quinta-feira, fevereiro 18, 2010

EU PASSEI LÁ

Motociclista morre em colisão entre quatro viaturas

Um motociclista morreu na quarta-feira na A1, na zona de São João da Talha, quando a sua mota colidiu com quatro veículos ligeiros.

O comando-geral da GNR explicou à agência Lusa que o acidente ocorreu pelas 21h00, no sentido Lisboa-Porto, obrigando ao corte temporário da circulação automóvel. "


Esta lacónica notícia foi distribuída pela Lusa e alguns jornais e sites de TV's bastaram-se em reproduzi-la.

Acontece que passei no local escassos minutos após o acidente. A via do meio estava bloqueada por um carro parado com o automobilista a colocar o triângulo e a gesticular desesperado para que o trânsito parasse. À frente do carro dele estava um corpo completamente trucidado, esmagado, pernas e braços num emaranhado, com as entranhas em sangue vivo. Este automobilista nada tinha a ver com o acidente. Foi apenas um Homem com caridade suficiente para colocar ali o seu carro impedindo que aquele corpo continuasse a ser pisado e trucidado. Ao contrário de outros à frente dele que eu vi a desviarem-se do corpo e seguir viagem.

A notícia difundida pela Lusa dá a aparência de que existiu uma colisão da mota com 4 carros. Não foi isso que me pareceu. Se calhar a culpa pelo acidente até foi do motociclista, mas aquele corpo estava morto por ter sido pisado por meia dúzia de carros que estavam parados na berma, com algumas pessoas a sair para a estrada, algumas a chorar em estado de choque. Apenas um carro preto estava batido na frente direita incluindo o pára-brisas, dando, antes, a sugestão de ter sido um atropelamento. Foi o único carro que eu vi batido.

Aliás, eu e os meus filhos nem percebemos quem era a vítima e até se alvitrou que fosse um bêbado que tivesse atravessado a A1 e tivesse sido colhido por um carro e pisado por outros que não se conseguiram desviar.

Só percebemos que era um motociclista, quando duzentos metros mais à frente vimos uma mota deitada na via da esquerda, junto ao separador central.

Independentemente de quem terá tido ou não culpa, não foi o motociclista que bateu, pois o carro estava amolgado na sua frente. Tudo junto, fiquei com a ideia de que o motociclista , por alguma razão, terá sido despejado da mota e depois foi atropelado pelo primeiro carro e trucidado pelos que não conseguiram desviar-se, enquanto a mota levada pela inércia deslizava pelo alcatrão. Se tivesse sido a mota a bater contra alguém, a mota estaria junto do corpo.

Dormi mal. Já assisti, e por vezes acudi, a acidentes graves. Já vi muito sangue. Até já vi um suicida no Metro. Mas um corpo naquele estado é coisa para nos tirar o sono.

E a descrição simplista da GNR não me convence.

Ando de mota há pouco tempo, mas já tinha percebido que as Estradas Nacionais são mais seguras e agradáveis do que as Auto-Estradas.




3 Comments:

Blogger ups said...

Eh pá!....
Somos tão frágeis!Condição humana.

Haja saúde!

jm

10:52  
Blogger smendes said...

Só uma correcção, o motociclo ficou a cerca de 1200m metros do local da colisão ou despiste, não foi apurado o motivo, encontra-se em investigação...

11:36  
Blogger carneiro said...

admito que a distancia tenha sido superior aos 200 metros que indiquei.

seguíamos em marcha lenta, a comentar, sem a preocupação de calcular a distancia, até que fomos surpreendidos pela mota deitada. E a ligámos ao infeliz motociclista.

Mas admito que tenha sido bem mais do que os 200 metros que referi sem grande rigor, apenas com a intenção de separar suficientemente os locais do corpo e o do motociclo.

12:28  

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