domingo, abril 04, 2010

PEDOFILIAS PASCAIS

Hoje é Domingo de Páscoa. E na passada semana tem-se assistido a um avolumar de notícias sobre Pedofilia na Igreja Católica. Do meu ponto de vista, é assim:

1. Estou afastado da Igreja-Instituição já há alguns anos por razões que não interessam aqui.

2. Não renego, porém, a minha origem católica, não sou ingrato pelo pouco que recebi, nem me arrependo do muito que dei.

3. As campanhas na comunicação social prosseguem sempre interesses secundários:

a) Nos USA, Austrália e países de inspiração Protestante estão em causa as indemnizações que estão a ser pedidas para as vítimas verdadeiras e para as vítimas oportunistas. Para lá das alfinetadas no Vaticano que já duram vai para 500 anos.

b) Na Irlanda estará em causa um pecado-colectivo que é preciso expiar, eventualmente muito mais do que o crime-colectivo do silêncio. Mas isso são estados de alma irlandeses que não são para levar a sério, já que os gajos só prestam para a porrada e para beber cerveja.

c) Em Portugal não percebo ao certo o que está em causa.

4. Em Portugal se há alguma coisa em que os Padres Católicos são notícia sexual, é por comerem gajas ou fugirem com elas para casar. E nem falo daquele que teve tantos filhos que foi apelidado de "O Povoador".

5. Para lá da patética figura do Padre Frederico - que por acaso não frequentou nenhum Seminário Português - não tenho presente outra situação - embora admita que possa existir e que não deixarão de me a indicar - que envolva sexualmente Padres Católicos e menores de idade.

6. E, já agora, a comunicação social quando fala em "Pedofilia" na Igreja Católica está a referir-se a que situações em concreto ? Gostaria que os Jornalistas concretizassem as notícias.

7. E, já agora outra vez, os jornalistas falam de quê ? Abuso sexual de crianças impúberes, que, do meu ponto de vista, é a única "Pedofilia", ou estão a falar de práticas homossexuais com Menores de idade, abaixo ou acima dos 16 anos de idade ?

8. Ou a Comunicação Social está a falar de Pedofilia por atacado, daquilo que se passou noutros países como se se tivesse passado por cá ? É que, a ser assim, e parece que é, os telejornais estão apenas a cavalgar a onda noticiosa de países terceiros para atacar a Igreja Católica Portuguesa, querendo disfarçar a nódoa da Casa Pia e dos Políticos maçãos que nela estiveram envolvidos e da qual saíram mediante, nomeadamente, telefonemas do então Presidente Sampaio para o Gabinete do Desembargador da Relação de Lisboa que libertou Paulo Pedroso. Desculpem voltar a este tema, mas do meu ponto de vista estes telefonemas foram a coisa mais grave que aconteceu em Portugal desde o 25 de Abril e parece que ninguém deu por nada.

9. Curiosamente, são os mesmos jornalistas que, escandalizados com quem não professa a ideia, proclamam os benefícios da homossexualidade em geral - segundo alguns, até fará bem à tosse e rouquidão - para, duas notícias depois, verberarem contra a homossexualidade se esta envolver um Padre Católico. Mas só se envolver um Padre Católico.

10. A Pedofilia, praticada contra crianças impúberes, é o mais nauseabundo dos crimes. Mas o pedófilo só é detectado depois dos crimes acontecerem. Na Igreja Católica ou em qualquer outra organização. O pedófilo é um caçador. Consegue camuflar os seus instintos, procura instituições com crianças acessíveis e, quando pensa estarem reunidas as condições óptimas, ataca. Ninguém o consegue detectar ANTES.

11. Ao contrário, no caso da homossexualidade (neste caso, masculina), há sinais exteriores detectáveis e os Seminários Portugueses fazem discriminação. Algumas vezes o "Apelo de Deus" que o adolescente afirma sentir não é mais do que a escapatória psicológica para um latejar ou instinto sexual que ainda não se entende, ou uma insatisfação interior que leva a construir uma Vocação para o Sacerdócio como a fuga de uma situação de vida à qual se pretende resistir.

