MANGUALDE
"Oh Mangualde, oh Mangualde, Terra que me abrigás-te" - É com estas ternas, sentidas e singelas palavras que um poeta local faz o elogio da sua terra. Eu, modestamente, apenas me atrevo a editar esta foto representativa de um estilo arquitectónico enraizado na cultura da nossa gente que muito apraz ao meu patrocinador. De todo o modo é a única que tirei em Mangualde, pois o cartão de 512 megas atingiu a sua plenitude. Por causa do feriado do 15 de Agosto, só em Coimbra comprei outro cartão de 2 Gigas. Mas vamos à minha desdita pelas terras de Azurara:
Com aquela epopeia toda na ida - veja-se o post anterior - cheguei com alguma indisponibilidade física e mental. Muito justo, como dizem os ciclistas profissionais. E apertado pelas horas pois já tinham batido as oito da tarde. Gosto de chegar mais cedo, pois a procura de alojamento pode ser complicada por causa da noite. Mas estava descansado pelo Zé Miguel que tinha apalavrada uma dormida na Residencial S. Julião. Assim, depois de ter sido atacado por mais um cão que me perseguiu na estrada antes da zona industrial - era o quarto cão do dia a tentar abocanhar-me os gémeos - , procurei indicações nas placas das primeiras rotundas. Em vão. Fui à GNR. Um soldado, amavelmente, até veio à rua para me dar indicação mais detalhada. Desconfio que também para ver o aparato da bicicleta e do B.o.B. No topo da rua da Residencial S. Julião fui atacado por 4 cães vadios que ali estavam a dormitar no passeio como um grupo de reformados ao sol. Tive que desmontar para enfrentar a situação. Na Residencial esperei, esperei. Finalmente apareceu o estalajadeiro com as mãos cagadas de óleo. Devia estar a mudar o carter de um motor. Disse-lhe que queria um quarto e ele tudo bem. Salientei que precisava de um local para guardar a bicicleta e ele, então, declarou que já não tinha quartos. Só depois de ouvir falar na bicicleta é que descobriu que não tinha quartos. Ainda invoquei o nome do "Senhor Dr. José Miguel Marques" que lá tinha ido de propósito para saber do arrumo da bicicleta, mas o marmanjo fez-se de novas, mentindo outra vez com os dentes todos "Dr. quê? Não conheço." Respondi-lhe: "Mas olhe que ele conhece-o a si de certeza". Virei costas ao mentiroso e o assunto estava encerrado. Residencial S. Julião só se fôr para indicar à ASAE. No topo da rua fui de novo atacado pelos 4 cães. Foi o bonito. Subiu-me o cérebro à cabeça. Desmontei, retirei a haste da bandeira do B.oB. e, então, foi uma correria atrás do maior dos cães a vergastar o ar. Porra, depois dum dia daqueles alguém tinha que pagar as favas. De regresso à bicicleta, um mais afoito chegou-se a ladrar. Uma pedra da calçada acertou-lhe no meio do lombo. O caim, caim daquele calou os outros. É sempre assim, enquanto não me obrigam a fazer mal não me levam a sério, só depois é que se contêm. Regressei à entrada de Mangualde onde não procurara alojamento quando lá passara só porque a residencial S. Julião estava mais ou menos marcada. Pedi um quarto e o Sr. António naquele tique profissionalão de hotelaria largou "vamos lá a ver se tenho algum, acho que tenho tudo cheio". "Eh pá, não me diga uma coisa dessas, que volto para Viseu e nunca mais ponho os pés nesta terra. Nunca mais. Se lhe contasse o que já passei hoje..." Ele sorriu. Ainda tinha um quarto livre, disse. Desconfio que tinha muitos mais.
Fiquei lá duas noites. Fui bem tratado.O quarto era pequeno mas funcional. A comida era boa, a vinhaça também, aconselhada por ele. A bicicleta ficou num quarto de arrumações. E ainda tive direito a desconto para ficar cliente. E fiquei. Só não me lembro do nome do Hotel. Cruz de Malta ? Cruz do Monte ? Senhora do Monte ? Senhora de Malta? Já não me lembro. Recordo-me, sim, é da outra. A de S. Julião. A do besunta.
