OS SINDICATOS DAS CORPORAÇÕES

"Os sindicatos pós-abril são os herdeiros do corporativismo pré-abril. E hoje o trabalho é diferente. (...) A mobilidade laborai existe. Por necessidade ou opção. Mas existe. E os sindicatos continuam presos à lógica que aprenderam nos bancos de escola do Estado Novo. Os sindicatos já não representam trabalhadores. Representam empregados."

 "(...) quase todos os governos tentaram implementar importantes reformas laborais. Quase todos os governos foram travados pelos sindicatos. A CGTP à porta dos ministérios e a UGT nos gabinetes dos ministros. A CGTP fazia barulho a UGT fazia acordos. Tipo trabalho de equipa. Mas o bloqueio nunca esteve na rua e no barulho da rua. O bloqueio esteve sempre nos gabinetes. Esteve sempre na UGT.

Porque todos os governos tinham de fazer concessões à UGT, porque a UGT tem representantes de vários partidos, porque era preciso agradar à UGT, porque era preciso garantir a concertação social. O verdadeiro travão das reformas laborais no país sempre foi a UGT.

Com a adesão à greve geral Carlos Silva vai mudar tudo isso. Vai tirar a UGT dos gabinetes e levar a central sindical para a rua. A rua pertence à CGTP e não há lugar para os representantes dos outros partidos. A UGT será simpaticamente diluída entre os apupos. Mesmo rouco, Arménio Carlos gritará sempre mais alto que Carlos Silva. A combativa ingenuidade do amigo de Seguro é a melhor notícia que os governos tiveram nos últimos anos. O dia em que a UGT abandona os gabinetes dos ministros é o dia em que as reformas passam a ser mais rápidas."     (Rodrigo Moita de Deus)