12. Os Prefeitos nos Seminários percebem facilmente estes conflitos interiores e, à cautela, não são aceites a prosseguir nos estudos religiosos rapazes que revelem propensão homossexual. Sem que isso signifique que sejam expulsos da Igreja. Apenas não são "apurados" para Padres. Curiosamente, se haveria algo a criticar na Igreja Católica do ponto de vista dos princípios seria esta discriminação. Mas, nela, os Ilgas e afins nem tocam.

13. De todo o modo, a prática homossexual com menores de idade - é diferente se com menos ou com mais de 16 anos de idade - só é censurável pelos nossos jornalistas se envolver um Padre Católico. Se for um actor, um humorista, um artista plástico, um músico, já não há qualquer problema moral, nem merece sequer ser notícia.

14. De todo o modo, continuo a aguardar notícias concretas sobre que Padre Católico Português incorreu na prática de pedofilia ou em práticas homossexuais com menores. Enquanto o jornalismo nacional não individualizar as situações concretas, obviamente que estamos apenas perante uma onda noticiosa internacional que os saloios (alguns) e os vendidos à maçonaria ( a maioria) dos jornalistas lusos continuam a cavalgar gratuitamente.

15. Finalmente, não percebo esta moda recente de se "pedir desculpas históricas". Eu não persegui judeus, nunca fui negreiro, nunca coloquei um pé na África colonial, nunca frequentei um seminário ou uma sacristia onde tivesse cometido crimes sexuais (aliás, nem sou Padre, nem nunca fui Seminarista). Por isso, o Senhor Cardeal Patriarca, na parte que me diz respeito, mais valia ter evitado o assunto. Pedir desculpa de que crimes em concreto ? Ou embarcámos na moda ? Ou o Senhor Cardeal Patriarca pensa que os activistas maçons e os que pagam estas campanhas não aproveitam a nobreza de carácter de alguns para dela tirarem proveito mesquinho e egoísta ? Pérolas a porcos, Senhor Patriarca, pérolas a porcos....

16. É que esta coisa da dimensão religiosa da vida, do Transcendente Criador, dos valores, das instituições, da diferença entre o certo e o errado, só faz sentido enquanto temos capacidade de seguir o nosso rumo, por ser o certo, sem embarcar em modas. Mas já me estava a esquecer: foi exactamente por a Igreja Católica estar acima da crítica leal efectuada pelos seus membros, que por ela sofriam e se esforçavam, que eu me afastei. Pelos vistos, rende mais em termos televisivos ser permeável à crítica de terceiros mal-intencionados, com o caricato de se assumirem culpas difusas e inconcretizadas por factos praticados por um homossexual qualquer australiano, irlandês ou cubano-americano, cujo Bispo por estar tão ocupado a polir a pedra do respectivo anel, não assumiu as respectivas responsabilidades nem fez o que deveria ter feito.

17. Para que conste: o que esse Padre e esse Bispo fizeram não sei quando nem onde nem contra quem, não me envergonha nem peço desculpa ou perdão. Pela simples razão que isso nada tem a ver comigo. Nem com a Igreja Católica Portuguesa. Na qual nasci, na qual cresci e vivi, da qual me afastei e na qual muito provavelmente morrerei.

18. Se estou afastado da Igreja Católica, porque é que me meti nesta discussão ? Tenho por lá uma meia dúzia de amigos pessoais que são Padres, alguns foram rapazes comigo, e não os quero ver envolvidos nesta campanha sórdida da comunicação social. E depois, a Igreja Católica já me foi uma coisa tremendamente cara que defendi de peito aberto como acontece sempre a quem não tem esqueletos no armário. E hábitos nobres não se perdem, nem quando temos muitas razões para estar magoados. Não gosto que batam nos "meus", mesmo que esteja de relações cortadas com "eles".