(O boneco é do inspirado Kaos)
Transcrevo na íntegra o artigo de
César das Neves, para acautelar a desactivação do link.
"Portugal passa por um momento terrível, mas isso não o deve impedir de admirar esteticamente uma obra de arte excepcional. Ora o regresso de José Sócrates é um espantoso feito de técnica política, do mais alto nível mundial.
Apresenta-se como totalmente inocente dos males que afligem o País. Foi primeiro-ministro durante mais de seis anos mas é inimputável pelo desastre que deflagrou nos últimos meses do seu mandato. A culpa vem de uma "crise das dívidas soberanas", que lhe é naturalmente alheia. E claro também de um terrível bando de malfeitores, onde se inclui o actual Governo, bancos, União Europeia e FMI, que pretendem, por razões não esclarecidas, destruir Portugal. Ele, pelo contrário, sempre esteve do lado do progresso e alegria, que infelizmente não se concretizaram.
É preciso dizer que ele ainda não atingiu os níveis do contemporâneo mestre absoluto da técnica, Silvio Berlusconi. Nem sequer é evidente que o português alguma vez consiga os feitos do italiano. No entanto, cabe-lhe um honroso segundo lugar. Esta atribuição não é forçada porque a relação entre ambos é evidente. Tirando eles, todos os líderes que estavam no poder quando bateu a crise, alguns deles de reconhecidas qualidades, caíram fragorosamente: Geir Haarde na Islândia, Kostas Karamanlis e George Papandreou na Grécia, José Luis Zapatero em Espanha, Brian Cowen na Irlanda, Yves Leterme na Bélgica, Nicolas Sarkozy em França, Gordon Brown no Reino Unido, George Bush nos EUA, etc. Todos forçados a sair de cena sem remissão. Deles, apenas Berlusconi e Sócrates mantêm esperanças de regresso, estando bastante avançados no processo. O estilo de ambos, apesar das diferenças, tem paralelos evidentes. Mas temos de admitir que o magnata transalpino, que saiu depois e regressou mais cedo do que o nosso engenheiro, tem evidente primazia.
1 Comments:
De uma violência inaudita.
Contudo, certeira.
Pena a mistura de Berlusconi. É que até simpatizo com aquele velho barrasco das festas do bunga-bunga, pá.
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