A ADOLESCENCIA SERODIA DO PAPADO
Os fiéis vergam-se à facilidade com que o Papa Francisco fala pelo telefone com quem lhe escreve, ao desprendimento com que evita os palácios e a ostentação dos ouros, bem como à simpatia com que dirige palavras fáceis a todos os que não são cristãos católicos romanos. Pelas mesmas razões, o actual Papa tem obtido elevado grau de aprovação junto da Comunicação Social e junto de todos aqueles que, regra geral, têm desprezado e maltratado a Igreja de Roma ao longo dos tempos. O líder de uma organização com a relevancia social que a Igreja Católica tem no mundo não pode ter tempo para estas simpatias. O Presidente do Sporting caiu no mesmo erro. Não é no banco de suplentes que se resolvem os problemas da equipa. Para isso estão lá os treinadores. O lugar do Papa Francisco é no Trono de Pedro - para o bem ou para o mal e o que quer que isso signifique. No Banco de Suplentes da igreja estão os Bispos e os Padres. A estes é que o Chefe deve telefonar para que alterem comportamentos. O Papa não é Papa para ser pessoal e directamente simpático, em especial para com aqueles que se declaram, sem complexos, inimigos da Igreja Católica. O Papa está ali para mandar na Igreja e para conformar a sua actuação em concreto. A sua principal Função é arranjar a casa por dentro, não é andar a fazer biscates de pintura e alindamento nas casas dos outros. Ademais, ainda me lembro que pelos meus 13 anos fui obrigado a tornar-me irreverente nas aulas para poder ser aceite pelos colegas, pois que até ali não passava do cromo e do chato que sofria caldos e isolamento em conformidade. E a forma mais fácil era elogiar e fazer coro com aqueles que sempre negaram aquilo em que eu acreditava. Feitas as devidas distancias, parece-se que este Papa anda a distribuir beijinhos e abraços em busca de aceitação. A médio prazo se perceberá que a estratégia está errada. Nunca deveremos deixar de ser aquilo que somos. E um Papa eleito não tem escolha. Depois de aceitar a eleição, deixa de ser quem é, fica proibido de vir a ser aquilo que deseja e passa a ser apenas uma coisa: O Papa. Poderia não ter aceite o cargo e andar pelas estradas a tratar dos sem-abrigo. Mas aceitou o cargo e vai ter que o assumir. Pelo meu lado ainda não vi alteração alguma na Igreja, em especial nas questões que me conduziram ao afastamento. Para ser amigo dos muçulmanos eu nunca precisei dum Papa. Basta-me conviver diariamente com simpatia com o bengladashiano da loja do rés-do-chão. Aliás, basta ver os elogios que Mário Soares dirigiu a este Papa. A partir do momento em que um inimigo tão declarado e tão rasteiro da Igreja passa a gostar do Papa, alguma coisa está errada. Porque a última coisa que Mário Soares pretende é o bem da Igreja e dos seus fiéis.
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