Não sou amigo pessoal de Duarte Lima e provavelmente ele nem se recorda de mim. Fomos há cerca de 3 décadas contemporâneos na Universidade Católica de Lisboa, onde partilhámos muitas horas extracurriculares nos ensaios e nas actuações do Coro da Católica. Durante os mais de 5 anos que integrei o naipe de tenores daquele coro, Duarte Lima foi o regente. Era um Homem muito culto. Nunca encontrei outra pessoa que soubesse mais de música do que ele. Era um Homem de sensível humanidade, de recta religiosidade, de grande empenho e de grande capacidade de trabalho. Generoso e disponível. Assertivo e sério. Mais tarde sofreu de um cancro que superou. Não beneficiei em nada - para lá da música - na minha relação com Duarte Lima. Perante a acusação de que ele está a ser alvo - de ter assassinado uma cliente no Brasil para ficar com o respectivo dinheiro - sinto-me compelido a tomar uma posição pública:
Duarte Lima, pela sua personalidade, não é Homem para matar. E as provas que têm sido apresentadas na comunicação social traduzem-se em especulações sobre factos que nada provam. Vi uma fotografia de um carro, com a legenda de que tinha sido apanhado por um radar e multado por excesso de velocidade. Mas o carro pode ser um qualquer, conduzido por um qualquer e o nome de Duarte Lima que aparece convenientemente escrito no auto da multa pode ter sido efectuado por qualquer pessoa a mando de qualquer pessoa. Se o condutor não foi parado, não é possível saber-se que era Duarte Lima a conduzir o veículo naquele momento. Vi um email em que Duarte Lima solicitava, seis meses depois, ao rent-a-car brasileiro a factura do aluguer do veículo, sendo que Duarte Lima não identifica o carro, mas apenas se refere a
um carro. E esse facto serviria para provar que Duarte Lima conduziu o veículo onde terá sido provocada a morte à vítima. Isto é ridículo. Ninguém seis meses após ter matado uma pessoa dentro dum carro, vai pedir a factura para efeitos de IRS só para permitir à polícia brasileira estabelecer a relação, que antes não tinha, entre si e o veículo. Por outro lado, a Polícia Brasileira afirma que o tal veículo foi devolvido lavado e sem o tapete do lado do pendura, concluindo que o tapete foi desencaminhado porque tinha o sangue da vítima e que a lavagem se destinava a eliminar os vestígios. Para mim, se é que o veículo era o mesmo, o tapete pode ter sido perdido, pode ter sido sujo com um sapato mergulhado em poia de cão - já me aconteceu substituir os tapetes do jipe por causa de uma situação dessas -, pode ter ocorrido um vómito alcoólico no tapete, enfim, até podem ter sido os marcianos a roubar o tapete. Concluir que a falta do tapete prova uma morte e a tentativa de a ocultar é uma coisa extraordinária. Então não existem vestígios que provem efectivamente a presença de Duarte Lima e da Vítima dentro do carro ? Ao menos isso. Sendo que "isso" também não prova nada, pois que é pacífico que Duarte Lima chegou a transportar a cliente no carro. Mas uma coisa é uma boleia, outra é matar o pendura. De todo o modo, nem temos a certeza de que o carro referido pela Polícia Brasileira corresponde ao carro utilizado por Duarte Lima. Foi referido também um telemóvel que por não ser registado em nome de ninguém, terá sido utilizado por Duarte Lima para fazer chamadas para a vítima. Mas se o utilizador não está registado, como se sabe que esses telefonemas foram feitos por Duarte Lima ? Não existem chamadas gravadas, por isso não se conhece o teor das mesmas. Apenas se sabe que a vítima recebeu chamadas. Diz a Polícia que, se o autor das chamadas era intencionalmente incógnito é porque só poderia ser Duarte Lima. Estas têm sido as provas que, pelos jornais, têm sido apresentadas, em especial pela Jornalista Felícia Cabrita e pelo Jornal o Sol. Ora, convém não esquecer uma regra vessencial da Vida: nunca se deve matar a galinha dos ovos de oiro. Aquela Cliente para qualquer advogado era um cisne em ouro maciço. Estava em causa um conflito entre herdeiros visando a propriedade de muitos milhões de uma herança. Tantos que nem sei quantos. Duarte Lima em 10 anos de trabalho, pelos vistos cobrou 5 milhões de euros. E se a Cliente lhos pagou ao longo de 10 anos e se manteve o mesmo advogado e não se queixou dele à Ordem é porque estava satisfeita. Nesta parte só tenho inveja, pois os meus clientes além de chatos são uns tesos. De qualquer modo, na luta jurídica e judicial, Duarte Lima enfrentava o maior Escritório de Lisboa e todos os poderes conexos que isso significa, em especial o fácil acesso à comunicação social, sendo indisfarçavel o uso e abuso do Jornal O Sol para veícular todas as notícias que têm sido vantajosas à posição sustentada pela tal Escritório de Advogados de Lisboa e pela Cliente que estes patrocinam. Até aqui, referi-me ao que tenho visto. Agora vou fazer uma pequena especulação com base na pergunta
a quem interessa a morte da vítima ? Ao respectivo Advogado não é seguramente, pois fica sem uma Cliente que lhe dá alguns milhões a ganhar. Mas interessa seguramente à Filha do tal Feiteira, a tal que era definida pelo Pai como uma cobra. Esta Filha, de uma penada, depara com a morte da herdeira que com ela concorria aos milhões da herança do Feiteira e depara com o advogado dessa herdeira manietado com uma acusação criminal por homicídio. Quem lucra com esta situação é a tal Filha do Feiteira. E com os milhões que ela tem, com os outros milhões que estão em causa, não seria difícil montar uma situação como a presente, com aquele tipo de provas criteriosamente organizadas como se alguém andasse à frente da Polícia a largar, peça a peça, o puzzle que o comodismo policial naturalmente transforma em tese oficial. Quem lucra é quem conseguiu concentrar toda a herança. Ponto final. Uma investigação jornalística que teria interesse seria verificar as contas bancárias e o património dos Polícias, Promotor brasileiros e respectivos familiares. Só para termos a certeza de que não lhes saiu a lotaria.
Repito, nada devo a Duarte Lima. Mas não gosto de autos de fé nem de queima de bruxas. Provavelmente o único crime de Duarte Lima foi ter descido da Ruralidade à Cidade e ter tido o êxito profissional que certos tipos acham ser exclusivo dos famílias-bem. De todo o modo, sou um espírito aberto e estou sempre disponível para mudar de opinião perante as evidências. Agora, que esta história está mal contada, muito mal contada...