era o pilar da equipa e que decidia para que corredor (laterais ou
central) o jogo se desenrolava. Quando ao jogo afunilava num corredor lateral,
os jogadores podiam sempre contar com o Ruben porque este antes de receber a
bola já tinha noção de onde a deveria meter a seguir. Isto faz com que a equipa
do Marítimo se desgastasse a correr atrás da bola, não impedindo, porém, que surgissem espaços no meio onde os
jogadores do Porto metiam passes de rotura ou passavam com a bola controlada. Ou
seja, para a velocidade de circulação da bola,
Ruben Neves foi um dos jogadores fundamentais. Nestes primeiros 35
minutos de jogo, destacaram-se o Ruben pelas razões apontadas, Oliver com a sua criatividade, Brahimi com velocidade e bom toque de bola e
principalmente a equipa no seu colectivo. Até aqui o Porto esteve muito bem, conseguindo marcar um golo
e tendo criado mais algumas oportunidades. A posse de bola rondava aproximadamente os 70%,
enquanto que as linhas defensivas do Marítimo estavam muito atrás, chegando a
descer quase até à sua grande área.
Na segunda
fase de jogo, dos 35 minutos até ao
intervalo, notou-se que a equipa tirou o
pé do acelerador, compreensivelmente devido ao alto ritmo imprimido antes no
jogo. Contudo, por vezes, não trocou bem a bola perdendo-a para o adversário que também não conseguiu
construir muitos contra-ataques bem sucedidos. A equipa perdeu gás e precisava
do intervalo.
A terceira
fase de jogo ocorreu no início da segunda parte até, aproximadamente, aos 55
minutos. Nestes primeiros 10 minutos a equipa
estava a perder o meio-campo e os jogadores do Marítimo estavam a subir de
rendimento, principalmente Danilo
Pereira que esteve no seu melhor momento do jogo. Para além disso, o Marítimo
entrou com as linhas muito subidas e com pressão alta a começar à saída da
grande área do Porto que não conseguiu lidar bem com essa situação. Nesta fase
os únicos ataques do Porto eram de pânico porque os centrais ou o guarda-redes arriscavam
perder a bola com um mau passe. Lopetegui apercebeu-se disso e aos 52 minutos
efectuou a primeira substituição. Tirou
Herrera que nesse momento era o jogador com menor rendimento e
lançou Casemiro para a posição “8”
enquanto que Ruben continuava a “6”. Não querendo menosprezar a qualidade do
Herrera, a verdade é que a partir daí o Porto melhorou e conseguiu ultrapassar
as linhas de pressão do Marítimo, trocando
a bola no meio campo defensivo madeirense.
Finalmente, a
quarta fase do jogo passou- se na ultima meia hora. O
Marítimo voltou a baixar as linhas defensivas e o Porto conseguiu alguns
ataques perigosos. O jogo esteve partido porque o Porto atacava, perdia a bola
e o Marítimo saía em contra ataque e vice-versa, o que se deveu ao desgaste
físico de alguns jogadores, talvez pela época ainda estar no início. O Porto
esteve por cima e após uma jogada muito boa de Tello, Jackson falha isolado à frente do guarda
redes e com um ressalto, a bola sobrou para a sua frente , conseguindo fechar o
jogo com um segundo golo fácil."
Lisboa, 15.08.2014
Vasco Carneiro