SOFÁS HISTÓRICOS

Quem contou a história foi o Prof. Soares Martinez numa aula prática de Direito Fiscal às oito da manhã, frequentada por não mais de meia dúzia de valentes que enfrentavam o perigo de não saber responder a coisas importantes como o que é uma judenga ou uma eirada.
Falava-se de Finanças Públicas, de dotações orçamentais e controlo de despesa. E, à laia de anedota, eis que Salazar quando era Ministro das Finanças em acumulação com a Presidência do Conselho, despachava pessoalmente a lista de aquisições. E perante uma projectada aquisição de dois sofás para uma repartição pública, exarou o seguinte despacho: " Os sofás são convidativos ao descanso e, por isso, prejudiciais ao serviço da Nação. Indefere-se".
Actualmente, quando se chega a Dezembro, as Repartições apressam-se a esbanjar as rubricas de decoração e representação, comprando tapetes, quadros e flores à parva, só para gastar até ao fim a rubrica de forma a legitimar que no orçamento seguinte se reclamem mais fundos. É que a "importância política" dos Ministros afere-se pelo total do orçamento do respectivo Ministério e não pela função social que prestem à comunidade.

Não, não sou salazarista. Mas Salazar praticava um tipo de austeridade e de honestidade que deveria inspirar aqueles que têm o poder de esbanjar o dinheiro que penosamente pagamos como imposto.