sexta-feira, junho 29, 2012

AMBIÇÃO E FALTA DELA


Ronaldo assume-se frustrado por ter perdido. Os outros ficam contentes por terem chegado tão longe. Em especial o Treinador, que tece loas a si próprio com arrogância parola. Estas  diferentes atitudes psicológicas ilustram o que aconteceu no Torneio.
 Em campo esteve uma equipa  que só foi equipa a jogar à defesa, generosa no esforço, mas medrosa, a jogar para não perder. Foi assim, em especial com a Alemanha e com a Espanha. Com a Dinamarca aconteceu a sorte do jogo e a vantagem  madrugadora que por pouco se ia desperdiçando por excessos defensivos. Com a Holanda e a Chéquia foi fácil que essas equipas eram  muito inferiores.
Só  em desvantagem a equipa se atirava para a frente, com destemor e ambição. Puxada por Ronaldo que arrojava, arriscava e transmitia confiança aos colegas. Mas mesmo assim com cada um a puxar para seu lado. O Nani nunca jogou em equipa. Jogou sempre sózinho. A única vez que  passou a bola e não fossou até a perder proporcionou o golo mais bonito. O Postiga e o Almeida não estavam em campo para marcar golos. Apenas para pressionar a posse de bola adversária. O Varela teve duas  breves oportunidades. Falhou uma com azar e acertou outra com sorte.  As jogadas de ataque organizado e  programado eram apenas os livres e os cantos. As tais bolas paradas.  Não houve em campo  uma estrutura colectiva, com funcionamento harmonioso e articulado no momento do ataque. Nessa fase do jogo era cada qual por si.  Aconteceu apenas um conjunto de jogadores do meio campo, alguns muito bons, que suscitavam a intervenção dos colegas, apenas porque o bom futebol que jogam só podia suscitar aquele automatismo. Só  Ronaldo combinou verdadeiramente com Coentrão. Habituados do Real.  A jogar, a vencer e a ambicionar. Ronaldo foi o único que acreditava poder  ser campeão europeu. Coentrão talvez. Os outros apenas queriam ir o mais longe possível.  Mas o  Treinador ganhou a lotaria. Nunca pensou chegar tão longe.  E foi tanta a  sorte pelo caminho.  E, assim,  vamos continuar sem equipa organizada no ataque,  a depender da inspiração individual dos jogadores e da motivação do único que quer, mesmo, ganhar.  A atitude competitiva de Ronaldo é extraordinária. Mas não chega. No ataque Ronaldo é o Plano A, B e C. Não há  nada para além dele. À excepção do medo de perder  que o Treinador não consegue disfarçar.  

3 Comments:

Anonymous NC said...

Aquela recepção anteontem no aeroporto só mesmo num país de bacocos onde a mediocridade reinante e a falta de ambição e de sentido crítico permitem ao treinador ser apresentado todos os dias ao país quase como um génio...
No fundo até percebo que o senhor se sinta muito ofendido por haver uns tipos que se atrevem a não lhe reconhecer pretensos méritos na preparação da equipa e criticarem a falta de rigor, a ostentação saloia, as charretes, os beija-mão, a falta de audácia no esquema da equipa, a insistência num esquema ofensivo assente em pontas de lança que Portugal não tem com um mínimo de qualidade... Mas se a toda a volta estrelejam foguetes mesmo sem se ganhar nada, se calhar o cavalheiro tem razão em pensar-se acima de qualquer crítica...

12:12  
Anonymous Anónimo said...

Não discordando de tudo, discordo do essencial. A falta de ambição. Não se vislumbra ambição por muitos e pretensos rematadores de última linha. Não exemplifico o oposto pois ontem foi por demais evidente... É demasiado rudimentar falar de atitude... essa notou-se no 'não dar uma segunda bola como perdida'. Discordo, essencialmente, pela crítica fácil e pelo não regozijo com um belo par de exibições como por oposição terá o exemplo do catenaccio mais uma vez dado... Mas esse gostamos porque é cultural... Bahhh!
Gosto muito da saudação aos vencedores - very british - dos cânticos - irish - em plena goleada sofrida. É possível reconhecer valor sem se carregar o caneco. É sim! Não serei (mos) perdedor (es) mas sim entusiasta (s) do futebol e não críticos de palavra fácil. O pensamento tem e deve ser mais rápido que a palavra.

Tiago.

14:30  
Blogger carneiro said...

o belo par de exibições foi certamente contra a Holanda e contra a Chéquia. No primeiro caso, bater em ceguinhos. No segundo, a gestão - que ia correndo mal - de um jogo em que a vantagem madrugadora tornou tudo mais fácil. E que só não correu mal devido a um pontapé sortudo de Varela.
Não sei o que é pior. Se a rudimentar crítica fácil, se a pedante depreciação genérica e não concretizada de opinião alheia.

Para não melindrar, um X no totobola, portanto.

15:12  

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