sexta-feira, janeiro 27, 2012

CRIADO DA TROIKA




Mário Soares, homem de sangue azul e ferro na anca, não gosta de ser mandado. E faz muito bem. Outra questão é ele não atentar nas palavras que usa. Um "criado" tem o significado originário de um serviçal humilde ou humilhado, explorado ou mesmo escravizado, em completa dependência do "patrão". Essa situação de vida não tinha origem em qualquer acordo equitativo entre criado e patrão. Regra geral, o criado era entregue ainda em criança a um patrão que o criava, supostamente facultando-lhe educação, alimentação e abrigo suficientes. A contrapartida da criança traduzia-se em total submissão, em trabalhos esforçados e em alguma ou muita fome. Com as rapartigas era pior, que por vezes tinham que prestar outros serviços ao patrão. Esta realidade sociológica durou séculos até aos nossos tempos. Em Lisboa, ainda é normal encontrar homens que vieram trabalhar para o comércio de Lisboa com este estatuto. Ou mulheres que fizeram outro tanto para servir como empregadas domésticas internas. A qualidade de vida de cada "criado" dependia em absoluto do carácter do patrão. O objectivo era criar a criança, tirando-a do meio de miséria da família de origem e incutindo-lhe hábitos de trabalho, para "fazer dele um homem com Ó grande", ou uma "mulher séria", proporcionando-lhes a aprendizagem de um ofício. Perante o poder de dar ou não comida e roupa para o frio, perante o poder de disciplinar pela porrada alguma irreverência, os criaditos tinham mesmo que se sujeitar. Era comer e calar. Ora com a Troika passa-se exactamente a mesma coisa. São os representados pela Troika que nos dão mais ou menos comida e mais ou menos roupa para o frio. Dependemos em absoluto deste "patrão". Que tem mostrado ser exigente e austero, no limiar do abuso. Por isso, por muito que custe a Mário Soares, somos mesmo os "criados da Troika" para todo o serviço. Somos os incondicionais serviçais de qualquer um dos cavalos desta Troika. Pelo meu lado, disponibilizo-me para ser violado pela Lagarde do FMI. Não é fácil encontrar mulheres de 30 anos com os argumentos daquele cavalo de corrida (1).


(1) expressão usada pelo Bernardo.

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1 Comments:

Anonymous NC said...

Pagador por pagador, convenhamos que a Lagarde talvez fosse uma submissão interessante...ela tem aquele ar decidido de quem sabe o que quer...Olhe, ponho-me na bicha horizontal!... Perdão, na fila horizontal!...

12:03  

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