NOTA DO DESABAFO

"O juíz de instrução Artur Ribeiro, após análise das escutas, concluiu que a ex-companheira do presidente do FC Porto mentiu porque, à hora do telefonema, não poderia estar ao lado de Pinto da Costa. O telefonema foi recebido às 13h00 e Carolina estaria, a essa hora, no cabeleireiro. Pinto da Costa estava a almoçar no restaurante D. Manuel."

Maria José Morgado reabriu o processo apenas porque o Livro de Carolina Salgado, escrito e revisto por Leonor Pinhão, dava uma interpretação genuína da conversa encriptada. Sem essa interpretação baseada na relação de proximidade entre a testemunha e os factos, o processo fora antes arquivado por insubsistente. Provado que Carolina Salgado não podia ter assistido ao telefonema e, como tal, mentiu quanto à respectiva razão de ciência, o testemunho dela deixa de ter qualquer valor processual. Não passa de uma interpretação pessoal feita por alguém que nada viu ou nada presenciou. É como uma testemunha de um acidente de viação que não estava lá.

Ou seja, a expressão "fruta" continua encriptada. E o processo sem viabilidade.

Lamento que o Benfica tenha encetado esta cruzada, pois a "coisa" está a passar muito para lá da simples rivalidade desportiva. E uma estratégia extra-desportiva montada na credibilidade de pessoas como Carolina Salgado e Leonor Pinhão não irá muito longe. Vai deixar apenas as relações entre as pessoas muito mais azedas. E para já, um dos processos que interessava à UEFA, via Conselho de Justiça da Federação, já caiu. Tanto mais que é com base nas transcrições dos testemunhos de Carolina Salgado - exactamente na parte que o Juiz classificou agora como falso - que o pavão da Comissão de Disciplina puniu PC e o FCPorto em seis pontos usando como argumento a extrema gravidade dos factos narrados naquele depoimento cuja credibilidade não só nunca fora posta em causa de forma válida, como resultava reforçada na interpretação dos factos baseada na livre convicção que o julgador formara .

É que Carolinas e Leonores ainda têm desconto, pois uma vende o abre-pernas, a outra vende a escrita por encomenda. Mas o Pavão da Comissão de Disciplina não tem perdão possível: tem utilizado com demagogia e capciosidade conceitos que lhe deveriam ser sagrados.