BARRIGAS
Primeiro de Julho, Gare do Oriente, Lisboa. A Equipa estava de partida para Alpiarça. O Sousa, vítima de uma tendinite no ombro direito só estava apto para conduzir o carro de apoio. O Joaquim, à direita, faz sempre aquele ar manhoso, de vedeta de cinema. Quis ser simpático com ele, meti-me a encher-lhe os pneus. O da frente deu um estoiro monumental. Em cinco minutos mudámos a camara de ar.
Mas hoje quero falar do homem do meio, o Jorge. Como um exemplo excelente da minha mensagem. Há ano e meio apareceu com uma bicicleta muito velha num passeio em Santarém. Foi tratado com a óbvia sobranceria que se dedica aos novatos sem perfil de ciclista. Sei do que falo, pois sou tratado muitas vezes daquela maneira. Não tinha feito 5 Km já tinha desistido, por não aguentar o andamento. A coisa foi tão feia, ele sentiu-se tão mal, que chegou ao vómito.
Entretanto, o Jorge perdeu 30 Kg de peso, ou seja, um terço dos 90 Kg que apresentava no Outono de 2005. Alterou a dieta, cortou com o alcoól, treina sempre que pode. Já acompanha com os mais rápidos da equipa, coisa que eu não sou capaz de fazer. Aqui para nós, ficou até um pouco arrogante e vaidoso. Mas isso são luxos a que só alguns se podem dar. E já usa um quadro em fibra de carbono topo de gama.
O ciclismo acabou com mais um obeso, com alguém que seria a breve prazo vítima das doenças do sedentarismo: obesidade, insuficiência cardíaca, diabetes, insuficiência renal. Para não falar das consequências naquilo que toda a gente acha que deve ter pudor em referir em voz alta: a função eréctil e desempenho sexual. Está mais do que documentada a essencialidade do bom funcionamento dos sistemas respiratório e circulatório para essa função. E o ciclismo é por excelência uma das actividades físicas que desenvolvem a capacidade pulmonar e cardíaca.
Como diria o "outro", perguntem às mulheres dos ciclistas.
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