OVAS COM BRÓCULOS

Hoje foi necessário voltar à comidinha de atleta na Tasca do Pereira. Para repor a racionalidade. Conforme se prova pela imagem anexa.

É que ontem o meu Vasquinho desafiou-me a criar um daqueles petiscos de lamber os dedos (coitadinho do meu filho mais novo: tudo o que o pai faz para ele é um petisco). E depois de aturada reflexão introspectiva e perante as escassas disponibilidades da arca e do frigorífico - seja pela greve dos pescadores seja pela greve geral da economia - decidi aproveitar uns filetes de peixe-espada preto que já tinham uns dois meses no gelo e prepará-los com o molho imortalizado por Bulhão Pato. É certo que deste molho, com base em alho e em gordura vegetal ou animal, conheço mais de trinta variações. A minha, obtida pelo exaustivo método de tentativa-erro, assenta em alho, manteiga e coentros. Para lá de alguns pormenores que não divulgo por mero capricho e arrogância. A verdade é que, qualquer dos meus 3 filhos acorreu à cozinha só pelo cheiro indagando pelas ameijoas. Expliquei-lhes que as ameijoas a 15 euros o quilo passaram a integrar aquele grupo de alimento que só comemos em casa de quem nos convida. Mas a verdade é que com arroz de feijão, o Sword-black-fish à la Bullion Duck, - como pomposamente passou a ser denominado, fez um sucesso daqueles. E a coroa de glória de um cozinheiro acontece quando os convivas partem pedaços de pão para rapar directamente do wok tudo o que é comestível.

O que tudo junto me leva a concluir, uma vez mais, que com o molho apropriado todo o conteúdo se engole com prazer. Um jantar profundamente filosófico, portanto.