MARGINALIDADES
Notas soltas:
1. Há muito que entendo que as claques organizadas deveriam ser irradiadas do espectáculo desportivo. Impedem que o cidadão normal vá ao futebol com as suas crianças. E tornam uma ida a espectáculo caro numa actividade mais ou menos perigosa ou, pelo menos, sujeita a riscos para a integridade física.
2. Reparei no cuidado que o Porta-voz policial teve para não melindrar o Benfica. "Esta claque pertence a este clube, como poderia pertender a outro..." Pois, está bem. Mas por acaso até pertence ao Benfica, ponto final. E disso o Clube tem tirado partido (de duvidoso mérito, mas isso é outra conversa) dentro do Estádio da Luz.
3. Recordo acontecimentos de há um ano atrás quando foi detido no Porto por homicídio certo marginal e a notícia passava pela relevância de informar que há dez anos atrás ele pertencera a uma claque do FCPorto. Como se isso tivesse algo a ver. Há dez anos que o fulano já não era, mas mesmo assim era importante tal circunstância, mesmo que os factos criminais nada tivessem a ver com futebóis.
4. Sabe-se que o grupo potencia a coragem para violar as regras. Os elementos estimulam-se reciprocamente, desafiam-se e estabelecem hierarquias em função do grau de infracção a que cada um se atreve. É por isso, nomeadamente, que a lei pune mais severamente as associações de malfeitores e os crimes cometidos em grupo.
5. Só se deparou agora com armas de fogo, tráfico financiador de drogas e ataques organizados a outros grupos, porque noutros tempos não se limitou a actuação destes grupos. E a permissividade das autoridades foi proporcionando o avolumar e a diversificação das condutas. Já há mais de uma década que esta claque assassinou um adepto do Sporting no Estádio Municipal de Oeiras. Não houve a coragem de acusar a claque no seu todo, colectivamente, pelo acto terrível cometido. Preferiram tratar o assunto como um acto de um indivíduo isolado.
6. Nem houve coragem para suspender, sequer, a realização do jogo em homenagem a um adepto que morre por estar sentado na bancada e de repente levar na cabeça com um foguete enviado do meio de uma claque.
7. Em Espanha, as famílias inteiras vão ao futebol porque o fenómeno das claques está muito controlado e nalguns locais nem existe.
8. Por cá, o sócio barrigudo, ele próprio incapaz de fazer mal a uma mosca, sorri deliciado quando a claque do seu clube apelida de filho da puta o presidente do clube adversário. Enquanto todos os sócios barrigudos de todos os clubes não entenderem a cobardia do seu comportamento, as claques continuarão a existir como o reflexo natural da nossa cobardia colectiva.
1 Comments:
Carneiro,
recordo-me desse bárbaro assassinato no Estádio do Jamor.
Teria sido aí que as coisas pareciam ter batido no fundo.
Infelzmente, não!
Vamos esperar que agora se corrijam tais nefastos e criminosos "ajuntamentos".
Haja Saúde.
jm
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