O jantar nessa noite correu por conta do Zé Luis. Com o Rui Ferreira. Até porque outros foram de férias de propósito para não comparecer ao jantar. Já aqui falei desse encontro, não vou repetir. Até porque neste contexto de desgraça, não convém incluir um dos pontos mais gratificantes de toda a minha viagem. No dia seguinte, pelas oito da manhã, todos a caminho de Viseu para assistir ao Contra-relógio da Volta. Eu, o Zé Luis e o Amândio. Começou a chover. No cruzamento para Roda voltámos para trás, molhados. Passei o resto do dia deitado a dormitar. Só me levantei para almoçar e para jantar.
No dia seguinte, pela manhã perdi 5 minutos a tentar afinar o velocímetro que não dava sinal de vida. Percebi que estava sem pilhas. Meti-me ao caminho mesmo assim, antes que fosse atropelado. Aquela terra estava definitivamente a embirrar comigo. Só em Carregal do Sal meti pilhas novas e voltei a sentir que não tinha uma força obscura a dificultar os meus passos.
O que eu sofri só para visitar amigos que nunca tinha visto mais gordos. A net é uma coisa muito poderosa...
9 Comments:
Pois quando encontrar o Almeida da Residencial já lhe vou ler a cartilha.
Não que mereças...
Sabias que a malta (eu) não estava cá nesse dia.
Por sorte (grande sorte) estava cá o Zé Luís e, naturalmente, tratou-te bem. Imagina que tinhas atrasado a viagem um dia. Um simples dia. Um diazito. Eras um PRÍNCIPE nesta nobre terra hospitaleira como reza o nosso hino.
Agora no dia 15...
Também tenho que perguntar ao Zé Miguel que raio de conselho foi aquele.
Comigo, nem terias ficado na Estalagem. Nada menos que a Casa de Azurara. A não ser que preferisses a Casa de Agnelo.
Tens de cá voltar para limpar essa imagem. O que podes é NÃO vir de bicicleta.
"bicicleta o muerte"
Pois eu costumo ficar nessa Residencial e tinha boa imagem dela...tinha! ;-)
Mas olha que o Azurara tem razão em teres que lá voltar com ele lá...faz toda a diferença ;-)
lamento imenso o que se passou, sendo certo que, independentemente, de ser na minha terra tal "taska" nunca terá de mim mais qualquer divulgação que só teve por ser do meu conhecimento que aloja um sem número de comerciais, muitos deles que vêm de Alcobaça e que conheço de vista.
e mais lamento por não ter podido ajudar quem precisava, pois mesmo que tal "pessoa" não tivesse na realidade quartos (o que de todo não acredito porque indiquei claramente o que era pretendido e porquê), o minimo que poderia fazer era indicar e ajudar.
como não ajudou, obviamente, colocando em causa o nome da terra (para não falar do nome das pessoas) e porque depois, se calhar, é dos que reclama dos poderes instituidos ajudas na divulgação, quando teve a oportunidade, desperdiçou, por mim não será ajudado na divulgação do seu "estabelecimento" comercial.
é pena que determinados comportamentos que não são visiveis ao cidadão comum acabem por passar encapotados e disfarcem a incompetência de alguns em obter vantagens para a terra onde vivem
que cambada, e mais não digo para não ter de colocar todos os nomes aos "bois"
Meus caros, não atribuam tanta importância ao incidente.
No fundo foi mais uma discriminação da bicicleta. Encontrei outras noutros locais.
Convenhamos que para certas mentalidades um gajo vestido de lycra com a poeira de 8 horas de estrada, numa bicicleta com um reboque, até parece um cigano ou um desequilibrado mental.
Quanto a "ser principe", graças ao Zé Luis e Rui Ferreira fui efectivamente tratado como tal.
E, antes deles, pelo Zé Miguel, que, ia eu a caminho de Pinhel, me telefonou pela primeira vez para me marcar o quarto, e que andou ás voltas para que nada me faltasse.
Ou seja, o meu post não é para dizer mal de Mangualde, caraças. Era para registar um conjunto anormal de coincidências negativas. Os meus textos pretendem divertir - por vezes com provocações. Sendo certo que só dirijo essas provocações a quem trato como amigo e a quem presumo capacidade para as encaixar.
