TRANSPARÊNCIA

Hoje voltei a 40 anos atrás. Aos tempos da transparência desportiva em que o FCPorto era descaradamente roubado em casa e o SLBenfica beneficiava da escandalosa complacência e da indisfarçavel tendenciosidade das arbitragens.

Voltei, enfim, aos tempos em que as Segundas Feiras eram mais felizes e alegres porque roubar em favor do Benfica era uma necessidade patriótica e uma atitude cultural assumida pacíficamente no plural.
"É muito feio roubar, mas desde que seja em favor do Benfica, já não faz mal". E a malta não percebe que é esta postura cívica que nos tem condenado a ser um povo com poucas hipóteses de sair da mediocridade moral onde nos afundamos colectivamente comandados por uma elite política-económica que transporta para a vida civil aqueles oportunismo e falta de carácter desportivos.

Essa atitude sócio-cultural em que se traduz o "benfiquismo" - como corrente moral que admite a excepção ao pecado, desde que seja em nosso benefício - foi exportada inevitavelmente para outros emblemas. E é a principal causa do nosso insucesso como povo. Estamos condenados a ser um povo sem coluna vertebral e sem a noção da integridade e dos princípios.