domingo, setembro 05, 2010

MANIPULAÇÕES

Confesso que tinha por Luís Horta admiração. Notava-se que era um bocado vaidoso, mas descontava isso no espírito de missão em que, pensava eu, ele estaria exclusivamente empenhado. E quando encontramos pessoas com tarefas difíceis, arriscadas e exigentes em termos, até, de coragem física para enfrentar interesses instalados, temos que dar algum desconto. A vaidade é a manifestação pública da auto-estima e da coragem sem as quais essas atribuladas funções não seriam possíveis.
Mas a instrumentalização governamental em que se deixou enredar só prova que não passa de mais um que obedeceu ao chefe para garantir o emprego.
Queiroz ganhará, obviamente, o recurso. E ninguém, agora, lhe levará a mal que ele chupe da Federação tudo o que possa e consiga.
Há dois meses atrás, a indemnização contratual seria obscena. A partir da pateta e patética decisão da Autoridade Anti-Dopagem, Queiroz conseguiu ter a unanimidade nacional a seu favor.

Pelo meu lado, como posso confiar nos resultados laboratoriais provenientes de uma Autoridade que, deste modo, se revelou dependente do poder político e sem autonomia, integridade ou independência ?

A partir de agora, qualquer atleta filiado no PS tem boas hipóteses de as suas amostras nunca revelarem produtos proibidos. É que o Dr. Luis Horta já não me garante que isso não possa acontecer.

5 Comments:

Blogger aamorim said...

Cuidado meu Amigo... Está a brincar com o fogo! No próximo dia 11 de Novembro lá terei de descer à Capital como testemunha de alguém (que, no seu blogue, até tem um link para o seu - foi assim que tomei conhecimento do mesmo) ousou escrever sobre "aquele senhor". Enfrenta uma indemnização de 8500 euritos por danos morais.
Cuidado meu Amigo, está a brincar com o fogo...
E ele até tem a máquina (leia-se quadrilha) montada para o proteger e apoiar, a nossas expensas, claro está.
Abraço e boa sorte.
P.S. (arre credo cruz) - Claro que apoio incondicionalmente a sua coragem para escrever sobre assuntos que, quase todos, só falam em surdina. É a triste sociedade em que vivemos...

13:50  
Blogger carneiro said...

a confiança que uma instituição pública, paga pelos meus impostos, me possa merecer depende da minha avaliação subjectiva.

Tenho direito à minha opinião. Aliás, os americanos deizem que "a opinião é como a abertura do cú: cada um pelo menos tem uma".

Qualquer Funcionário Público, em exercício de funções públicas, está sujeito a que qualquer cidadão possa ou não ter confiança subjectiva no desempenho desse funcionário.

A confiança é um factor subjectivo que não se decreta por lei, nem se impõe pela intimidação.

Coisa diferente seria eu tecer afirmações sobre a honestidade pessoal da pessoa em causa, por exemplo, num negócio de uma casa ou de um carro que ele tenha feito na sua vida privada.

Perante o que os jornais tornaram publico sobre o processo Queiroz, as alterações supervenientes dos testemunhos, as afirmações públicas do Secretário de Estado - antes, com ar de ameaça, a dizer que a seu tempo..., e, depois, em conferência de imprensa, com o ar de quem está consolado com a cagada - evidenciam que baste o cunho político e politiqueiro do processo disciplinar.

Ou seja, houve batota no processo.

Obviamente que se a Autoridade assume como sua uma decisão daquelas que o Secretário de Estado assume como sua só podemos estar perante uma manipulação.

E a confiança pública e a confiança subjectiva que cada um de nós tem numa instituição é como um bolo de gelatina ou um vaso de cristal. Assim que racha, já nada pode fazê-los voltar ao estado original.

E a integridade da Autoridade "rachou" com este sórdido assunto.

Ademais, tendo o Dr. Luis Horta deixado que a actividade da Autoridade transbordasse das bancas do laboratório - que deveria ser o altar sagrado da verdade desportiva e a sua única cadeira de autoridade moral - para a politiquice de processos por linguagem vernácula, está a "queimar" a função e a respeitabilidade da Autoridade.

As palavras de Queiroz justificariam, isso sim, um processo criminal por ofensa à honra pessoal e um pedido de indemnização. Porque aquelas palavras são ofensivas.
Mas não é a chamar "filho da não sei quantas" a alguém que se interfere com a análise e com o resultado da mesma.

Quanto muito a federação poderia despedir Queiroz por comportamento indigno de um Seleccionador.

Mas ficaríamos sem perceber porque é que o bronco brasileiro não foi despedido quando andou à porrada dentro do campo...

16:27  
Blogger Agnelo Figueiredo said...

Bem... unanimidade, unanimidade, ele não tem. Há um tipo, pelo menos um, que não o topa: eu.

Vamos à matéria de facto:
Carneiro, o homem é um bronco malcriado e, para cúmulo, vê o futebol pelo olho do cu.
Agora na parte dos formalismos jurídicos...

Ah! Tens toda a razão na parte da urina dos atletas socialistas. Aí, tens!

01:43  
Blogger carneiro said...

mas o ponto essencial é o da mijoca dos amigos e a teoria da gelatina...então, estamos de acordo.

12:57  
Blogger Feliciano da Vasa Ferreira said...

Há coisas que mesmo que se queiram esconder, são tão óbvias...

Pena é que agora em conversas de café não encontre ninguém que tenha votado nestes gajos que dizem ser os mentores dos valores (Liberdade; Fraternidade, Igualdade...só se forem para os manos, porque o resto é "ralé")...estranho não é?

Penso que se mudarem os poleiros...oxalá ele seja corrido...diz o ditado:
-Cá se fazem cá se pagam! O "coitado" do outro (jornalista), já nem se pode expressar...enfim.

Qual fogo qual quê...respira o mesmo ar que todos nós e bebe umas bicas no café certo? Então um dia destes ainda vai ser acusado...

16:56  

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