A CORRENTE DO FAIR PLAY
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A etapa era a 12ª com a meta no alto da Sierra Nevada. Era a mais longa com 236 Km de extensão. Um jovem alemão da Telekom, Bert Dietz, lançou-se na aventura da fuga logo na primeira dezena de quilómetros. Tão longe da meta, o pelotão deixou-o ganhar muitas dezenas de minutos. Como habitual, com o aproximar da meta, Dietz começou a perder vantagem. E na derradeira subida, que é das mais complicadas em Espanha, viu encurtada dramaticamente a vantagem. Depois da última curva, a meta já se via no final daquela derradeira rampa. Só faltavam 200 metros para ganhar a etapa-rainha da Vuelta daquele ano. Mas Jalabert que fizera a subida nos habituais esticões que rebentavam com a concorrência, contorna a última curva e dá com o Dietz na sua frente, penosamente, a tentar chegar à meta. Com facilidade Laurent Jalabert ultrapassa o adversário, que num soslaio de profunda tristeza e desânimo depois de tão prolongado esforço identifica quem o ultrapassa e abdica do seu já fraco ritmo. Mas Jalabert deixa de pedalar, olha para trás e espera. Confirmando que não precisava de ganhar a etapa por ter deixado muito atrasados os directos competidores, Jalabert incentiva Dietz a pedalar, dá-lhe ânimo e coragem para mais aquele derradeiro esforço e deixa que Dietz ganhe uma etapa em que andara fugido cerca de 230 quilómetros. Talvez a fuga mais longa de que tenho conhecimento.
Senti-me envolvido naquele acto de nobreza. Comovido até às lágrimas. Nesse dia, mesmo como simples adepto da modalidade, senti orgulho do ciclismo."
Saliento que o Jalabert ainda não tinha a vitória assegurada e que perdeu talvez um minuto com aquela atitude, para lá da pontuação do 1º lugar na Montanha e nos Pontos.
Contador pode dar muitos "tiros" vitoriosos, mas nunca será um Campeão. Porque um Campeão tem nobreza de alma. Só é adulado pelo que os rodeia, não porque inspire respeito, mas apenas enquanto ganhar. E naquele dia até foi apupado pelo público ao subir ao podium.
Ao fim de 51 anos de idade já aprendi uma coisa: pode durar mais ou menos tempo, mas quem é pequenino de alma e atrofiado de carácter, mais tarde ou mais cedo espalha-se ao comprido. Eu não lamentarei esse momento.
Senti-me envolvido naquele acto de nobreza. Comovido até às lágrimas. Nesse dia, mesmo como simples adepto da modalidade, senti orgulho do ciclismo."
Saliento que o Jalabert ainda não tinha a vitória assegurada e que perdeu talvez um minuto com aquela atitude, para lá da pontuação do 1º lugar na Montanha e nos Pontos.
Contador pode dar muitos "tiros" vitoriosos, mas nunca será um Campeão. Porque um Campeão tem nobreza de alma. Só é adulado pelo que os rodeia, não porque inspire respeito, mas apenas enquanto ganhar. E naquele dia até foi apupado pelo público ao subir ao podium.
Ao fim de 51 anos de idade já aprendi uma coisa: pode durar mais ou menos tempo, mas quem é pequenino de alma e atrofiado de carácter, mais tarde ou mais cedo espalha-se ao comprido. Eu não lamentarei esse momento.
1 Comments:
belo post! Assino por baixo
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