Do Portugal Profundo

A blogosfera portuguesa está lentamente a reagir a mais um ataque ao Prof. Caldeira. Foi (vai ser) constituído arguido aparentemente por ter editado matéria sobre a precária licenciatura do Primeiro Ministro. Há blogs que estão a suspender a edição. Em protesto. Aqui e ali vai-se percebendo uma tímida reacção de outros - não vá o poder vigente constituir mais arguidos. Pois bem, há momentos em que temos que pôr a carne no assadouro: pelo meu lado, e pese embora a pouca informação de que disponho, assumo enquanto cidadão as seguintes opiniões:

1. A Licenciatura do primeiro Ministro não me convence. Existem índícios de um tratamento de favor, de promiscuidade política, de homologação de notas finais em disciplinas que nem sequer se provou que tenham sido dadas. Os certificados de habilitações tornados públicos apresentam indícios de viciação, quer em datas, quer no valor das notas. Não foram apresentados Livros de Termos, nem Cadernetas de Turma, nem Registo de Faltas, nem cópias de Enunciados de Testes ou Exames nem respectivas Folhas manuscritas de Resposta, nem cópia do Trabalho de Dissertação, nem Horário das Disciplinas, nem qualquer documento ou registo que provásse a regularidade académica dos semestres em cada uma das cadeiras. As explicações prestadas pelo próprio em directo na RTP não esclareceram nenhuma das questões fundamentais.

2. A actuação do Estado contra o Prof. Caldeira, mesmo sob a capa de um inquérito criminal, se versar a actuação daquele Blogger na matéria da Licenciatura do Primeiro Ministro traduz um insuportável e inadmissível ataque à liberdade de expressão e de opinião.

3. A Revolução de Abril significa coisas muito diferentes para cada um dos portugueses. Mas é bom que os Políticos do Regime entendam que a restauração da LIBERDADE DE IMPRENSA, DE OPINIÃO E DE EXPRESSÃO PUBLICA DE IDEIAS é o mínimo denominador comum. Por aqui, todos os Portugueses estão unidos. E haja um coirão de um político que se atreva a pensar que pode calar um Povo.

4. Pelo meu lado, na minha vida profissional e de cidadão ir-me-ei referir a esta aviltante situação de perseguição por delito de opinião sempre que tenha ensejo. Vai ser a minha forma de luta.

5. Eis o que me ocorre, face ao conhecimento dos factos de que disponho neste momento. Acrescento que nem sequer sou próximo ou íntimo do Prof. Caldeira, nem tão pouco especial admirador do respectivo blog. Mas é a lutar pela liberdade dele que garanto a minha.