SINFONIAS
Dizem os entendidos em técnica de piano que este músico, quando jovem, foi um executante de piano de primeira qualidade. Seguramente o melhor que existia em Portugal na década de 60 do século passado. Depois veio o 25 de Abril, surgiram os tachos políticos e a execução musical foi secundarizada.
Eu só o conheço da televisão, na sua qualidade misturada de agente musical, político da esquerda chic, benfiquista e cineasta subsidiado pela III República, pese embora a sua ancestralidade exibir algumas costelas azuladas, aliás, como é de bom-tom. Por vezes cruzava-me com ele na Baixa de Lisboa. Sempre com o ar desleixado, sujo, caspeado e despenteado que caracteriza os génios.
O seu último grande êxito musical foi a Sinfonia do Benfica - que ainda é record mundial pois o Benfica é o único clube do mundo que tem uma Sinfonia.
Não surpreende que se apelide pomposamente de "Sinfonia", - ao lado da 'Sinfonia nº40 de Mozart' - "alguns materiais desempregados" que "juntou", pois que o compositor é benfiquista e a nota artística, como sabemos, é sempre muito elevada na auto-estima benfiquista. Para lá de que a "duração de 25 minutos" faz antever a grandiosidade da "Sinfonia". Será certamente uma obra musical de mérito, pese embora aqueles ingredientes tão improvisadamente humildes. Esperemos que ainda melhor que a Sinfonia do Benfica cujo formato em CD tem sido o principal produto do merchandising benfiquista e cujas melodias são trauteadas pelas claques benfiquistas enchendo os estádios de cultura superior e de felicidade popular. Pois que há melodias que entram tanto no ouvido que nunca mais de lá saem.
Espero ver nas TV's, com directos e chamadas de "Ultima Hora", as reportagens da Cova da Moura com Eusébio e Vieira na primeira fila, com aquele ar de prazer deliciado de que todos nos recordamos com inveja, quando assistiram à apresentação mundial da Sinfonia do Benfica no Coliseu. Até porque desta vez a coisa dura só 25 minutos. O que é uma vantagem para quem já não aguenta muito tempo de prazer contínuo. Ou para quem nunca passou, sequer, dos prazeres rapidinhos. Aliás, conforme é regra dos benfiquistas: "dura pouco. Como o sexo."
Quando certos gajos usam avental tudo lhes é permitido na comunicação social e na vida. E se forem benfiquistas, então, o ridículo vai até ao infinito e mais além.
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