NAS COSTAS DOS OUTROS...

O Juiz Garzon foi suspenso de funções durante 11 anos e expulso da magistratura e o acordão que o condenou refere que ele "utilizou métodos próprios de regimes totalitários". As expressões usadas consistem em “arbitrario” y “totalitario”, y le acusa de “laminar derechos” y ordenar prácticas “propias de sistemas políticos ya superados” al intervenir las comunicaciones en la cárcel de los corruptos con sus abogados.

A sentença foi unânime e proferida pelo Supremo Tribunal de Justiça Espanhol. Por isso, os efeitos das manifestações da esquerda partidária a que a comunicação social portuguesa dá ressonância têm de lidar com esta evidência.

Por cá, existem sinais preocupantes desta tendência dos Juízes de Instrução confundirem a sua Função de árbitros com a função de jogadores activos alinhando pelo lado da acusação e do Ministério Público. O Juiz Rui Teixeira, idolatrado pela comunicação social como nos lembramos, viu quase todas as suas decisões no âmbito dos direitos, liberdades e garantias dos arguidos serem anuladas pelas diversas instancias de recurso. Aliás, se o processo Casa Pia demorou tanto tempo, metade do problema respeitou ao tempo que se perdeu com os recursos das decisões deste Juiz de instrução.

Convém que as pessoas não se esqueçam de que é por respeitarmos os direitos de defesa dos mais nauseabundos dos criminosos que garantimos que os nossos direitos venham a ser respeitados. No moderna questão do "enriquecimento ilícito", toda a sociedade exigiu que fosse criado por lei esse crime. Só que as pessoas estavam a pensar nos políticos. Pois bem, a lei está aí a aparecer, mas dirigida a toda a gente. Em breve, as tornas que se recebiam, pela porta do cavalo, do cunhado nas partilhas da herança do avô irão ser incriminadas como enriquecimento ilícito. E alguém acredita que qualquer político venha a ser condenado ao abrigo daquela lei ?Quando aí chegarmos é que as pessoas perceberão. Nas costas dos outros é que nós vemos as nossas. Diziam os antigos.