A SELECÇÃO DE ALGUNS
(c) Henricartoon
Desde os meus tempos de miúdo que me lembro do cuidado que os benfiquistas tinham em demonstrar que a selecção nacional era uma coisa, em especial, deles. A que "os outros" não podiam aceder por indignidade genética. Certamente por isso nunca senti a selecção nacional como "coisa minha". Divórcio que foi decretado no Mundial do México, quando os selecciondos protagonizaram a mercenária vergonha de que nos lembramos. Ainda tive alguma tentação de adoptar a selecção como "coisa minha" quando os jogadores do FCPorto passaram a integrar com regularidade os convocados. Mas a campanha porca dirigida ao Treinador Oliveira no Oriente a a pouca-vergonha Scolariana a tentar rentabilizar o plantel do Benfica, de manifesta inferior qualidade, enquanto se deixava de fora a extraordinária equipa de Mourinho que ganhara tudo o que havia para ganhar a nível de clubes, convenceu-me em definitivo sobre a essência desprezível do fenómeno selecção nacional. A pulhice dirigida a Vitor Baía, de longe o melhor guarda-redes nacional na época, levou-me a celebrar o frango com que se entregou o título europeu à Grécia pelo medíocre Ricardo que só era bom para Scolari, como se provou entretanto. Desde então que a selecção nacional é apenas o envólucro publicitário de uma marca de cerveja ligada ao Benfica e um palco para contratos milionários de transferência devidamente comissionados por quem tem o poder funcional de colocar a jogar este ou aquele jogador. Ou só os amigos. Quando a selecção nacional nos representar a todos talvez eu, finalmente, vibre. Entretanto resta rir com os exercícios de autoridade em bicos de pés de Paulo Bento. Ainda não decidi em definitivo, mas provavelmente vou torcer pela Holanda. É um Povo maluco, de costumes estranhos, mas joga à bola de forma limpa, atlética e habilidosa quanto baste. E não são a cambada de cagões arrogantes e vaidosos em que os jogadores portugueses se transformam quando ganham à razão de 100 mil euros de prémio por qualificação.
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