quinta-feira, abril 24, 2014

O MOVIMENTO DOS CAPITÃES


A publicação do Decreto-Lei n.º 353/73 de 13 de Julho que possibilitava aos milicianos do Quadro Especial de Oficiais a equivalencia para todos os efeitos com os capitães do quadro permanente, mediante a frequência de um curso intensivo na Academia Militar, originou viva contestação dos capitães do quadro permanente. Ou seja, devido à falta de oficiais milicianos para as campanhas de Africa, o governo da época teve que declarar igualdade nas condições remuneratórias e de promoções entre os oficiais milicianos e os oficiais da academia. E, assim, a revolução de abril, que mais tarde veio a ser pintada com as cores da liberdade e da igualdade, teve na sua génese o descontentamento corporativo, sindical e egoísta dos senhores capitães da Academia Militar que não aceitavam qualquer tipo de igualdade ou de equivalência com os Oficiais Milicianos que consideravam ser oficiais de categoria inferior.
Daí que seja surpreendente as alusões à igualdade, fraternidade, solidariedade e outros elevados sentimentos e instintos que são atribuídos à revolução dos cravos.
É que a principal motivação do movimento dos capitães era elitista, segregadora, classista e visava, essencialmente, impedir qualquer tipo de equiparação entre os capitães do Quadro Permanente, que reclamavam a exclusividade das regalias da Vida Militar,  e  os capitães milicianos, esses desqualificados  filhos do Povo, que nunca poderiam beneficiar das regalias equivalentes às dos Militares Profissionais.
E é por isso que alguns Militares golpistas, terminadas as operações, voltaram aos Quartéis e não se meteram na Política. A qual, na época, conduziu Portugal à implantação do Comunismo, com as nacionalizações, expropriações e  ruína em geral da economia nacional. Ano e meio depois, a 25 de Novembro de 1975, é que foi instalada a igualdade, a liberdade e a democracia, após um Verão em que o Povo veio para a rua  opôr-se de forma inequívoca, muitas vezes pela força física, contra o comunismo soviético que se tinha instalado em Portugal.
Por isso, em Abril de 1974,  apenas devo aos militares golpistas o terem criado as condições de vazio de poder  político que permitiu a instalação de um regime comunista soviético. E quatro anos depois tínhamos em Portugal a  bancarrota e a primeira intervenção da "Troika" que na época era apenas o FMI. Essa primeira bancarrota é devida aos militares de abril. Não tanto por terem derrubado o regime, mas porque o fizeram sem ter acautelado uma alternativa política que fosse viável e que não tivesse empurrado Portugal para a falencia económica imediata. Dizem alguns que até à bancarrota ser declarada  foi o ouro que Salazar, o tal fascista,  deixara nos Cofres da Nação que foi pagando a rebaldaria comunista.

O tal Decreto-Lei n.º 353/73 de 13 de Julho pode ser lido aqui. Com dois semestres na Academia Militar, os oficiais milicianos passavam a ser equiparados aos Oficiais do Quadro Permanente que tinham  sido graduados pela Academia Militar.

É bom que se perceba que naquela altura um grupelho de interesses fez a sua "greve" - porque acabou com a Guerra do Ultramar e passou a receber o pré sem ter que arriscar a vida -,  sabotou o país, derrubou o governo, enfim, dispõs-se a tudo o que podia levar à defesa do seu estrito grupinho de interesses e da panela lá de casa, enquanto se  borrifou para o resto dos portuguesese para a Nação.

Convém ter presente que Vasco Lourenço da Associação 25 de Abril,  que aparece na Comunicação Social com ares de  um Bolívar, de um Garibaldi, ou de um Athaturk, sempre heróico e libertador, apenas cumpriu uma comissão de serviço na guerra da Guiné, entre 1969 e 1971,  e entre 1971 e 1974 nem sequer esteve em frente de combate, porque estava aquartelado  nos Açores. Mas é claro que Vasco Lourenço, por estar colocado nos Açores, nem sequer arriscou  com o golpe dos seus Colegas, pois que, em caso de fracasso, ele seria sempre alheio aos acontecimentos verificados  em Lisboa. 
Mas é este o tipo, com este nível zero  de desempenho no Golpe Militar, que mais barulho anda por aí a fazer, esquecendo-se que desde há 40 anos que  recebe todos os meses uma pensão  sem nunca ter sido eleito ou desempenhado outra função que não seja coçar com o cú o cabedal dos sofás das messes e com as mãos a pele dos colhões  debaixo do avental maçónico. 

2 Comments:

Anonymous NC said...

Independentemente de perfilhar muito do escrito, há uma rectificação a fazer. Não é verdade que o então capitão Vasco Lourenço tivesse estado aquartelado nos Açores em 1972. Estava no BRT na Trafaria, como pude pessoalmente testemunhar todos os dias...

11:49  
Blogger carneiro said...

Admito, como é evidente perante testemunho tão assertivo. As minhas fontes não são precisas. Uma entrevista ao Expresso fala nos Açores após Guiné e assumi que tinha sido imediato.

14:12  

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