ALCACHOFRA
Era a fogueira da noite de Santo António. O combustível era peles dos vimes, sub-produto de uma pequena fábrica de empalhamento de garrafões de vidro. Os miúdos desde o início do mês que iam trazendo as carradas de peles de vime em suadas padiolas. À noite acendia-se a fogueira. Os vizinhos adultos traziam petiscos e ofereciam-se reciprocamente pasteis de bacalhau ou fatias de bolo. Por vezes surgia uma cabaz de sardinhas que um vizinho mais afoito ia buscar ao cais de Peniche. No final, no borralho, chamuscava-se clandestinamente uma alcachofra e guardava-se num local secreto. Se no dia seguinte florisse era porque o amor era correspondido. Mas não havia ainda qualquer amor. Era só a tradição da alcachofra.
2 Comments:
Ainda me lembro de ; Fazer numa caixa de cartão o Altar com o Santo posto , e andar a pedir um tostãozinho para o santo António sempre que alguem passava . " tempos né ? " .
na minha província não se usavam nem os altares nem as cascatas.
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