quinta-feira, julho 08, 2010

UM PROFETA

""""Quando ouviu as notícias de que o país estava à beira da bancarrota, começou a passar todos os dias pela delegação do Banco de Portugal em Évora, para abater em si a hecatombe económica. Quando toma conhecimento de uma epidemia, faz o circuito dos hospitais e dos centros de saúde, para travar a peste. Se há uma onda de assaltos, gira para a esquadra de polícia. E então caminha os dias inteiros de um lado para o outro, a salvar o mundo. E se por algum motivo pára num banco de jardim, não é para descansar. É para recarregar energias nos seus reis e poder continuar a descontar no corpo as maleitas da humanidade."""""


BEATO SALÚ---Parte 1

"PARECE UM DRUIDA, DE BARBAS E CABELOS BRANCOS, OLHAR MACIO, pose contemplativa. Usa um discurso profético, muitas vezes místico.
É inevitável pensar que Luís Pais Martins tem um apurado sentido estético. Afinal, ele passa uma parte dos seus dias num banco de jardim em frente ao Templo de Diana, ou então na Praça do Giraldo, ou no Jardim do Paraíso, que são alguns dos maís esplêndidos lugares da cidade(... )Começou a fazer-se notado nos anos 1980 e o povo de Évora preferiu chamá-lo de Beato Salu,
como o vidente da novela Roque Santeiro.
Em bom rigor, Luís é eborense de gema. Fez ali a quarta classe e aos 12 anos tornou-se grumo no Café Arcada. Foi lá que casou, foi lá que teve um filho. Foi lá que estabeleceu uma base para,
durante anos, partir estrada fora como caixeiro viajante, vendendo electrodomésticos por todo o Alentejo. Luís Pais Martins tem 59 anos."

in Diário Magazine, de Ricardo J. Rodrigues.

5 Comments:

Blogger ups said...

""""Quando ouviu as notícias de que o país estava à beira da bancarrota,
começou a passar todos os dias pela delegação do Banco
de Portugal em Évora, para abater em si a hecatombe
económica. Quando toma conhecimento de uma epidemia,
faz o circuito dos hospitais e dos centros de saúde, para
travar a peste. Se há uma onda de assaltos, gira para a esquadra
de polícia. E então caminha os dias inteiros de um
lado para o outro, a salvar o mundo. E se por algum motivo
pára num banco de jardim, não é para descansar. É para recarregar
energias nos seus reis e poder continuar a descontar
no corpo as maleitas da humanidade."""""


BEATO SALÚ---Parte 1

"PARECE UM DRUIDA, DE BARBAS ECABELOS BRANCOS, OLHAR MACIO,
pose contemplativa. Usa um discurso profético, muitas vezes místico.
É inevitável pensar que Luís Pais Martins tem um apurado sentido
estético. Afinal, ele passa uma parte dos seus dias num banco de
jardim em frente ao Templo de Diana, ou então na Praça do Giraldo,
ou no Jardim do Paraíso, que são alguns dos maís esplêndidos
lugares da cidade(... )Começou a fazer-se notado
nos anos 1980 e o povo de Évora preferiu chamá-lo de Beato Salu,
como o vidente da novela Roque Santeiro.
Em bom rigor, Luís é eborense de gema. Fez ali a quarta classe e
aos 12anos tornou-se grumo no Café Arcada. Foi lá que casou, foi lá
que teve um filho. Foi lá que estabeleceu uma base para,
durante anos, partir estrada fora como caixeiro viajante,
vendendo electrodomésticos por todo o Alentejo
Luís Pais Martinstem 59 anos."

in Diário Magazine,de Ricardo J. Rodrigues.

14:01  
Blogger ups said...

