QUEM PAGA ?

Imaginemos que um cidadão sul-americano entra em Portugal com cerca de uma centena de 'bolotas' de cocaína que introduziu, engolindo voluntariamente, no respectivo sistema digestivo. No aeroporto começa-se a sentir mal, porque uma 'bolota' começou a derramar directamente para o intestino. É operado de urgência em S. Francisco Xavier. Fica em coma, ocupando uma das vinte camas de Cuidados Intensivos com o custo diário de € 5.000. A cirurgia teve um custo de € 6.000. O prognóstico é muito reservado. O mais certo é morrer dentro de 4 ou 5 dias. Se se salvar, terá que ser julgado em Tribunal com natural direito a um Advogado Oficioso e quase certo que apanhará 4 anos de prisão, sendo que (números redondos) cumprirá 3 anos numa prisão portuguesa antes de ser repatriado, pagando o Estado Português o custo do bilhete de avião. Por outro lado, a racionalização dos custos dos serviços de saúde obriga a encerrar um Centro de Saúde numa sede de concelho do interior norte do país por incomportabilidade financeira.

Pergunta-se: Quer a sociedade portuguesa assegurar o pagamento de todas as despesas de saúde e judiciais deste cidadão ? Ou quer a sociedade portuguesa que se 'desligue a máquina' e que se deixe o infeliz traficante morrer ? Quer a sociedade portuguesa pagar mais impostos para que a ninguém seja 'desligado a máquina' em caso algum ? Quer a sociedade portuguesa pagar mais impostos para que não se encerre mais Centro de Saúde algum ?