BIFE DE TOIRO BRAVO

Está mais ou menos estabelecida a "verdade científica" de que em Lisboa é tudo artificial, sintético e caro, enquanto pela província é que se conseguem obter produtos genuínos, naturais, biológicos e baratos.

Mas não é bem assim. Quem tem o saudável hábito de visitar os concelhos do país para neles pernoitar e tomar refeições já se apercebeu há muito que qualquer labrego, sem preparação profissional ou jeito para o negócio, abre um restaurante forrado a mosaicos espanhóis, pendura no tecto uns almudes e umas alfaias que comprou no ferro velho e tenta fazer daquilo um restaurantre regional e típico. Cobra os pratos do menú a 12, a 15 e a mais euros, compensa no tamanho da dose a falta de qualidade estética e culinária e o cliente no total paga a refeição à razão de 20 euros por cabeça.

Em contrapartida, em Lisboa, fruto da muita concorrência que existe, conseguem-se preços e qualidade muito acima daquele novo-riquismo domingueiro.

Hoje no Paço Real, à Rua da Conceição, limpei o bife da foto. Toiro bravo por 4,75 €. Grelhado no momento, a fumegar quando chegou à mesa. No passado sábado, em Santarém, pelo preço de 9,90 € serviram-me um bife de toiro bravo, frio, duro, mais pequeno e com tremendamente menor aspecto visual ou olfativo.