O DESEMPREGO ESCONDIDO
Uma coisa é o desemprego oficial, estatístico e inscrito para efeitos de subsídio, outra a inactividade forçada ou voluntária daqueles ainda em idade activa mas que por uma razão ou outra já não estão inscritos para subsídio de desemprego. Desde a adesão à CEE que se foi mascarando o desemprego com a Formação Profissional. Os desempregados eram inscritos em Acções de Formação para serem retirados das estatísticas do desemprego. Salvo algumas excepções, aquela Formação Profissional era ineficaz não promovendo o acesso ao mercado de trabalho, pois não ensinava aquilo que as pessoas e as empresas necessitavam. E os nossos actuais problemas de competitividade são a prova da ineficácia da Formação Profissional. Devemos ser o país do mundo com mais formação em jardinagem de espaços públicos. Os Formandos recebiam uma bagatela do subsídio Comunitário que, em regra, alimentava uma nova classe de Formadores e de Formadores de Formadores, todos eles derivados dos Partidos Políticos e Organizações Sindicais, incluindo os Sindicatos Comunistas. Em regra o subsídio per capita chegava ao Formando como bolsa final reduzida a 20 ou 15% do valor inicial. E nem sequer eram os Formadores que ficavam com o grosso do dinheiro. Esses, nos últimos tempos, eram apenas recém-licenciados, mal pagos e explorados. Quem arrebanhava a massa quase toda eram as super-estruturas partidárias e sindicais que se financiavam à custa da Formação Profissional Comunitária.
Hoje em dia, esgotados os períodos de transição e os meios financeiros europeus, a Formação Profissional tem vindo a diminuir drasticamente. E inevitavelmente o desemprego estatístico vai subir. E se considerarmos também como desempregados alguns dos inactivos do rendimento mínimo (calcula-se que pelo menos metade dos beneficiários poderia trabalhar se quisesse ou houvesse trabalho), os números explodem para uns prováveis e plausíveis 20 % de desemprego.
Os elevados níveis de desemprego comprovam a inadequação da economia portuguesa ao estado actual das relações económicas internacionais. Comprova que o modelo económico-constitucional esteve sempre errado. E comprova a incompetência dos nossos professores catedráticos de economia. Porque se os outros países europeus escolheram há muito um modelo económico diferente do nosso e eles têm êxito e nós não, parece que a conclusão a tirar é muito simples.
O Plano da Troika, copiando apenas o que se faz nos outros países, vai-nos obrigar a fazer em 2 ou 3 anos parte daquilo que os nossos catedrátivos de economia e políticos por eles aconselhados não quiseram fazer nos últimos 37 anos. É por isso que o Partido Comunista está em pânico. Os Comunistas são os únicos pesarosos por perceberem que, finalmente, a Constituição Socialista/Comunista de 1976 foi revogada. Não por ter sido substituída por outra, não por ter sido vítima de revolução ou Golpe de Estado. Mas pura e simplesmente por ter deixado de ser praticável. É como um Rolls-Royce muito bonito e vaidoso que deixou de sair à estrada porque gasta 120 litros aos 100 Km e nos fica mais barato fazer como o vizinho: ir de scooter. O problema é que nos próximos 20 anos nem de scooter iremos. Estamos condenados a peonar.
Etiquetas: Alguns felizes têm uma bicicleta
3 Comments:
Tudo correcto, mas...
Não raramente necessito de mão de obra. Que quase nunca consigo encontrar. Porque quem saiba do seu ofício e "QUEIRA TRABALHAR" pura e simplesmente não se encontra.
E, ainda pior, alguns "bons" trabalhadores pedem para serem despedidos (fundo de desemprego) e continuarem a trabalhar "por fora", o que nunca aceitei nem nunca aceitarei! Ou então, serem despedidos com direito a fundo de desemprego (compensa e ainda se complementa com uns "biscates".
Esta "República" está completamente podre. E não vejo ninguém com capacidade e coragem para dar a volta a isto.
Valha-nos a agricultura... que em breve, nem dinheiro haverá para pagar o que quer que seja (nem sequer ao advogado)!
Há cinco anos que não passava uns dias no Algarve. Estive lá na semana passada e constatei in loco a avassaladora presença de emigrantes, especialmente brasileiros, na hotelaria. Inquiri porquê e as respostas que obtive foram invariavelmente porque os portugueses não aceitam as ofertas de emprego com o argumento de que os salários oferecidos são baixos (frequentemente o ordenado mínimo) e que assim é vantajoso optar pelo rendimento dos subsídios (de desemprego e rendimento mínimo, frequentemente acumulado) em vez de trabalhar. Pensei no assunto e cheguei à conclusão que afinal de contas o pessoal tem razão na opção que faz, pois se sem vergar a mola, a dormir até às tantas, sem pagar transportes, almoço fora, creche dos filhos, impostos e etc recebe o mesmo ou quase o mesmo que recebe a trabalhar, só opta pelo trabalho quem fôr manifestamente burro... Foi a este estado de coisas que nos conduziram os incompetentíssimos politiqueiros socialistas, a este estado em que vale mais a pena viver dos subsídios do que do trabalho. E como parece que há trinta e tal por cento de ursos dispostos a votar nesses tratantes outra vez, quem quiser gente para trabalhar vai continuar a contratar emigrantes estrangeiros enquanto as cifras do desemprego dos portugueses e o desiquilíbrio das contas da Segurança Social vão continuar a crescer até ao descalabro final, enquanto o traste vai gritando todos os dias nos comícios que quer lutar contra o desemprego...
Amigos Amorim e NC,
Já escrevi sobre os temas que abordam. Concordo em pleno.
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