E tendo-me vitimizado como vitimizei já criei o ambiente psicológico adequado para ser tratado ainda melhor a próxima vez que por aí passar.
Deixem lá o homem em paz. Qualquer dia apareço aí com 25 ou 30 ciclistas e vamos fazer despesa noutro lado. Acreditamos ou não no mercado ?
Como costuma acontecer na maior parte das vezes que "navegamos" pela net, foi um acaso ter encontrado este Blog e, logo a falar de Mangualde. Na qualidade de ciclista e de Mangualdense não poderia deixar de comentar este post, tanto mais que compreendo perfeitamente toda a situação vivida nesse dia, até mesmo os ditos cães pois eu moro um pouco mais abaixo da Rua S. Julião e cada vez que passo naquele cruzamento econtro os ditos caninos. Eu mesmo já corri esse cão de maior envergadura à pedrada, mas não tem emenda. Se visitarem o meu Blog, poderão ver um artigo irónico que escrevi acerca da relação cão/ciclista. Enfim, teve um dia mau, mas digo-lhe, de todos os locais que poderia ter escolhido para dormir acertou naquele que.......Percebem o que eu quero dizer! Só me resta desejar que da próxima vez encontre boa hospitalidade e, já agora que se encontre com a vasta comunidade ciclistica de Azurara. Boas pedaladas!!!
Caro Senhor,
Como profissional de Hotelaria e Mangualdense, penso que que o nosso colega prestou um péssimo serviço tanto à hotelaria como a Mangualde. No entanto fica uma sugestão para a próxima visita a Mangualde, pode ser difícil mas se subir o monte senhora do castelo vai encontrar um hotel maravilhoso com sitio para guardar a bicicleta e entre outros uma piscina interior aquecida, uma piscina exterior, um bar, etc.
E com certeza absoluta uma excelente forma de receber.
Confira:www.cotel.pt
Olá a todos.
Estou surpreendido e até chocado com o que li nste blog em relação aos (des)ilugios feitos à cidade de Mangualde, (minha Terra-Natal Eu e a minha família, quando vamos daqui, de Sintra, passar as férias de Páscoa ou de Natal a Mangualde (Fornos de Maceira Dão), nos últimos 10 anos, temos ficado hospedados na Residencial S. Julião. Acontece que ao longo deste tempo todo, são já dezenas as pessoas amigas que recomendamos e, por enquanto, toda a gente se diz satisfeita com esta residencial, por isso têm repetido. O atendimento tem sido sempre maravilhoso e o serviço também. Todavia, pode ter acontecido algo menos bom ao Sr. Carneiro, pois no final de um dia a dar ao pedal, com ataques de caninos pelo meio, o mais certo terá sido chegar cansado e com falta de paciência, daí, se calhar, este desentendimento. Por isso sou de opinião de que o amigo “ciclista”, quando voltar à Beira Alta, deve ir hospedar-se na RESIDENCIAL S. JULIÃO e verá que essa má impressão vai deixar de existir, pois que as pessoas ali, são, de facto, impecáveis. Lá diz o ditado que "Em bom fato cai a nódoa".
Boa Tarde cibernautas ciclistas!
Ao fazer uma pesquisa sobre Mangualde na net encontrei este blog. No verao ja é costume irmos a serra da Estrela(eu e alguns amigos) e ficarmos hospedados em Mangualde. Nao pude deixar escapar intactos estes comentarios, diria eu, inapropriados da Residencial do SR. Almeida. Caso nao saiba sr. Carneiro e companheiros estes senhor é um grande Homem e é conhecido como tal nessa pequena cidade. Perdeu a mulher bastante cedo, criou a filha sozinho e conseguiu com que a filha entrasse em medicina. E sempre que me desloco a sua pequena pensao( sim é pequena mas bastante asseada e acolhedora)sou recebida com uma grande amabilidade. Fiquei ainda estupfacta com o comentario do sr. Quintelas, pois na primeira vez que pernoitei em Mangualde dormi no hotel sr. do castelo e fui extremamente mal recebida (como conselho deixo que nunca comam no seu restaurante).
Queria entao, desejar-lhe muitas pedaladas pois tambem sou adepta de tal exercicio!
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