Há 7 anos encontrei o Luís junto à montra da Livraria Nazaré.
Tinha com ele o livro"O Diário de um Mago" do escritor brasileiro Paulo Coelho.
Não conhecia o livro ,apenas tinha lido até então "O Alquimista".
O Luís afirmou,resumidamente,tratar-se de umas "estórias" relativas à experiência do escritor aquando da sua caminhada pelo Caminho Francês a Santiago de Compostela.
Disse-me,então:caminhar ou peregrinar pela vida é o destino de cada um/maktub(está escrito).....
Não mais esqueço o brilho do seu olhar nesse dia...

Entrei e comprei um exemplar.
à saída o Luís escreveu uma dedicatória"OS SINAIS DA VIDA SÃO COMO OS SINAIS DE TRÂNSITO:POR VIA DAS DÚVIDAS,MELHOR SERÁ RESPEITÁ-LOS.

ups!

19:34  
Blogger ups said...

"Um dia,
tive uma revelação. Foi a 12 de Maio de 1972 e eu tinha ido
a Fátima. Olhei para o alto, vi umcéu magnífico e senti uma
paz maravilhosa. Então afastei- me da multidão, comecei a
andar e fui dar a um ribeiro. Nessa altura, as águas falaram
comigo e disseram-me o que tinha de fazer.»
Há que ser justo nisto: Beato Salu é um homem inteligente.
As suas palavras podem parecer inverosímeis mas,
dando-lhe um pouco de voz, percebe-se que o sistema de
convicções que ele criou é pelo menos coerente. Acredita
nas energias da natureza e acredita ser uma espécie de Escolhido.
Acredita ser o único capaz de alterar o destino, a ordem natural das
coisas. E acredita nisso convictamente.
Em 1972, as águas disseram-lhe para abdicar da vida tal como a
conhecia. Abandonou a família, o trabalho, e começou a sua missão.
Ao longo dos anos seguintes desfez-se da casa, de quaisquer relações
próximas, dos livros que o tinham inspirado - e que ainda cita
muitas vezes. E continuou a falar com as águas, com o vento, com
o Sol, a quem chama reis: «Adeterminada altura, um rei disse-me
que ia haver uma grande mortandade em Évora e eu tive uma visão
da cidade destruída, fisica e moralmente. Percebi pelos sinais
que se aproximava um tremor de terra de grau nove na escala de
Richter e então comecei a passar o tempo todo na rua, para proteger
a cidade.» Mais tarde, leu no jornal que houvera um sismo de
grau três, que não tinha provocado quaisquer danos humanos ou
materiais. «Oterramoto foi descontado no meu corpo», esclarece.

09:48  
Blogger ups said...

Parte-3

Beato Salu chama-se a si mesmo de O,porque essa é a forma mais
perfeita da natureza. «Um O», explica ele, «tem um valor biológico
superior à própria existência e por isso consegue controlar os acontecimentos,
é independente em relação ao cosmo.» E assegura que,
em cada século que passa, não haverá no mundo mais de dois ou três
escolhidos como ele. «Quando os reis me nomearam O, havia dois
candidatos europeus, um português e um jugoslavo. Mas não pode
haver mais do que um na Europa e, como me escolheram a mim, a
Jugoslávia entrou em guerra e desintegrou-se. Não quero imaginar
o que teria acontecido ao nosso país se eu não fosse chamado.»
Não bebe, não fuma, não toma drogas. Há umas semanas foi expulso
do casebre onde passava as noites, num bairro da cidade. E, se
alguém lhe pergunta o que vai fazer, ele encolhe os ombros e replica:
«Não tenho tempo para pensar nisso, estou ocupado com outros
trabalhos.» Para todos os efeitos, há mais de trinta anos que este homem
é fiel ao seu compromisso.


in Notícias Magazine(02/05/10)


-------FORA DE SÉRIE---------

de RicardoJ.Rodrigues

14:18  
Anonymous Fernando de Brito Vintém said...

É um homem educadíssimo e que merece toda a nossa consideração e respeito. Abraço forte ao Beato Salu. ;-))**

16:46  

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