terça-feira, junho 19, 2012

SINFONIAS


 Dizem os entendidos em técnica de piano que este músico, quando jovem, foi um  executante de piano  de primeira qualidade. Seguramente o melhor que existia em Portugal na década de 60 do século passado. Depois veio o 25 de Abril, surgiram os tachos políticos e a execução musical foi secundarizada.
Eu só o conheço da televisão, na sua qualidade misturada de agente musical, político da esquerda chic,  benfiquista e  cineasta  subsidiado pela III República, pese embora  a sua ancestralidade exibir algumas costelas azuladas, aliás, como é de  bom-tom.  Por vezes  cruzava-me com ele na Baixa de Lisboa. Sempre com o ar desleixado, sujo, caspeado e despenteado que caracteriza os génios.
O seu último grande êxito musical foi a Sinfonia do Benfica - que ainda é record mundial pois o Benfica  é o único clube  do mundo que tem uma Sinfonia.
Não surpreende que se apelide    pomposamente de  "Sinfonia", - ao lado da 'Sinfonia  nº40 de Mozart' -    "alguns materiais desempregados" que "juntou", pois que o compositor é benfiquista e a nota artística, como sabemos, é sempre muito elevada na auto-estima  benfiquista.  Para lá de que a "duração de 25 minutos" faz antever a grandiosidade da "Sinfonia". Será certamente uma obra musical de mérito, pese embora aqueles ingredientes tão  improvisadamente humildes.  Esperemos que ainda melhor  que a Sinfonia do Benfica cujo formato em CD  tem sido o principal produto do merchandising benfiquista e cujas  melodias são  trauteadas pelas claques benfiquistas enchendo os estádios de cultura superior e de felicidade popular. Pois que há melodias que entram tanto no ouvido que  nunca mais de lá saem.
Espero ver nas  TV's, com directos e  chamadas de "Ultima Hora",  as reportagens da Cova da Moura com Eusébio e  Vieira na primeira fila, com aquele ar de prazer deliciado  de que todos nos recordamos com  inveja, quando assistiram  à apresentação mundial da Sinfonia do Benfica no Coliseu. Até porque desta vez a coisa dura só 25 minutos. O que é uma vantagem para quem já não aguenta muito tempo de prazer contínuo. Ou para quem nunca passou, sequer,  dos prazeres rapidinhos. Aliás, conforme  é regra dos benfiquistas:   "dura pouco. Como o sexo."
Quando certos gajos usam avental tudo lhes é permitido na comunicação social e na vida.  E se forem benfiquistas, então, o ridículo vai até ao infinito  e mais além.