O CORNO RELATIVO

"O indivíduo chega de surpresa e surpreende a mulher na sua cama com outro.

Tirou o revólver da cintura com cuidado para não ser descoberto pelos dois, armou o gatilho e preparava-se para lhes limpar o sebo quando parou para > pensar. Lembrou-se de como a sua vida de casado havia melhorado nos últimos tempos.

A esposa já não pedia dinheiro para comprar carne, aliás, nem para comprar vestidos, jóias e sapatos, apesar de todos os dias aparecer com um vestido novo, uma jóia nova ou uma sandalinha da moda.

Os filhos mudaram da escola pública do bairro para um colégio particular. A mulher trocou de carro, apesar de ele estar há quatro anos sem aumento e ter cortado a mesada dela. O supermercado, então, nem se fala, eles nunca tiveram tanta fartura como > nos últimos meses.
E as contas de luz, água, telefone, internet, telemóvel e cartão de crédito, ele já nem se lembrava de ouvir falar delas.
O caso é que a mulher dele era mesmo um aviãozinho, baixinha, toda boa, mesmo com três filhos o tempo não passava por ela.

Coisa de louco...

Guardou a arma na cintura, com muito cuidado para não ser detectado, e foi saindo devagar, para não atrapalhar os dois.
Parou na porta da sala, reflectiu um pouco e disse para si mesmo:
- O tipo paga o aluguer, o supermercado, a escola dos miúdos, as contas da casa, o carro, todas as despesas e eu ainda vou para a cama com ela todos os dias...

E, fechando a porta atrás de si, concluiu sorrindo:

"Puta que o pariu... O CORNO É ELE!!!!"

(enviado por C. Augusto)