sexta-feira, agosto 15, 2014

CRÓNICAS DA BOLA

Estreia-se hoje a colaboração regular de um jovem que, provavelmente daqui a 20 anos, será o treinador principal do FCPorto.

FCPORTO 2 - MARÍTIMO 0

"Apenas com o espanhol Oliver Torres no onze inicial, Lopetegui demonstra que não valoriza os jogadores por nacionalidade, nomeadamente por serem espanhóis. Na baliza optou pelo Fabiano apesar de alguns erros na pré-época  a jogar com os pés, capacidade  importante para o estilo de jogo do treinador.  Na defesa, sem surpresa, escolheu os 4 jogadores que mais garantias davam: Danilo, Maicon, o reforço Martins Indi e Alex Sandro. No meio campo estreou Ruben Neves de 17 anos formando triângulo com Herrera e Oliver. E no ataque o mais experiente, Quaresma, juntamente com  Brahimi e Jackson.
Na extrema esquerda,  Brahimi tinha tendência para descair para o meio, abrindo a ala para as subidas de Alex Sandro ou também para possibilitar combinações com  Oliver, fortalecendo o jogo interior que supostamente caracteriza o estilo de jogo do Lopetegui. Supostamente, porque todos os comentadores assim o dizem, mas nós nunca  o vimos treinar outra equipa, para podermos formular uma opinião mais clara.
Este jogo  dividiu-se em 4 fases. Nos primeiros 35 minutos  o Porto dominou completa e praticamente sem erros. Tirando um desequilíbrio na direita da defesa, o Porto não cometeu erros e  saiu a jogar com fluidez e velocidade. Na primeira fase de construção de jogo destaca-se Ruben Neves que era o pilar da equipa e que decidia para que corredor (laterais ou central) o jogo se desenrolava. Quando ao jogo afunilava num corredor lateral, os jogadores podiam sempre contar com o Ruben porque este antes de receber a bola já tinha noção de onde a deveria meter a seguir. Isto faz com que a equipa do Marítimo se desgastasse a correr atrás da bola, não impedindo, porém, que  surgissem espaços no meio  onde  os jogadores do Porto metiam passes de rotura ou passavam com a bola controlada. Ou seja, para a velocidade de circulação da bola,  Ruben Neves foi um dos jogadores fundamentais. Nestes primeiros 35 minutos de jogo, destacaram-se o Ruben pelas razões apontadas,  Oliver com a sua criatividade,  Brahimi com velocidade e bom toque de bola e principalmente a equipa no seu colectivo. Até aqui o Porto  esteve muito bem, conseguindo marcar um golo e tendo criado mais algumas oportunidades.  A posse de bola rondava aproximadamente os 70%, enquanto que as linhas defensivas do Marítimo estavam muito atrás, chegando a descer quase até à sua grande área.
Na segunda fase de jogo, dos  35 minutos até ao intervalo,  notou-se que a equipa tirou o pé do acelerador, compreensivelmente devido ao alto ritmo imprimido antes no jogo. Contudo, por vezes, não trocou bem a bola perdendo-a  para o adversário que também não conseguiu construir muitos contra-ataques bem sucedidos. A equipa perdeu gás e precisava do intervalo.
A terceira fase de jogo ocorreu no início da segunda parte até, aproximadamente, aos 55 minutos. Nestes primeiros 10 minutos  a equipa estava a perder o meio-campo e os jogadores do Marítimo estavam a subir de rendimento, principalmente  Danilo Pereira que esteve no seu melhor momento do jogo. Para além disso, o Marítimo entrou com as linhas muito subidas e com pressão alta a começar à saída da grande área do Porto que não conseguiu lidar bem com essa situação. Nesta fase os únicos ataques do Porto eram de pânico porque os centrais ou o guarda-redes arriscavam perder a bola com um mau passe. Lopetegui apercebeu-se disso e aos 52 minutos efectuou a primeira substituição. Tirou  Herrera que nesse momento era o jogador com menor rendimento e lançou  Casemiro para a posição “8” enquanto que Ruben continuava a “6”. Não querendo menosprezar a qualidade do Herrera, a verdade é que a partir daí o Porto melhorou e conseguiu ultrapassar as linhas de pressão do Marítimo,  trocando a bola no meio campo defensivo madeirense.
Finalmente, a quarta fase do jogo passou- se na ultima meia hora. O Marítimo voltou a baixar as linhas defensivas e o Porto conseguiu alguns ataques perigosos. O jogo esteve partido porque o Porto atacava, perdia a bola e o Marítimo saía em contra ataque e vice-versa, o que se deveu ao desgaste físico de alguns jogadores, talvez pela época ainda estar no início. O Porto esteve por cima e após uma jogada muito boa de Tello,  Jackson falha isolado à frente do guarda redes e com um ressalto, a bola sobrou para a sua frente , conseguindo fechar o jogo com  um segundo golo fácil."
Lisboa, 15.08.2014
Vasco Carneiro


2 Comments:

Blogger Bruno said...

Não vi o jogo mas a constatar pela crónica parece que acabei por ver. Parabéns pelo trabalho e força na evolução. É também bonito constatar um jovem português de 17 anos ser titular e marcar o primeiro golo da liga.

16:37  
Blogger carneiro said...

e um de 14 a explicar ao respectivo Pai como correu o jogo

22:09  

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