O TEMPO DA TRANSPARÊNCIA
Vamos lá a ver se percebi bem: Eusébio está a jogar pelo Beira-Mar em jogo oficial do Campeonato Nacional contra o Benfica. Mas recusa-se a marcar livres e não chuta à baliza do Benfica para não prejudicar o Benfica. E Eusébio afirma estas coisas em voz alta, com a naturalidade com que sempre foram naturais episódios destes. As reações por aí são sintomáticas: é muito feio roubar se forem os outros os ladrões. Se for alguém a favor do Benfica é apenas benfiquismo e patriotismo. E depois há os outros, os do politicamente correcto que a única crítica que fazem é à oportunidade da divulgação do facto histórico. Desde miúdo que me agoniou este benfiquismo alarve, saloio, vigarista e descarado. Sim, eu sei que existe o outro benfiquismo. O da honra e da verdade. Mas há muitos anos para cá que é o benfiquismo dos saloios que faz lei. Que raio de forma do Eusébio celebrar os seus 70 anos. Mas em bom rigor, Eusébio, que nasceu benfiquista como se sabe, era jogador do Sporting de Lourenço Marques e só foi contratado pelo Benfica mediante um rocambolesco folhetim de vigarices contratuais que incluiram sequestro, a cumplicidade da Pide a e a autorização superior de quem pretendia que o Benfica fosse o clube multi-racial lusitano. Eusébio viu-se envolvido pela História. É a sua atenuante. Mas começou a sua carreira desportiva profissional a faltar à palavra dada ao Sporting. Dê ele, e os jornalistas do costume, as voltas que quiserem dar. Eusébio da Silva Ferreira começou a sua carreira a vigarizar o Sporting. E, pelos vistos, não foi a última vez.
Etiquetas: deuses com pés de barro
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