quarta-feira, janeiro 25, 2012

QUEM NÃO TEM MAIS QUE FAZER

Não percebo esta iniciativa para que Cavaco se demita. Ainda menos consigo atribuir relevância aos 30 mil abaixo-assinantes. Há um ano, Cavaco foi confrontado com 1.982.904 votos contra ele - porque expressos em favor dos outros candidatos - mas foi eleito para o cargo por 2.231.956 eleitores. Para o bem e para o mal, este foi o resultado do último abaixo-assinado a que Cavaco se sujeitou. Os 30 mil mais valia que fizessem qualquer coisa de útil. Como, por exemplo, ir trabalhar e deixarem-se de parvoíces. O mesmo se aplicando aos jornalistas que parece não terem que fazer.
O que se passa é que perante o desarticular da sociedade socialista - que só pecou por tardia - em que temos vivido e que conduziu aos resultados que sabemos, o Partido Comunista - sempre com a voluntariosa disponibilidade e colaboração da Comunicação Social - desdobra-se em iniciativas contestatárias asseguradas pelo seu contingente privativo de reformados, jovens indignados, dirigentes sindicais e outra gente improdutiva, para tentar lançar na sociedade a tal agitação que garantiram ir acontecer. E depois, percebemos que as manifestações de descontentamento em S.Bento ou em Belém são asseguradas apenas pelos dirigentes sindicais do costume, percebemos que as Comissões de Utentes, sejam das auto-estradas, sejam da Saúde, sejam dos serviços municipalizados, disto ou daquilo, são sempre garantidas pelas mesmas dezenas de militantes do PC, percebemos que os Portos de mar ficam bloqueados pelo sindicato comunista dos estivadores por causa de 61 postos de trabalho, percebemos que as greves da CP se destinam apenas a garantir o arquivamento de processos disciplinares em vez de os discutirem em Tribunal, percebemos que as greves gerais não têm nada de geral e são apenas promovidas pelos sindicatos comunistas dos transportes, percebemos que a manifestação contra as portagens da Via do Infante só reune vinte jornalistas e dez manifestantes, todos eles do PC e do Bloco, enfim, percebemos que enquanto a esmagadora maioria do Povo Português, apesar de sofrida, indignada e injustiçada com os sacrifícios a que está a ser sujeita, arregaça as mangas e vira-se ao trabalho consciente que só em conjunto se pode salvar o País, os camaradas comunistas e afins andam por aí entretidos a sabotar o mais que podem o esforço dos outros.


É bom que os comunistas percebam que já não enganam ninguém. E que o uso e abuso que têm feito do nobre Instituto da Greve mais tarde ou mais cedo vai conduzir à sua limitação constitucional. Porque o recurso à greve tem sido tão banalizado e com fundamentos tão pouco claros e sérios que inevitavelmente a sociedade vai começar a assumir em voz alta aquilo que em sussurro já se vai criticando. Até porque a greve é um instrumento de desigualdade: só quem directa e indirectamente tem o Estado como Patrão é que tem direito a fazer greve. E a greve não prejudica o Patrão-Governo. As greves prejudicam o Cidadão-Contribuinte. Uma coisa já todos nós percebemos: não podemos contar com os comunistas para coisa alguma. Eles não andam por cá para ajudar. Eles nunca andaram por cá para ajudar.

Actualização às 23.26 - Vi há pouco num dos telejornais a mega-manifestação dos jovens da CGTP marcada para hoje. Porque todos os dias está marcada uma macacada qualquer. O reporter referia-se a"meia centena de manifestantes".