O MAGALHÃES
O MG já chegou para o meu mais novo. Ele já estava servido de informática, existia uma rotina estabelecida em termos do horário semanal para jogos de PC e da PS, mas o MG veio minar tudo. Há uma semana que o puto não faz mais nada do que jogar os jogos pré-instalados do MG. A dimensão já é de vício colectivo, pois a passagem de níveis é o objectivo da competição estabelecida com os colegas da turma e da Escola em geral. Os TPC's têm andado atrasados por causa do "treino" dos jogos... O ano passado os miúdos jogavam futebol e consumiam energias nos intervalos, agora agarram-se ao MG...
Em príncípio reconheço ao conceito muitas virtualidades. Não é pelo facto do Sócrates ser o demagogo que é que deixa de acertar por vezes. Além do mais sempre teria que comprar o MG para que o miúdo não se sentisse inferiorizado em relação aos outros e pudesse acompanhar as actividades lectivas na sala de aula.
Em tese geral, estou convencido que a sua boa utilização vai depender em especial da argúcia do Professor, pois que um instrumento daqueles não pode ser utilizado de forma igualitarista nos exactos termos em que o conceito foi criado e desenvolvido. Há miúdos para quem o MG será um útil instrumento, há miúdos, como o meu, para quem o MG não vem acrescentar nada, antes atrapalhando rotinas prévias mais evoluídas e há miúdos (como por exemplo os de algumas turmas da Bartolomeu Dias em Sacavém) para quem o MG vai ser uma mera consola de jogos, um objecto de ostentação (e de desejo para os que ainda não receberam) e que não vai servir de nada, pois os miúdos no 5º ano nem sabem ler ou escrever. Servirá isso sim, para ser trocado, roubado, acumulado. Ao fim da primeira semana não faltarão miúdos a pedir outro MG para substituir o primitivo.
Tenho conhecimento de um menino, africano dos arredores de Lisboa, cuja mãe invoca não ter dinheiro para alimentar o filho antes dele ir para a Escola, nem tem dinheiro para comprar todos os livros, mesmo com o Apoio. Mas é portadora de um Telemóvel topo de gama e já foi a correr pagar e levantar o PC depois de andar semanas a perguntar se o computador já tinha chegado...
Agora, com o avultado investimento feito, ficamos à espera que mude o governo e venha um Ministro da Educação alterar o projecto do MG e mandar recolhê-lo às prateleiras. Tem sido assim o governo da Educação nos ultimos 35 anos.
2 Comments:
No prédio onde moro vive uma jovem de 23 anos, proveniente de uma família considerada "desestruturada" pela Segurança Social e ex-prostituta. Ao abrigo de um qualquer apoio para a retirar da prostituição, as assistentes sociais trataram de a instalar num apartamento pago pela Segurança Social e atribuiram-lhe o rendimento social de inserção. À jovem juntou-se entretanto um companheiro que tem ocupação regular, enquanto ela, pessoa saudável, passa os dias na ociosidade a passear na rua e a falar ao telemóvel topo de gama e num café próximo onde vai, por exemplo, tomar o pequeno almoço todos os dias. Há tempos, indignado por este incentivo e apoio à malandragem paga por todos nós que descontamos, confrontei a assistente social da Câmara com o apoio a esta situação concreta, particularmente do telemóvel topo de gama e dos consumos desnecessários no café. A senhora assistente social ficou indignada comigo, porque, dizia ela, a rapariga também "tem direito aos seus mimos para estimular a sua auto-estima e a sociedade tem a obrigação de promover a sua re-socialização sem estar a fiscalizar o seu modus vivendi"...de maneira que, não se admire com a mãe da criancinha carenciada, esta filosofia de vida de uns tantos à custa dos papalvos que trabalham todos os dias e pagam os impostos está instalada e é acarinhada pelo nosso estado social...ou como dizia o brasileiro, mas desta vez na afirmativa, o burro sou eu...
Pois, os burros somos nós, isto está melhor do que nunca é para essa malta que não faz puto e que vive à custa do gamanço e do rendimento mínimo e tem subsídios pra renda de casa, livros, magalhães e essas merdas todas e vão todos os dias tomar o pequeno almoço e lanchar à pastelaria. Aqui à minha volta é a mesma coisa.
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