OBAMA

Três notas:

1. O discurso da assumpção da derrota foi extraordinário. Não foram cínicas palavras de circunstância. Foram sentidos desejos do melhor para o país que ela tanto ama. Um herói à antiga. Com a mesma classe com que recusou ser libertado pelos vietnamitas só por ser filho do almirante-em-chefe. Foi um pouco excessivo nos elogios ao oponente. Parecia que ia acabar por dizer que ele também tinha votado no Obama.

2. O Discurso de vitória foi literariamente muito bom. Mas já tinha ouvido daquilo por cá. Metam-lhe um magalhães em cima da esperança e da mudança... Só que, por lá, temos a certeza de que algo vai mesmo mudar... Fico com a sensação de que Socrates está com pena de não ser mulato para copiar integralmente o conceito, da mesma forma que o Zapatero tem pena de não ser gay para se poder casar com um gajo só para provar a plenitude da potencialidade da esquerda modernaça.

3. O jornalista da RTP hoje de manhã noticiava que Durão Barroso felicitara Obama e desejara uma "aliança entre a Europa e a América para um new deal, ou seja, um novo negócio". Exactamente, estão a ler bem. Foi nestes termos que as bestas da redacção da televisão pública traduziram o conceito.

Na RTP não se tem a mínima ideia do que tenha sido a grande depressão americana, o new deal para sair dela e o paralelismo entre essa situação e a crise internacional actual que o Barroso queria estabelecer. É essencialmente por causa da ignorância, impreparação e atraso mental dos nossos jornalistas que temos este país cada vez mais atrasado. Jornalistas portugueses...corja de ignorantes... mas vaidosos e arrogantes que baste.