ANA GOMES, A BADALHOCA MENTAL
"A frase de Paulo Portas, conforme foi transcrita das
escutas telefónicas para o processo dos submarinos, que foi arquivado em
dezembro, é críptica: "Ainda fui, ainda fui, aquilo!" (com ponto de
exclamação e tudo), diz o então ministro da Defesa. Nessa tarde de 7 de
março de 2005, a cinco dias de o Governo PSD-CDS ser substituído pelo
Governo Sócrates, Portas conversava com Abel Pinheiro, dirigente e seu
homem de confiança no CDS, responsável pelas finanças do partido. Portas
tinha acabado de aterrar em Lisboa, e a conversa começava por aí:
A conversa prosseguia sobre o congresso do CDS, que se
aproximava, mas o que interessa para o caso é esta parte. Lida assim, a
conversa é estranha, algumas frases não fazem sentido, e há associações
bizarras: aquilo, Canalis, Monte Canal, Bismark. O "aquilo" podia ser
cifrado, e ainda levantar mais suspeitas quando, no mesmo contexto,
surge o nome (será um nome, pois surge transcrito com maiúscula)
"Canalis" - parece Canals, o homem detrás da Akoya Asset Management, a
empresa suíça que ajudava portugueses ricos (como Ricardo Salgado e
outros) a fugir ao fisco. Este diálogo, conforme está no processo, foi
uma das pistas apresentadas pela eurodeputada socialista Ana Gomes para
justificar o pedido para reabertura do caso dos submarinos.
Há, de facto, erros de transcrição. O Expresso ouviu o telefonema entre
Portas e Pinheiro e esses erros são evidentes, até porque tudo o que é
dito pelos dois intervenientes é percetível. Só que o erro não é o que
Ana Gomes supõe: Portas não fala em "Canalis" nem em "Canals", mas em
"canal" - substantivo comum, masculino, singular. E onde os
investigadores ouviram "aquilo", ouve-se "a Kiel". A frase do então
ministro da Defesa é: "Ainda fui a Kiel". Pinheiro responde-lhe:
"Fizeste muito bem. Ao canal?" "Ao canal, exatamente", confirma Portas.
"O famoso canal, foi promessa de Bismark", conclui Abel Pinheiro
(ninguém diz a palavra 'monte'). Lida assim, a conversa já faz sentido,
sobretudo sabendo história.
O Canal de Kiel, no Norte de Alemanha, é um canal
artificial que foi mandado construir por Otto von Bismark, ligando a
cidade de Kiel, no Mar Báltico, ao Mar do Norte, junto à foz do rio
Elba. Um feito de engenharia (99 quilómetros de comprimento por 100
metros de largura) mas também geopolítico e militar (permitia à Marinha
Imperial chegar ao Mar do Norte sem passar por águas da Noruega e da
Dinamarca, o que foi decisivo na I Guerra Mundial). Mas nesse dia,
Portas não foi em peregrinação testemunhar a obra do chanceler Bismark -
foi testemunhar o início da construção do primeiro submarino comprado
aos alemães. Em Kiel, onde ficam os estaleiros da HDW. Na edição de
abril de 2005, a "Revista da Armada" dava a notícia desse "importante
evento" no qual também esteve o chefe do Estado-Maior da Armada. A
delegação saiu de Lisboa a 6 e regressou a 7, quando Portas e Pinheiro
são escutados.
2 Comments:
Badalhoca, sem dúvida.
Mas só mental?
Psicopata
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