terça-feira, dezembro 06, 2011

A PRIMEIRA LAVOURA





Passei a manhã de domingo a lavrar. Com uma charrua de 8 polegadas. Ao fim de duas horas dei descanso à máquina. Não é muito potente e tem que ser poupada.



Nunca tinha lavrado e o mais que sabia da matéria era o que via fazer. Tive que superar situações em descoberta e em experimentação que, para quem sabe, até poderão parecer ridículas. Trabalhar com o hidráulico tem as suas subtilezas. Com outras máquinas mais potentes desconheço como seja, mas aquele hidráulico só serve para subir. Para descer a alfaia, o hidráulico alivia a compressão e é o efeito da gravidade que faz a charrua encostar ao chão. Ora bem, isto criou a primeira estupefação, pois que a charrua, mesmo baixada no máximo, não agarrava ao solo, bastando-se em afagar a erva. Percebi depois que a charrua, se encontrasse uma pequena irregularidade no terreno já agarrava e penetrava com alguma profundidade. Mas, assim como entrava no chão, rapidamente saía. Passo seguinte, descobri um parafuso de afinação no engate ao 3º ponto - acho que é assim que se chama. Ou seja, esse parafuso permite afinar o grau de ataque do bico da lâmina da charrua ao solo. Abrindo o ângulo, o bico da lâmina penetra o solo e quanto maior a tracção, mais a lâmina afunda. Como se está a adivinhar, afundou em demasia e o tractor parou ancorado ao chão. Depois de várias tentativas consegui afinar o tal parafuso com muita subtileza - um mero oitavo de volta faz a diferença - e mesmo assim logo que sentia, pelo barulho do motor, a charrua a prender, aliviava ligeiramente o hidráulico, fazendo subir a charrua uns cinco centímetros, para baixar logo a seguir para não perder o rego.



De qualquer modo, a minha grande descoberta do ponto de vista das leis da física traduz-se no seguinte: a charrua é rebocada de forma solta e é o angulo de ataque ao solo que permite que o lamina penetre mais ou menos o solo. Bem vistas as coisas, é como o arado animal. O boi puxa o arado e o operador, através de força de pulso, enterra mais ou menos a lâmina, aliviando quando está enterrado em demasia ou forçando quando está muito superficial. E do ponto de vista da lição de vida concluí que o acto de lavrar, apesar de aparentar ser um acto de mera força bruta, só funciona na suavidade dos gestos e na atenção aos pequenos pormenores. Da próxima vez vai ser mais fácil. Espero.



As garças fizeram-me companhia, catando as minhocas das leivas, aliviando o stress da estreia e conferindo um ar de national geografic. Grande manhã. Nunca pensei que sentado em cima do tractor se transpirava tanto.

4 Comments:

Blogger aamorim said...

Pelos vistos temos um latifundiário em plena ascensão...
Aproveiro para desejar boas campanhas agrícolas.
Quem sabe ainda não serei convidado para uma boa sopa à lavrador?

22:10  
Blogger Victor Plastikman said...

Oh Amigo Amorim !
O que este " home " quer é companhia . . . para comera sopa !!

18:52  
Blogger FRINXAS said...

Começo a entender melhor aquela "coisa" redonda !!!!

Muito bom!!!

00:08  
Blogger aamorim said...

Volto a afirmar, estivesse eu mais perto e o "home" tinha um sócio... para trabalhar e não só (e qua tal a ideia de adaptar uma charrua à bike de roda grossa?).
Ademais, o tractor é bem bonito (aquela cor!!!). Há que conservá-lo sempre a brilhar.

18:41  

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